25 de abril de 2025 às 10:38
Poucos lugares em Porto Alegre representam tão bem a reconexão da cidade com o Guaíba quanto o restaurante 360 POA Gastrobar, na Usina do Gasômetro.
Circular, envidraçado e com vista panorâmica, ele parece flutuar sobre o rio, com um quê de disco voador. E seguiu firme ali, mesmo durante os meses em que tudo ao redor parou.
Entre maio e julho de 2024, o espaço virou ponto de chegada para canoas com moradores ilhados, enquanto o salão vazio enfrentava faturamento zero. O tempo inteiro, botes, canoas e jet skis atracavam no deque do restaurante, trazendo moradores e animais ilhados.
A água não chegou a invadir a estrutura, mas o movimento desapareceu. “Ficamos abertos, mas sem faturar nada”, diz Edemir Simonetti, fundador do restaurante.
Simonetti conhece bem as voltas da vida. Nascido em Nova Bréscia, no interior do estado, deixou a cidade aos 16 anos em busca de oportunidades na capital. Trabalhou em tudo: lavoura, entrega de correspondências, banco.
O gosto pela gastronomia surgiu ao observar o movimento dos restaurantes no Centro, onde buscava almoço para os chefes. Errou muito, como ele mesmo diz, e aprendeu por eliminação. Nunca perdeu o bom humor.
Hoje, além do 360, toca o histórico Chalé da Praça XV, em frente ao Mercado Público da cidade, e cuida de operações de cafés da manhã em hotéis.
A base do 360 resistiu às águas, mas o susto foi grande. Com o aeroporto ainda fechado e a cidade esvaziada, Simonetti lançou promoções para atrair moradores da própria Porto Alegre.
O movimento voltou aos poucos, e com ele veio a chance de renovar: o restaurante ganhou um pergolado, um jardim novo e um cardápio atualizado. “Fizemos um jardim lindo, maravilhoso. Nosso negócio voltou à normalidade”, diz ele.