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Trichet adverte que crise já é sistêmica e recapitalização é urgente

A crise ameaça a estabilidade financeira da UE e também incide negativamente na economia real da Europa e nos demais países, apontou o presidente do BCE

Trichet:  "os governos e as autoridades nacionais, assim como as instâncias europeias têm de estar à altura da situação e atuar com rapidez" (Georges Gobet/AFP)

Trichet: "os governos e as autoridades nacionais, assim como as instâncias europeias têm de estar à altura da situação e atuar com rapidez" (Georges Gobet/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 09h06.

Bruxelas - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, alertou nesta terça-feira que a crise da dívida alcançou uma dimensão sistêmica e as tensões estão se estendendo aos mercados financeiros do mundo todo, por isso pediu atuação rápida e coordenada da União Europeia para recapitalizar os bancos.

'A crise alcançou uma dimensão sistêmica', afirmou Trichet diante da Comissão de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, onde compareceu como diretor do Conselho Europeu de Risco Sistêmico (CERS).

'A crise é sistêmica e tem de ser abordada com determinação. Os governos e as autoridades nacionais, assim como as instâncias europeias têm de estar à altura da situação e atuar com rapidez. Se houver mais demoras isso só agravará a situação', alertou.

Em sua opinião 'há evidentes sinais de pressão e de estresse em muitos mercados de bônus de países europeus, e a volatilidade nos valores indica que há tensões que estão se estendendo aos mercados de capitais no mundo inteiro'.

A 'contenção do crédito' agravou o acesso ao financiamento nos mercados e a interconexão dos sistemas financeiros na UE 'aumentou o risco de contágio', assinalou.

Esta crise ameaça a estabilidade financeira da UE e também incide negativamente na economia real da Europa e além da Europa, apontou Trichet.

Neste sentido, pediu aos líderes da UE uma decisão 'clara' na próxima cúpula, que foi adiada em seis dias e será realizada a partir de 23 de outubro, ao invés de 17 e 18 deste mês, para dar mais tempo a Europa para forjar um acordo sobre a recapitalização dos bancos e fechar seu pacote anticrise.

'O que conta é que as decisões sejam tomadas com transparência', ressaltou Trichet, que acrescentou que julgará positivamente o adiamento 'se assim for possível conseguir as decisões adequadas'.

'Espero que (os líderes da UE) estejam à altura na cúpula porque há pouco tempo' e 'somos o epicentro de uma crise mundial'.

O presidente em fim de mandato do BCE considerou oportuna uma recapitalização adequada ao 'nível europeu em seu conjunto'.

'Os supervisores, as instâncias têm de coordenar seus esforços para reforçar o capital bancário, incluindo a possibilidade de recorrer à liquidez de respaldo e levando em conta a necessidade de transparência e de uma maior consistência na avaliação do grau da exposição à dívida soberana', ressaltou.

Trichet apoiou a ideia de recorrer ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para isso.

É importante que a zona do euro execute plena e rapidamente o acordo de 21 de julho no qual, entre outros pontos, se ampliaram os poderes do FEEF para que possa conceder empréstimos aos Governos para recapitalizar os bancos e intervir em mercados secundários, sustentou.

Trichet defendeu ainda a colocação em prática do fundo, embora tenha rejeitado o papel de terceiras instituições.

'Não considero que nós tenhamos de alavancar o FEEF. Isso é responsabilidade dos Governos e eles têm todos os meios para isso', disse sobre as opções existentes para aproveitar melhor o uso do fundo, como dar uma licença bancária para que possa ter acesso ilimitado à liquidez do BCE.

O diretor do CERS sustentou que é preciso haver uma política orçamentária crível e sustentável e os países têm de tomar medidas estruturais para fomentar o crescimento e assim robustecer a credibilidade das emissões de dívida soberana.

Todo isso 'tem de ser feito com a máxima urgência' e as autoridades europeias têm de atuar 'em uníssono' e em esforço 'associado' com o Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) para fortalecer seu compromisso para com a estabilidade financeira, assinalou. EFE

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