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Cerca de 400 produtores rurais formam a carteira do banco Plantae (Getty Images/Getty Images)
Repórter de Agro
Publicado em 29 de junho de 2023 às 14h28.
Última atualização em 4 de julho de 2023 às 10h33.
Em crescente expansão, o movimento das mulheres no agronegócio tem tomado proporções em todo canto do país. A organização de produtoras e pecuaristas em associações, cooperativas e grupos nas redes sociais mostra que havia uma vontade suprimida de reconhecimento e, acima de tudo, equidade nas condições de trabalho e tratamento.
Competentes na gestão das fazendas, nas pesquisas, laboratórios, consultorias e agtechs, uma legião feminina acompanha a modernidade, o uso de novas tecnologias e as demandas da era ESG. Com o passar dos anos, as mulheres que alcançam posições de influência e liderança passam a inspirar as demais.
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A seguir, você confere 10 produtoras que representam o movimento de ascensão das empresárias rurais entre diferentes gerações do agronegócio.
Uma das principais responsáveis pela produção de sementes da Sementes Webber, relevante empresa do segmento em Coxilha (RS), Celi Webber é reconhecida no estado gaúcho pela liderança entre o negócio familiar e os funcionários. Soja, milho, trigo e cevada, além de comercializar grãos, a empresa foi fundada em 1956 pelo pais de Celi, Setembrino e Dirce Webber. Graduada em agronomia na Universidade Federal de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 1982, ela é reconhecida pela trajetória de pioneirismo na região, mostrando ser uma mulher a frente de seu tempo. Celi foi a 1ª vencedora da categoria de grande propriedade do Prêmio Mulheres do Agro, em 2018, abrindo o caminho para que outras produtoras seguissem seus passos.
A premiação é realizada pela multinacional Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). Com o intuito de reconhecer o trabalho de gestoras de propriedades rurais em todo o país, a premiação avalia critérios ESG nos pilares da administração.
Foi também o Prêmio Mulheres do Agro que contribuiu para o reconhecimento nacional da produtora Sônia Bonato, em Ipameri, Goiás. Ela, que já era uma líder na comunidade local, atualmente é uma inspiração para mulheres que desejam aumentar a produtividade com sustentabilidade mesmo em pequenas áreas. Ao longo de 154 hectares, ela planta grãos e cria bezerros, além de estar em constante formação em cursos e palestras, atuando muito próxima de instituições como Senar e Sebrae.
CEO do Grupo Junqueira Rodas, Sarita é um dos sinônimos de produção de laranja, cana-de-açúcar e gado Tabapuã -- raça brasileira de corte da década de 1940. A advogada de formação trocou o direito pela gestão das fazendas após a morte do pai, se tornando um exemplo de sucessora familiar. Ela conta que a transição da gestão centralizadora do pai para um comando formado apenas por mulheres só foi possível devido à união com a mãe Teresa e a irmã Renata, formando o trio feminino à frente do Grupo Junqueira Rodas.
Produtora de soja, milho e gado bovino, Carla Rossato estudou veterinária na cidade de Marília, em São Paulo. Em 1999, aos 22 anos, ela assumiu os negócios de sua família, no Mato Grosso, cuja área era de 394,25 hectares. Atualmente, os negócios de Carla se concentram em Santa Mariana e Sertajena, no Paraná, cujas áreas correspondem a 1.217 hectares divididos em quatro propriedades. Um dos reconhecimentos de Carla foi ganhar o 1º lugar na categoria de grande propriedade do Prêmio Mulheres do Agro, pelo aumento de produtividade alcançado na região. Hoje, a média das fazendas está entre 58 e 70 sacas por hectare, resultado superior à média brasileira.
Na cidade de Batatais, no interior de São Paulo, está uma das vozes mais atuantes do agro feminino. Luciana Dalmagro ficou em 1º lugar na categoria de grande propriedade do Prêmio Mulheres do Agro, em 2020. A partir de então, começou a ganhar notoriedade pela gestão na avicultura de corte para exportação e no ramo de flores comestíveis. Dando continuidade aos negócios da família, iniciados em 1920, a produtora tem como prioridade a administração baseadas por pilares ESG, a exemplo da biocompostagem dos resíduos e investimento em painéis solares para os aviários.
À frente da Fazenda Orvalho das Flores, em Barra do Garças (MT), Carmen Perez é um dos nomes mais fortes da pecuária no Brasil. Trabalhando como pecuarista há quase 20 anos, ela se transformou em uma porta-voz sobre o bem-estar animal, incluindo boas práticas de manejo estudadas em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Jaboticabal. A experiência como gestora e líder entre as mulheres resultou em sua eleição à presidência do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA).
Ida Beatriz está à frente da Fazenda Nossa Senhora do Machadinho há oito anos, dedicandp-se à pecuária bovina em meio ao bioma Pantanal, na cidade de Cáceres (MT). Sustentabilidade é um dos principais pilares de sua gestão, uma vez que, assim que assumiu a propriedade junto de seu marido, realizou um projeto hidráulico que orienta toda a estratégia local. A produtora, que também figura entre as vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro, é hoje uma liderança no que diz respeito à preservação da biodiversidade.
A história de Dulce Ciochetta se entrelaça com a trajetória do Grupo Morena, em Campo Novo do Parecis (MT). A gestão compartilhada com o marido sobre as lavouras de soja, milho, eucalipto, além da pecuária de corte, deu origem a uma das fazendas referência em sustentabilidade na região. Quando poucos se preocupavam os recursos do Planeta, Dulce elaborava um projeto de reaproveitamento da água da chuva. Professora de formação, a produtora saiu da sala de aula, mas hoje ensina outras produtoras a conquistarem a liderança nos negócios que exercem. A participação de Dulce nos movimentos de mulheres no campo também ganhou proporção após a conquita do Prêmio Mulheres do Agro.
Produtora de soja e milho em Mineiros, no sudoeste goiano, Cristiane Steinmetz faz parte da legião de mulheres que, ao assumirem a negócio familiar, conseguiram aumentar a produtividade a partir de profissionalização no campo. Formada em Direito e pós-graduada em Liderança Executiva e Gestão Empresarial, ela defende a capacitação das mulheres no campo para que consigam melhor performance dos ativos da terra. Junto com a mãe e a irmã, Cristiane é conhecida pela criação da Rede União das Mulheres do Agro (Rede UMA).
Sinônimo de uma bem-sucedida carreira no campo, Norma Gatto, de Salto do Jacuí (RS), conquistou o respeito do agronegócio mostrando o alto nível de gestão de 17 mil hectares do que veio a se tornar o Grupo Gatto. Após o marido ser assassinado, nos anos 2000, a empresária assumiu a liderança dos 1.680 hectares iniciais e transformou a empresa em referência no plantio de soja, milho, feijão, além da pecuária. Os talhões da Fazenda Argemira costumam ficar acima da média nacional, alçando produtividade média de 65 sacas por hectare.