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Carlo Lambro, presidente da New Holland (Divulgação)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 4 de maio de 2024 às 06h01.
O ano de 2024 está sendo mais desafiador do que o esperado, avalia Carlo Lambro, presidente da New Holland. Uma das principais fabricantes de máquinas agrícolas do mundo, a empresa tem o Brasil como seu principal mercado.
"A gente estava planejando um mercado, especialmente na Europa e nos Estados Unidos mais parado nos primeiros meses do ano, e e uma melhora na segunda parte do ano, com a baixa nas taxas de juros e ajuste de preço das commodities. mas a queda dos juros não está chegando rápido como a gente estava pensando", disse, em conversa com a EXAME, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto.
"Para mim, ainda há alguns fatores políticos e macro-econômicos. A guerra [na Ucrânia] que está afetando o preço do petróleo, que voltou agora acima de 90 dólares, as rotas comerciais ainda com problemas. Sobre este aspecto, estamos vendo um ano um bocadinho mas difícil do que a gente pensava", prossegue.
"No Brasil, o consenso da indústria é que 2024 vai ser mais um ano de ajuste, de volta ao normal. Apesar da baixa em 2024, ainda estamos em alta se comparamos com a média dos últimos cinco anos, ainda estamos acima", considera.
O setor de máquinas agrícolas espera uma queda de 10% nas vendas este ano no Brasil, puxados pela queda no preço de commodities como soja e milho e quebras de safra, que reduziram a produção.
Lambro diz que o futuro da agricultura passa pelo Brasil, pois considera que o país tem produtores mais jovens e mais interessados em novas tecnologias do que seus pares nos EUA e na Europa. "A curiosidade dos agricultores brasileiros sobre novas tecnologias é muito grande. O agricultor europeu tem uma mentalidade mais velha. E a agricultura tem um peso muito maior no Brasil do que nos Estados Unidos, França ou Alemanha. Há uma atenção das políticas de suporte à agricultura que é maior aqui", avalia.
A New Holland faz parte do grupo CNH, um dos maiores fabricantes de máquinas pesadas do mundo. No primeiro trimestre de 2024, a CNH somou US$ 3,3 bilhões em vendas de máquinas agrícolas, com lucro ebit ajustado de US$ 421 milhões.