Barack Obama, em visita a Newtown: contudo, o presidente dos EUA não falou os detalhes e nem sequer pronunciou a palavra armas em sua intervenção (©afp.com / Mandel Ngan)
Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2012 às 17h22.
Washington - Apesar de Barack Obama ter prometido agir para evitar tragédias como a da escola de Newtown (Connecticut, nordeste dos EUA), até agora, não ofereceu detalhes de uma ação que deve ser complicada no plano político.
Antes de conquistar seu segundo mandato de quatro anos dia 6 de novembro, o presidente dos Estados Unidos não deu grande ênfase à questão, apesar de sua promessa de tomar medidas de senso comum após a matança de Aurora (Colorado, oeste de Estados Unidos) no verão passado, ou depois do tiroteio em Tucson (Arizona, sudoeste), no começo de 2011.
Este domingo, em Newtown, depois de ter citado os nomes das 20 crianças massacradas pelo atirador em sua própria escola primária, assim como seis funcionárias do centro educativo, Obama considerou que estas tragédias devem terminar. "E para que seja assim, devemos mudar", avançou.
Neste sentido, o presidente prometeu usar todos os poderes de sua função para encontrar seus concidadãos, assim como membros "desde as forças da ordem aos profissionais da psiquiatria, passando pelos pais e os professores", com o objetivo de "trabalhar para evitar outras tragédias como esta".
Contudo, o presidente dos Estados Unidos não falou os detalhes e nem sequer pronunciou a palavra armas em sua intervenção. De toda a forma, seu discurso evocou evidentemente o debate sobre o controle da circulação de armas, uma questão que uma grande quantidade de legisladores democratas renunciam a abordar devido aos riscos eleitorais que comporta.
O direito de portar armas, inscrito na Constituição norte-americana, é defendido ferozmente por grupos de pressão e praticamente pela totalidade dos legisladores republicanos. Já os tribunais optaram por realizar uma ampla interpretação da famosa segunda emenda.
Desde sexta-feira, vários responsáveis pediram medidas a respeito deste assunto, como prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e a representante democrata, Carolyn McCarthy. Já a influente senadora democrata Dianne Feinstein prometeu um projeto de lei para reinstaurar a proibição das "armas de assalto" que expirou em 2004 devido à inércia do Congresso.
O atirador de Newtown estava armado principalmente com AR-15, uma versão semiautomática dos fuzis de assalto que o exército norte-americano utiliza, assim como o jovem que acabou com a vida de 12 pessoas em um cinema de Aurora (Colorado). A compra dos carregadores de grande capacidade que utilizaram era ilegal antes de 2004.
No que pode significar uma tímida mudança de mentalidade o senador democrata de Virginia Occidental, Joe Manchin, fervente defensor da segunda emenda, pedir nesta segunda-feira na rede MSNBC a realizar um debate "sensato e razoável" sobre o controle das armas.
Por outro lado, apesar de a quantidade ser pouco significativa em um país de 310 milhões de habitantes, 140.000 pessoas tinham assinado nesta segunda-feira pela manhã o pedido no site da Casa Branca por uma lei sobre o controle das armas.
A maioria dos legisladores partidários de uma interpretação ampla da segunda emenda, assim como o lobby dos fabricantes de armas (NRA), quase não se pronunciaram desde sexta-feira.
Contudo, a Câmara de Deputados que assume funções em 2013 será levemente mais republicana que a que deixou expirar a proibição das armas de assalto em 2004, o que permite prever uma disputa legislativa muito complicada.
O senador independente de Connecticut, Joseph Lieberman, que deixará o Congresso no próximo mês, fez um pedido na CNN para "tentar que todas as emoções que sentimos neste momento não desapareçam".