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RunTok transforma corrida em negócio bilionário e aposta de marcas no Brasil

Comunidade que nasceu no TikTok já reúne milhões de vídeos, patrocínios de grandes empresas e influenciadores que transformaram o hobby em carreira

RunTok: comunidade de corredores que conecta iniciantes e maratonistas em busca de pertencimento (Getty Images)

RunTok: comunidade de corredores que conecta iniciantes e maratonistas em busca de pertencimento (Getty Images)

Publicado em 18 de setembro de 2025 às 16h39.

 

A corrida deixou de ser apenas atividade física para virar espetáculo digital e oportunidade de negócios.

No TikTok, vídeos de rotina, relatos de superação e recomendações de produtos criaram a RunTok, comunidade de corredores que conecta iniciantes e maratonistas em busca de pertencimento.

O fenômeno acompanha uma tendência global: em 2024, segundo o Relatório Anual sobre Tendências de Esportes do Strava, a corrida foi o esporte mais praticado no mundo, com o Brasil em segundo lugar no pódio, somando mais de 19 milhões de corredores.

Na rede chinesa, a hashtag #RunTok já reúne mais de 1,5 milhão de vídeos. São gravações que vão do “acordar às 5h para treinar” até relatos íntimos sobre as dificuldades de quem começa a correr.

O conteúdo tem apelo democrático, com espaço tanto para recomendações de tênis quanto para narrativas motivacionais. O que começou como inspiração virou plataforma de transformação de carreira para criadores de conteúdo.

Um exemplo é Bruna Ianhez, engenheira de produção que deixou a profissão para se dedicar integralmente ao esporte. Com 690 mil seguidores, ela se prepara para uma ultramaratona de 108 km em Paraty, no Rio de Janeiro, enquanto consolida uma comunidade digital própria.

Outro caso é o de Brendon Bressan: ex-motorista de caminhão, soma quase 1 milhão de seguidores, patrocínios de marcas como Strava e COROS, e faz da corrida sua principal fonte de renda. “Consegui realizar meu sonho de trabalhar com a internet motivando milhares de pessoas a saírem do sofá”, escreveu.

Oportunidade de investimento para quem viraliza e para marcas que já se firmaram

O relatório Global Wellness Economy Monitor 2024 mostra que o setor econômico de bem-estar faturou US$ 603 trilhões em 2023, com projeção de US$ 9,0 trilhões até 2028. A segmentação de atividade física foi responsável por US$ 1,060 bilhão.

Influenciadores como Ianhez e Manuela Cit já colhem os frutos do trabalho digital para além da produção de conteúdo no TikTok. A determinação e o sucesso transformaram o hobby da engenheira em produto: ela é uma das participantes da nova temporada de Shark Tank Creators Brasil com o “TeamBru”, seu aplicativo de treinos que conta com mais de 3 mil usuários.

Cit popularizou a The Simple Gym, academia com estética minimalista localizada em Botafogo, no Rio de Janeiro, da qual a influenciadora é coproprietária, além de ser fundadora da Guday, empresa de suplementação, e da Good Run, que promove corridas de rua.

Mesmo com novos produtos e empresas no mundo do wellness, marcas já consolidadas também aproveitam o sucesso da RunTok, promovendo corridas e patrocinando influenciadores, fornecendo roupas de treino, tênis e acessórios.

Uma pesquisa feita pela EY-Parthenon reforça que 78% dos brasileiros confiam nas indicações de produtos feitas por criadores de conteúdo e 61% afirmam basear suas decisões nas experiências contadas por influenciadores. Dessa forma, o fortalecimento indireto da marca com o consumidor se torna cada vez mais amplo.

RunTok é tendência global

A febre da corrida não atingiu só o Brasil. Em todo o mundo, influenciadores se tornam referência e modelo para quem deseja iniciar no esporte.

Russ Cook, na Inglaterra, e Nicole Winter, nos Estados Unidos, são influenciadores de diversos nichos, que atingem públicos distintos — desde ultramaratonistas, iniciantes, pessoas com deficiência ou com comorbidades como a obesidade.

A RunTok movimenta milhares de pessoas todos os dias, seja na plataforma on-line ou como incentivo inicial para a melhoria dos hábitos.

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