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Cuba enfim libera internet móvel — mas quase ninguém pode pagar

Em 2015, governo afirmou que a meta do país era conectar metade de suas casas e 60% de seus telefones até 2020. Pacote custa um salário médio

Imagem de arquivo de jovem em Cuba: internet móvel chega à ilha (Isaac Risco/picture alliance/Getty Images)

Imagem de arquivo de jovem em Cuba: internet móvel chega à ilha (Isaac Risco/picture alliance/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 06h30.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 06h32.

Cuba passa a ser nesta quinta-feira um dos últimos países do mundo a permitir a seus cidadãos acessarem a internet móvel de seus celulares. O país caribenho deixa para trás, assim, a Coreia do Norte, que permite a seus cidadãos utilizarem apenas uma intranet nacional, com uma infinidade de páginas vetadas pelo governo. Mesmo na China, o país mais conectado do planeta, o acesso a sites estrangeiros é comumente vetado pelo governo, o que fez o país desenvolver sua própria rede de buscadores, sites e aplicativos. Em Cuba, o acesso será mais livre, embora o governo vete, e continuará vetando, sites que promovam conteúdo crítico hospedados principalmente na Flórida.

Até ontem, os cubanos tinham acesso apenas a um serviço de e-mail, controlado pelo governo, ou precisavam se concentrar em poucos pontos das cidades do país que ofereciam acesso a wifi público, numa medida iniciada em 2015, ou podiam visitar cafés estatais com internet fixa, instalados desde 2013. Conexões caseiras, legais e ilegais, também se espalham pelo país desde 2014, quando Cuba retomou as relações com os Estados Unidos, e Barack Obama visitou o país. Desde dezembro, empresas e embaixadas começaram a ter acesso ao plano 3G, o único serviço disponível no país.

Com a chegada de Miguel Diaz-Canel ao poder, em abril, a lenta modernização da economia e dos hábitos no país ganhou novo impulso. Diaz-Canel chegou a abrir um conta no Twitter, em outubro. Ontem, postou a seus 53.623 seguidores uma homenagem a Fidel Castro, morto há dois anos, afirmando que diariamente o país precisa se inspirar na herança dos valores deixados por ele. A estratégia de Diaz-Canel é buscar formas de impulsionar a economia nacional para ajudar os cubanos a “defender a revolução”. Em julho, disse ao parlamento que o país precisa “colocar o conteúdo da revolução online”.

Mesmo com as limitações, cerca de 5 milhões de cubanos, metade da população, têm um telefone celular. Um documento do governo de 2015 afirma que a meta do país é conectar metade de suas casas e 60% de seus telefones até 2020.

Pagar pelos pacotes é que são elas. Os executivos da Etecsa, a companhia cubana de telecomunicações, anunciaram na terça-feira uma gama de pacotes mensais de internet, de 600 MB por o equivalente a 7 dólares a 4 GB por 30 dólares. O custo estará fora do alcance de muitos cubanos, já que o salário médio está em torno de 30 dólares por mês, e muitas pessoas dependem de dinheiro enviado por parentes no exterior ou de trabalhos temporários paralelos para sobreviver.

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