Tecnologia

Zuckerberg vai à guerra: Meta entra em programa de óculos de combate do exército dos EUA

Envolvimento da Meta no projeto, revelado em um comunicado da Anduril, é mais um marco da aproximação entre o Vale do Silício e o setor de defesa dos EUA

Palmer Luckey, fundador da Anduril e ex-Facebook, e Mark Zuckerberg, CEO da Meta (Anduril/Divulgação)

Palmer Luckey, fundador da Anduril e ex-Facebook, e Mark Zuckerberg, CEO da Meta (Anduril/Divulgação)

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 08h45.

Para criar protótipos concorrentes de novos óculos de combate, o exército dos EUA anunciou contratos com uma parceria entre a Anduril e a Meta, além de outra iniciativa liderada pela Rivet. Esse é mais um exemplo da aproximação entre o Vale do Silício e o setor militar do país.

Embora o valor total do programa e a quantidade de dispositivos a serem adquiridos não tenham sido divulgados, a Rivet informou que seu contrato está avaliado em US$ 195 milhões.

Esse equipamento será usado para ajudar soldados a navegar no campo de batalha e incorpora tecnologias do programa anterior, o IVAS (Integrated Visual Augmentation System), liderado pela Microsoft e estimado em mais de US$ 20 bilhões ao longo de 10 anos.

O novo projeto "aprimora as capacidades do IVAS, mas com uma abordagem modular e maior foco em software e design de sistemas", informou o exército à Bloomberg. A Anduril assumiu a gestão do IVAS no início deste ano, rebatizado como Soldier Borne Mission Command (SBMC).

Segundo o exército, a nova versão contará com um headset mais aberto e atualizável, após o investimento de US$ 1,36 bilhão no desenvolvimento do IVAS e a compra de 500 protótipos. O novo modelo aproveitará 260 mil horas de feedback de soldados e o software Lattice, da Anduril, para criar sistemas de realidade mista montados no capacete, de acordo com a empresa.

Os contratos foram feitos por meio da "Other Transaction Authority", um mecanismo que visa acelerar a entrega de protótipos, respondendo às críticas de que a indústria de defesa demora para desenvolver novos sistemas.

Além disso, o presidente Donald Trump tem pressionado para que empresas de tecnologia se envolvam mais ativamente no desenvolvimento militar, modernizando um setor historicamente dominado por empresas de defesa tradicionais.

Vale do Silício se alista

O envolvimento da Meta no projeto, revelado em um comunicado da Anduril, é mais um marco da aproximação entre o Vale do Silício e o setor de defesa dos EUA, já que até recentemente grandes empresas de tecnologia mantinham certa distância de projetos militares.

No entanto, Andrew Bosworth, CTO da Meta, disse em junho que "as marés mudaram", tornando mais aceitável a colaboração entre empresas de tecnologia do Vale do Silício e o setor de defesa do país.

Em agosto, quatro executivos de Meta, OpenAI e Palantir assumiram postos como coronéis na recém-criada Detachment 201, uma unidade do exército dos EUA dedicada à inovação tecnológica no setor.

Empresas como xAI, Anthropic, Google e OpenAI também já fecharam contratos de US$ 200 milhões cada para acelerar a adoção de inteligência artificial no Departamento de Defesa (DoD) do país.

O Vale do Silício está criando, ainda, um fundo para influenciar as eleições de meio de mandato (as chamadas midterms), que serão realizadas no ano que vem, com o objetivo de bloquear projetos de regulação da IA. Além disso, os CEOs de big techs estão cada vez mais próximos do próprio presidente Donald Trump.

Essa guinada estratégica tem como principal motivadora a crescente preocupação com a China. Seu desenvolvimento tecnológico e militar avançado, além da expansão da oferta de IAs de código aberto, tem preocupado os rivais norte-americanos, que, em resposta, apostam na atuação conjunta entre governo e empresas para defender interesses mútuos.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialTecnologiaMetamark-zuckerbergMilitares

Mais de Tecnologia

É possível 'comprar censura na internet' igual a da China e essa empresa vende o serviço a governos

Apple estende gratuidade de conectividade via satélite para iPhones 14 e 15 até 2026

Conheça a estratégia da Rapido, a empresa de mototaxi que venceu a Uber

Após demissões, Microsoft admite que precisa ganhar novamente confiança dos funcionários