IBM é uma das empresas líderes no desenvolvimento de computadores quânticos (IBM/Divulgação)
Redator
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 09h17.
A PsiQuantum arrecadou US$ 1 bilhão na maior rodada de financiamento para uma startup de computação quântica, intensificando a corrida para comercializar uma tecnologia que promete fornecer a capacidade computacional necessária para resolver alguns dos problemas científicos mais desafiadores.
Esse financiamento recorde ocorre em um momento de crescente valorização de empresas quânticas, apesar dos alertas de alguns especialistas de que uma máquina verdadeiramente útil pode ainda demorar décadas para ser desenvolvida.
Nesse contexto, a companhia dos EUA anunciou que usará os recursos para desenvolver um computador quântico com 1 milhão de bits quânticos até 2028, um número significativamente maior que as centenas de qubits – as unidades básicas como o sistema armazena informação – presentes nas máquinas mais avançadas de hoje.
De acordo com Peter Shadbolt, diretor científico da startup, um computador com essa capacidade seria capaz de resolver "problemas comercialmente valiosos que ninguém mais no planeta conseguirá resolver sem uma máquina quântica". A aplicação da tecnologia é vista como promissora para o desenvolvimento de novos materiais e a descoberta de medicamentos.
Com a nova rodada de investimentos, a empresa informou que sua avaliação passou de US$ 3,2 bilhões, registrada em 2021, para US$ 7 bilhões. Essa captação foi liderada por BlackRock, Temasek e Baillie Gifford, com a participação de novos investidores, incluindo o braço de capital de risco da Nvidia – apesar de seu CEO, Jensen Huang, ter alertado que uma máquina quântica funcional pode ainda demorar 20 anos.
Fundada no Reino Unido há nove anos, a PsiQuantum se mudou para o Vale do Silício em 2019, estabelecendo a meta de construir uma máquina funcional até 2024. Se o novo prazo de 2028 for cumprido, a startup pode vencer gigantes como Google e IBM, que também competem para construir um sistema quântico de grande escala até o final da década.
A empresa aposta em uma tecnologia de qubits baseada em fótons, em vez de elétrons e átomos, o que facilita a fabricação de chips quânticos em instalações de chips já existentes. Além disso, seus sistemas não precisam operar em temperaturas extremamente baixas, como os sistemas do Google e da IBM, o que reduz a necessidade de equipamentos criogênicos.
Essa rodada de financiamento recorde da PsiQuantum segue uma série de grandes investimentos em outras empresas quânticas, como a Quantinuum, que levantou US$ 600 milhões com uma avaliação de US$ 10 bilhões, e a IQM, com US$ 300 milhões, destacando o crescente interesse dos investidores na tecnologia.
No entanto, a PsiQuantum ainda enfrenta desafios técnicos significativos, como a criação de componentes capazes de emitir e controlar fótons individuais e a implementação da correção de erros — um obstáculo crítico para a computação quântica.
A empresa planeja iniciar a construção de seu primeiro centro de computação quântica em escala total ainda neste ano, na Austrália, e tem acordos para construir sistemas quânticos em Chicago.