Tecnologia

Quebra-cabeças com capivaras e inglês com app: como a Grow moderniza clássicos sem perder a essência

Empresa brasileira que publica o jogo WAR prevê crescer 12% em 2025 com aposta em jogos que unem tradição e tecnologia, como realidade aumentada e aprendizado de idiomas

Yunes Omar Dalle: gerente de produtos didáticos da empresa (Foto/Divulgação)

Yunes Omar Dalle: gerente de produtos didáticos da empresa (Foto/Divulgação)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 9 de junho de 2025 às 13h08.

Última atualização em 9 de junho de 2025 às 13h57.

Ao lançar o jogo War em outubro de 1972, a recém-fundada Grow já dava sinais de que tinha algo diferente a oferecer no mercado. Criada por quatro engenheiros formados na Poli-USP — Gerald Reiss, Roberto Schussel, Oded Grajew e Valdir Rovai — a empresa nasceu com o propósito de traduzir, em linguagem nacional, um segmento ainda dominado por produtos estrangeiros.

O nome "Grow", aliás, é um acrônimo das iniciais dos fundadores, com o “W” substituindo o “V” para soar melhor. Mais de meio século depois, a Grow mantém o foco no lúdico, mas aposta na tecnologia para continuar crescendo: em 2025, a empresa estima um avanço de 12% no faturamento, frente aos 8% do ciclo anterior.

Hoje com mais de 300 produtos no portfólio, sendo 85% focados em jogos de tabuleiro, cartas e quebra-cabeças — os chamados cartonados —, a Grow também tenta se reposicionar entre os consumidores mais jovens.

A chave? Aplicativos complementares, realidade aumentada e parcerias com personagens da cultura pop. “A tecnologia não compete com o jogo, ela complementa”, diz Yunes Omar Dalle, gerente de produtos didáticos da empresa. A afirmação se confirma com títulos como Pensando em Inglês, que além de cartelas físicas, oferece ao usuário a chance de ouvir a pronúncia correta das palavras usando o celular.

“É o primeiro jogo de tabuleiro com realidade aumentada e áudio voltado para o ensino do inglês infantil no Brasil”, afirma Dalle.

A fusão entre peças analógicas e interfaces digitais começou a ser testada pela Grow ainda em 2011, com os primeiros produtos interativos. Desde então, surgiram kits como o Anatomia, quebra-cabeças do corpo humano e mapas do Brasil que ganham camadas extras com ajuda de aplicativos. A ideia é que os jogos funcionem sozinhos, mas tenham mais apelo quando aliados a ferramentas tecnológicas.

O esforço para unir o físico e o digital resultou também no Grow Interativo, aplicativo que expande a experiência de diversos produtos da marca com conteúdos digitais exclusivos, como vídeos educativos, desafios e interações em realidade aumentada (AR). O objetivo, segundo a empresa, é criar um aprendizado além da caixa, aproximando ainda mais o universo do brincar da tecnologia.

No modelo de negócios atual, a Grow opera como desenvolvedora e distribuidora: os jogos são concebidos por um time de produto e engenharia e produzidos por uma fábrica terceirizada no Mato Grosso do Sul. A empresa tem sede em São Paulo e atua com uma rede de representantes e promotores espalhados pelo país.

Empresa aposta em dados, licenciamento e velocidade

A atualização constante é um imperativo no mercado de brinquedos. Com a digitalização acelerada dos hábitos de consumo, a Grow percebeu que a vida útil de um jogo precisa acompanhar o ritmo das tendências. Exemplo disso é a linha Perfil, cujas edições passaram a ser renovadas mais rapidamente.

“Antes levávamos anos para lançar uma nova versão, hoje estamos desenvolvendo a oitava edição menos de quatro anos após a sétima”, diz Dalle. A empresa também criou uma categoria só para temas digitais no Perfil, refletindo o impacto da internet no repertório das crianças.

Outro vetor importante do negócio é o licenciamento. Com acesso privilegiado a planos de estúdios como Disney, a Grow antecipa apostas como o personagem Stitch, que ganhou uma linha própria de produtos graças à retomada do interesse popular em torno do filme. Há também movimentações mais rápidas, baseadas em leitura de redes sociais e demandas emergentes — como a produção de novos quebra-cabeças com tema de capivaras, fenômeno pop recente que é trend no TikTok.

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