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Batistas, do JBS, agora pensam grande também em bancos

A holding J&F, controladora da empresa de carnes, aspira crescer no setor bancário do Brasil

José Batista Jr., controlador do grupo JBS: juros altos no setor bancário (EXAME.com)

José Batista Jr., controlador do grupo JBS: juros altos no setor bancário (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de março de 2011 às 21h02.

São Paulo - Após 37 aquisições em 20 anos feitas pelo JBS, a família Batista, dona da holding J&amp;F controladora da empresa de carnes, aspira crescer no setor bancário do Brasil com o mesmo ímpeto que levou a principal companhia do grupo a ser a maior do setor de proteína animal no mundo.</p>

Segundo Joesley Batista, presidente da J&F (siglas de José e Flora, fundadores do JBS e pai e mãe dos principais executivos do grupo), o acordo com o Banco Matone anunciado nesta segunda-feira é uma mostra dos planos da holding na área financeira.

"Esse negócio com o Matone é mais um passo, não o último, pra gente impulsionar nessa área financeira, na parte de banco", afirmou Batista, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira.

A J&F Participações Financeiras, empresa da holding J&F, e a Matone Holding, controladora do banco Matone, anunciaram acordo no qual os Batistas terão 60 por cento de uma nova instituição, com nome ainda a ser definido, enquanto o Matone ficará com 40 por cento.

Com o Matone, a J&F, que já atuava no setor com o banco JBS --financiando pecuaristas-- entra no segmento de varejo bancário com um aporte de 200 milhões de reais, enquanto o Matone fará um aporte de até 100 milhões de reais.

O balanço consolidado das duas instituições bancárias com a efetivação de tais aportes deverá apresentar um patrimônio líquido de aproximadamente 550 milhões de reais e terá uma carteira de crédito de 2,5 bilhões de reais, que deverá saltar para 6 bilhões de reais em um ano e meio, segundo Alberto Matone, presidente do banco com forte atuação no Rio Grande do Sul.

"Não é simplesmente a fusão de dois bancos pra deixar como está, queremos crescer em mais áreas", disse Matone.

Segundo Batista, esse crescimento, que poderá passar por novas aquisições, envolverá também a contratação de pelo menos mais mil funcionários --atualmente, os dois bancos contam com mil colaboradores-- "em um curto espaço de tempo".

Vestindo terno e gravata, trajes bem diferentes da camisa e jeans que usava quando era presidente do JBS, Joesley Batista assim respondeu ao ser questionado sobre novas aquisições, durante a apresentação do negócio com o Matone: "Um dia de cada vez. A gente costuma dizer: 'cabeça nas nuvens e os pés no chão, um tijolo por dia, no fim do ano você tem um castelo'".

O Matone, com mais de 40 anos, embora pequeno, é tido como um banco múltiplo, com carteira comercial, CFI (crédito, financiamento e investimento) e crédito imobiliário.

Na região Sul, o Matone é reconhecido pela sua atuação no segmento de crédito pessoal e nos últimos anos tem atuado, principalmente, no segmento de crédito consignado, uma área que atraiu o interesse da J&F.

"No nosso entendimento, o crédito à pessoa física aos brasileiros talvez seja a melhor maneira de capturar as bases de prosperidade que o Brasil tem passado", afirmou Batista.

FOCO ABSOLUTO Apesar do crescimento na área bancária, e o desenvolvimento do projeto no setor de celulose --a primeira fábrica do grupo deve funcionar ao final do próximo ano, em Mato Grosso do Sul --, o grupo não perderá o foco em seus negócios, especialmente o JBS, a principal e mais antiga empresa, disse Batista.

Segundo ele, apesar de o JBS ser uma gigante global do setor de carnes, há muito a crescer também nesse segmento.

"O mercado de carnes (só bovina) é de 1 trilhão de dólares, e temos uma fatia de apenas 20 bilhões. Então seguramente temos muito para crescer", afirmou ele. "Não tenho dúvida que o JBS ou qualquer outra empresa tem muito a fazer ainda." De acordo com ele, a investida no setor financeiro não distrairá os controladores do JBS. "Atuamos em outros segmentos há algum tempo, isso não significa em hipótese alguma qualquer distração, cada uma (das empresas) terá um foco absoluto", disse ele, lembrando que o JBS não poderia estar em melhores mãos --a empresa agora é presidida pelo seu irmão, Wesley.

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