7 de agosto de 2025 às 18:16
A crise envolvendo a tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, a suspensão do passaporte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e a aplicação da Lei Magnitsky contra ele, chegou ao Congresso Nacional.
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro foi o estopim para a tentativa — bem-sucedida — de obstrução das atividades legislativas por parte da oposição. Com isso, houve ocupação das mesas da Câmara e do Senado por mais de 30 horas.
O grupo exige que o chamado PL da Anistia, que perdoaria os envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado, seja pautado, e que uma votação sobre o impeachment de Moraes, que cabe ao Senado, fosse realizada.
O fim das manifestações ocorreu na noite de quarta-feira, com direito à participação da polícia legislativa, deputados se recusando a deixar a cadeira da presidência e o presidente da Casa, Hugo Motta, cercado por parlamentares até conseguir, depois de quase duas horas
Parte da negociação passou pelas mãos do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ambiente é de pressão sobre Motta, há cinco meses no cargo.
O resultado da obstrução, segundo a oposição, foi satisfatório. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, declarou que um acordo foi costurado para a votação do fim do foro privilegiado e do PL da Anistia. Nesta quinta-feira, porém, Cavalcante recuou e disse não houve compromisso
As duas propostas, a depender da redação, podem favorecer Bolsonaro, em prisão domiciliar e à espera de seu julgamento no STF que pode condená-lo a mais de 40 anos de prisão.
Em seu discurso, Motta não esclareceu se pautará ou não as demandas da oposição, mas disse que "lutará pelas prerrogativas parlamentares".
O efeito de toda essa movimentação, inédita em dimensão e repercussão, pode impedir ou atrasar votações importantes para o governo, do ponto de vista eleitoral e econômico. Líderes da oposição não descartam uma nova mobilização caso as pautas não avancem.