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França acusa empresa Spanghero por carne de cavalo

"A Spanguero sabia que etiquetava como bovina a carne de cavalo" ou "pelo menos há uma suspeita forte", declarou o ministro de Consumo francês, Benoît Hamon


	Carne: Hamon explicou que a Spanghero tinha importado a carne da Holanda e que, quando o fez, sabia que era de origem romena e que se tratava de cavalo.
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Carne: Hamon explicou que a Spanghero tinha importado a carne da Holanda e que, quando o fez, sabia que era de origem romena e que se tratava de cavalo. (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 15h24.

Paris - O Governo da França acusou nesta quinta-feira a empresa francesa Spanghero pelo escândalo gerado pela detecção de carne de cavalo em diversos pratos preparados que oficialmente estavam etiquetados como carne bovina.

"A Spanguero sabia que etiquetava como bovina a carne de cavalo" ou "pelo menos há uma suspeita forte", declarou o ministro de Consumo francês, Benoît Hamon, que apresentou à imprensa os resultados de uma investigação realizada por seu departamento.

Hamon explicou que a Spanghero tinha importado a carne da Holanda e que, quando o fez, sabia que era de origem romena e que se tratava de cavalo.

Também disse que o grupo francês Comigel, que elaborou em sua fábrica luxemburguesa Tavola pratos preparados para várias marcas, deveria ter se dado conta que a carne da Spanghero, tanto pela cor como pelo cheiro, não era bovina como estava marcado nos rótulos, que, além disso, não informavam o país de origem como é devido.

O ministro de Consumo ressaltou que esses rótulos não cumpriam a regulamentação, já que simplesmente diziam que a origem da carne era a União Europeia (UE), quando teriam que especificar o país onde os animais tinham sido criados e onde tinham sido sacrificados.

Além disso, em Tavola deveriam ter advertido que os lotes de carne desossada não eram de bovinos, mas de cavalo, e isso significa que, "pelo menos, houve duas anomalias" na Comigel, ressaltou.

Por sua parte, o ministro de Agricultura da França, Stéphane le Foll, anunciou a suspensão em caráter preventivo da licença de atividade para a Spanghero, que horas antes negou que tivesse comprado carne de cavalo, e acrescentou que na próxima semana, quando concluir uma investigação administrativa, decidirá se procede uma retirada definitiva dessa autorização.


Hamon, que repassou os resultados da investigação à Procuradoria de Paris, que abriu uma investigação judicial, lembrou que, se for comprovada a fraude, os responsáveis podem ser condenados a até dois anos de prisão.

Segundo os elementos recopilados pelo Executivo francês, a fraude começou há vários meses e envolvia 750 toneladas de carne, das quais 500 tinham ido parar na fábrica Tavola e o terço restante para salsichas e outros pratos preparados elaborados pela Spanghero. O lucro obtido pelo importador francês está estimado em 550 mil euros.

Hamon insistiu que nada lhes permite "duvidar" que é certo o que lhes comunicou ontem o Ministério de Agricultura romeno, ou seja, que os matadouros de seu país cumprem as normas europeias e que a carne de cavalo estava devidamente etiquetada quando foi entregue à sociedade do negociante holandês Jan Fasen.

Frente a isso, assinalou que as autoridades holandesas não lhes prestaram conta de suas investigações, apesar de os lotes de carne terem transitado por esse país e de a Fasen, que opera de uma segunda sociedade com sede no Chipre, já ter sido condenada por fraude.

A esse respeito, o ministro francês salientou que é preciso examinar as "possíveis manipulações" das sociedades desse tratante.

O Executivo de Paris avançou que na próxima terça-feira convocará os profissionais do setor da carne francês para que "voluntariamente" se comprometam "a melhorar a informação ao consumidor", em particular detalhando nos pratos elaborados a origem das carnes utilizadas.

Por outro lado, Le Foll assegurou que na França "não entrou na cadeia alimentícia" a carne de cavalo importada do Reino Unido com plantas do analgésico antiinflamatório conhecido como "bute". No entanto, especificou, o risco sanitário em qualquer caso é "pequeno". 

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