Sam Altman e Satya Nadella: CEOs da OpenAI e Microsoft estão em nova fase de parceria (Justin Sullivan/Getty Images)
Repórter
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 06h17.
O casamento entre a Microsoft (MSFT) e a OpenAI parece estar passando por um novo ponto de tensão. Nesta semana, ambas empresas anunciaram empreitadas diferentes — a Nvidia (NVDA), por exemplo, irá investir US$ 100 bilhões na dona do ChatGPT, enquanto a Microsoft passará a usar os modelos da Anthropic, concorrente direta da OpenAI, em seus produtos.
Tudo isso acontece após meses de dificuldades em um relacionamento de quase dez anos.
O que parecia ser uma parceria ideal, com a Microsoft fornecendo a infraestrutura necessária para a OpenAI crescer e a OpenAI ajudando a Microsoft a se tornar líder no mercado de IA, agora parece se desintegrar lentamente.
A parceria entre a Microsoft e a OpenAI começou de forma promissora em 2016, quando a OpenAI, uma jovem startup focada em desenvolver inteligência artificial de ponta, escolheu a Microsoft como sua parceira estratégica.
A Microsoft forneceu sua infraestrutura de nuvem, a Azure, como a base para que a OpenAI treinasse seus modelos de IA. Em um momento em que a IA começou a ganhar tração no mercado, a colaboração entre as duas empresas parecia ser uma jogada vencedora.
Com o apoio da Microsoft, a OpenAI conseguiu alavancar suas pesquisas e criar inovações que mudariam a indústria.
Em 2020, o lançamento do GPT-3, um modelo de linguagem que gerava textos de forma quase indistinguível do que seria produzido por humanos, catapultou a OpenAI para o centro das atenções.
A parceria com a Microsoft também garantiu que o modelo fosse integrado a uma série de produtos da gigante de Redmond, como o Microsoft Word e Excel, através do "Copilot", fazendo com que a tecnologia da OpenAI chegasse a milhões de usuários.
Até aquele momento, a união estava gerando frutos para ambas as empresas. A Microsoft, com sua infraestrutura e recursos financeiros, ajudava a OpenAI a expandir suas operações e, ao mesmo tempo, colhia os benefícios de uma das tecnologias mais avançadas do mercado. A OpenAI, por sua vez, se beneficiava da estabilidade e da capacidade de escalar de forma rápida, sem a pressão de buscar investidores a todo momento.
Com o tempo, começaram a surgir os primeiros sinais de tensão.
A primeira crise de grandes proporções ocorreu no início de 2023, quando a Microsoft pressionou a OpenAI a lançar o GPT-4 em seu motor de busca, o Bing.
A OpenAI, preocupada com o fato de o modelo não estar completamente pronto, sugeriu um adiamento. A Microsoft, no entanto, seguiu em frente com o lançamento, o que levou a uma série de problemas de desempenho, como falhas no comportamento do modelo, que geraram críticas negativas ao Bing e à OpenAI.
A instabilidade no relacionamento também foi alimentada por questões internas dentro da OpenAI. Em novembro de 2023, a empresa enfrentou uma crise de governança quando seu CEO, Sam Altman, foi abruptamente demitido pelo conselho de administração.
A alegação era de que ele não estava sendo totalmente transparente em suas comunicações com os membros do conselho. O movimento causou uma reação imediata entre funcionários e investidores, levando à reintegração de Altman após poucos dias de turbulência.
A crise de liderança em um momento em que a Microsoft havia investido bilhões de dólares na OpenAI gerou incertezas sobre o futuro da parceria. A Microsoft, que havia apostado fortemente na estabilidade da OpenAI, viu seus investimentos em risco, o que tornou as negociações mais tensas e colocou um ponto de interrogação sobre a longevidade da colaboração entre as duas empresas.
Em 2024, as tensões começaram a se intensificar ainda mais, quando a OpenAI começou a explorar novas formas de independência.
A empresa anunciou planos para se reestruturar como uma entidade totalmente lucrativa, sem as restrições que seu modelo anterior impunha. Esse movimento de reestruturação visava não só garantir maior controle sobre suas operações, mas também permitir que a OpenAI se preparasse para um possível IPO no futuro.
A OpenAI também diversificou seus parceiros, firmando um acordo significativo com a Oracle para adquirir serviços de nuvem em um contrato no valor de US$ 300 bilhões, em uma tentativa de reduzir sua dependência da Microsoft. Com a Oracle e outros investidores como a Nvidia agora assumindo papéis-chave no financiamento da infraestrutura da OpenAI, a relação exclusiva com a Microsoft parece estar estremecida.
A Microsoft, por sua vez, não ficou inerte.
A gigante de software, ciente das ameaças à sua posição dominante no mercado de IA, começou a buscar alternativas, como a contratação da equipe da Inflection AI e a realização de parcerias com rivais da OpenAI, como a Anthropic. Essas movimentações indicam que a Microsoft está se preparando para o que pode ser uma futura competição direta com a OpenAI, ao mesmo tempo em que tenta garantir que sua própria linha de IA continue competitiva.
No começo de setembro, a Microsoft e a OpenAI assinaram um memorando de entendimento que, embora mantenha a parceria em vigor, redefine alguns termos.
O acordo agora permite que a OpenAI se reestruture e explore outras oportunidades, ao mesmo tempo que dá à Microsoft uma participação reduzida nos lucros futuros da empresa. Com isso, a OpenAI agora tem mais liberdade para negociar com outros fornecedores de nuvem e investidores.
Apesar dessas mudanças, ambas as empresas continuam a se beneficiar da colaboração, embora a natureza do relacionamento tenha mudado. A OpenAI se prepara para expandir ainda mais sua infraestrutura e aumentar sua presença no mercado, enquanto a Microsoft busca continuar sua ascensão no setor de IA.