Tecnologia

Neuralink inicia ensaio de implante que transforma pensamento em texto e projeta lançamento em 2030

Empresa de Elon Musk recebeu autorização da FDA para iniciar ensaio clínico em outubro e planeja chegar a 20 mil implantes anuais até 2031

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 20 de setembro de 2025 às 10h22.

Última atualização em 20 de setembro de 2025 às 10h23.

A Neuralink, empresa de implantes cerebrais de Elon Musk, deve iniciar em outubro um ensaio clínico nos Estados Unidos para testar um dispositivo capaz de transformar pensamentos em texto. A promessa é abrir novas formas de comunicação para pessoas com dificuldades de fala, além de pavimentar o caminho para o que a companhia vislumbra como o futuro da tecnologia de consumo.

Segundo DJ Seo, presidente da Neuralink, a expectativa é que em três a quatro anos um voluntário saudável possa receber o implante — algo inédito, já que até hoje procedimentos do tipo são restritos a pacientes com condições graves, nos quais o risco cirúrgico se justifica. A meta de longo prazo é implantar os chips em até 20 mil pessoas por ano a partir de 2031.

Como funcionaria o implante

A FDA, que funciona como a Anvisa dos EUA, concedeu à Neuralink uma autorização de dispositivo investigacional, permitindo que o ensaio comece mesmo sem aprovação comercial. O estudo focará no córtex da fala: se alguém imaginar dizer uma frase, os sensores deverão captá-la e transmitir o texto diretamente a um computador.

A empresa já conduz outros cinco ensaios clínicos com implantes que permitem a pacientes paralisados controlar braços robóticos ou computadores. No entanto, a leitura direta de palavras do cérebro seria um salto de velocidade e precisão em relação ao uso de teclados virtuais.

Seo sugeriu que tecnologias como essa poderiam até permitir que usuários consultassem modelos de inteligência artificial em tempo real, “na velocidade do pensamento”, e recebessem respostas por meio de fones sem fio, “fechando o ciclo” entre mente e máquina.

Entre ciência e ambição

A Neuralink não está sozinha. Pesquisadores de universidades americanas já demonstraram a possibilidade de decodificar tentativas de fala em pacientes com AVC ou doenças degenerativas como ALS (esclerose lateral amiotrófica). O avanço científico, porém, ainda não resultou em dispositivos disponíveis no mercado.

A empresa de Musk tem metas mais amplas: restaurar funções motoras, tratar Parkinson e até reverter cegueira. Mas, por ora, não há aprovação regulatória para nenhum uso comercial.

A apresentação de Seo, realizada em Seul nesta semana, foi divulgada em vídeo no YouTube. Ele reconheceu que o novo teste representa um atraso em relação ao cronograma anunciado em julho, que previa o início dos implantes de fala ainda no terceiro trimestre de 2025.

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