29 de março de 2025 às 12:37
Imagine viajar da cidade do Rio de Janeiro para a cidade de São Paulo em 105 minutos, em um trem-bala que se desloca a 320 km/h, a um custo de R$ 500 pela passagem.
Transformar esse sonho antigo do brasileiro em realidade é tarefa do CEO da TAV Brasil, Bernardo Figueiredo. Economista formado pela Universidade de Brasília (UnB), ele foi diretor da Agência Nacional da Transporte Terrestre (ANTT) e presidente Empresa de Planejamento e Logística
Em entrevista exclusiva à EXAME, ele contou os detalhes do ambicioso projeto que tem orçamento estimado em R$ 60 bilhões para construir a infraestrutura necessária ao longo de um traçado de 417 quilômetros e que pretende começar a operação em 2032
A TAV Brasil é a empresa autorizada pelo governo a construir e explorar o projeto pelo período de 99 anos.<br /> <br />
A possibilidade de construção do trem de alta velocidade exclusivamente pelo setor privado passou a existir em 2021, com a aprovação pelo Congresso do marco legal ferroviário, que estabeleceu o modelo de autorização.
A legislação permitiu a TAV Brasil celebrar, em 2023, um contrato com o governo para construir e explorar o serviço por 99 anos. Neste modelo não é necessário a licitação de um projeto. Todo esse processo é conduzido pelo operador privado que recebeu a autorização.
Por duas vezes, durante a gestão de Dilma Rousseff, o governo tentou, sem sucesso, licitar o projeto. Na primeira tentativa, o Executivo contrataria uma empresa ou consórcio para construir e operar o trem-bala e, como contrapartida, o projeto seria financiado pelo BNDES.
Entretanto, o leilão não recebeu propostas efetivas. Sem sucesso no primeiro modelo, o governo definiu que construiria a infraestrutura e contrataria um operador, que pagaria para explorar o serviço. Mais uma vez, o projeto não saiu do papel.
O projeto do trem-bala entre Rio e São Paulo prevê a construção de quatro estações ao longo do trajeto de 417 quilômetros, afirmou Figueiredo. Além das estações entre Rio e São Paulo, haverá uma parada em Volta Renda (RJ) e outra em São José dos Campos (SP).
Os pontos exatos dependem da aprovação das prefeituras. No caso de Rio e São Paulo, a ideia é que sejam construídas na região central ou aproveitem estruturas já existentes para contribuir no processo de revitalização dessas áreas.
Segundo o CEO TAV Brasil, uma viagem entre todo trajeto tem custo estimado em R$ 500. Quem fizer uma o trajeto de ida e volta entre Rio e São Paulo deve gastar R$ 1.000.
Já um deslocamento para Volta Redonda ou para São José dos Campos será a metade do preço: R$ 250 por trecho e R$ 500 ida e volta.
Com 38 milhões de habitantes, 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e mais de 40 destinos turísticos, os dois estados têm potencial de alavancar o crescimento com a execução do projeto.
Nas contas TAV Brasil, o trem de alta velocidade tem potencial de adicionar R$ 168 bilhões ao PIB, criar 130 mil empregos diretos e indiretos, além de garantir R$ 46 bilhões em impostos até 2055.