Controlado por um tablet semelhante a um videogame, o robô é utilizado em missões de alto risco, como resgates de reféns, confrontos armados e inspeção de materiais perigosos (Saint-Cyr Coëtquidan/Reprodução)
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Publicado em 19 de novembro de 2025 às 14h59.
Cinco anos após seu lançamento comercial, o cão-robô Spot, da Boston Dynamics, passou de celebridade das redes sociais a ferramenta operacional de forças policiais nos EUA e no Canadá. O modelo quadrúpede, que pesa aproximadamente 34kgs (equivalente a um pastor-alemão de porte médio) e custa a partir de US$ 100 mil, já está sendo usado em mais de 60 esquadrões táticos e antibombas, segundo dados da empresa.
Controlado por um tablet semelhante a um videogame, o robô é utilizado em missões de alto risco, como resgates de reféns, confrontos armados e inspeção de materiais perigosos. Em Massachusetts, o Spot já foi empregado para conter um suspeito armado que havia feito a própria mãe refém. A presença do robô confundiu o homem e permitiu a intervenção da polícia.
O diferencial do Spot está na mobilidade: com quatro patas, ele consegue subir escadas, atravessar terrenos irregulares e acessar áreas confinadas, o que o torna mais versátil do que robôs com rodas ou drones, cuja autonomia também é limitada.Apesar da eficácia operacional, o uso levanta controvérsias. Grupos civis e acadêmicos alertam para os riscos de militarização da segurança pública e a ausência de regulamentação clara. Em 2021, a polícia de Nova York suspendeu temporariamente o uso do robô após críticas da população.
Ao todo, cerca de 2.000 unidades do Spot estão em operação no mundo. A maioria ainda atende a setores industriais, mas cresce o interesse por aplicações em forças policiais e em segurança privada.
Para mitigar os riscos, a Boston Dynamics exige que os clientes públicos detalhem previamente como o robô será utilizado. Mesmo assim, especialistas alertam que a adoção da robótica na segurança pode fragilizar ainda mais os vínculos entre a polícia e as comunidades.
Em um cenário de avanço de tecnologias militares e aumento do financiamento ao setor de robótica, o uso de robôs no serviço público, especialmente na segurança, representa tanto uma oportunidade de mercado quanto um desafio regulatório — e de aceitação social.