Estagiária de jornalismo
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 16h14.
A morte de Odete Roitman é um dos momentos mais aguardados da novela “Vale Tudo”, cuja nova versão está no ar e vai mostrar nesta segunda-feira, 6, uma das cenas mais famosas da teledramaturgia brasileira.
Para entender o impacto desse personagem e a dimensão do enigma que envolve sua morte, é importante relembrar o contexto histórico e social do ano em que a trama original marcou a televisão brasileira: 1988, um período de transformações no Brasil e no mundo.
O país viveu um processo de redemocratização após duas décadas sob regime militar. José Sarney era o presidente em 1988 e enfrentou uma crise econômica com hiperinflação e várias tentativas de estabilização financeira, como o Plano Cruzado, que durou até 1989.
Em 5 de outubro, foi promulgada a nova Constituição Federal, que ampliou direitos civis, sociais e trabalhistas.
No plano global, 1988 foi um ano importante para a promoção da paz e dos avanços científicos. Embora o mundo ainda fosse dividido pela Guerra Fria, sinais de aproximação começaram a surgir entre Estados Unidos e a então União Soviética, com negociações cruciais para a redução dos armamentos nucleares.
A Organização das Nações Unidas (ONU) reforçava agendas externas para os direitos humanos e o meio ambiente, temas que ganhavam mais relevância junto às discussões internacionais.
A década final dos anos 80 viu avanços tecnológicos importantes: os computadores pessoais começaram a se popularizar, e o satélite GPS, até então restrito ao uso militar, estava próximo de ser aplicado para a população civil, prometendo revolucionar a navegação.
Na cultura, “Vale Tudo” destacou-se por sua crítica social, abordando temas como corrupção, desigualdade e ética. A pergunta central “Quem matou Odete Roitman?” trouxe um verdadeiro show de suspense nacional, movimentando debates, programas de TV, jornais e rodas de conversa.
No cinema, 1988 foi o ano do lançamento de "Duro de Matar" (Die Hard), que se tornou clássico do gênero ação.
Na música brasileira, a mais tocada do ano foi “Faz Parte do Meu Show”, de Cazuza, que também assinou a música tema da novela e que também está presente no remake.
No esporte, o Campeonato Brasileiro foi vencido pelo Esporte Clube Bahia, um feito notável num campeonato tradicionalmente dominado pelos clubes do Sudeste do país.
Cazuza (Reprodução/ Facebook)
Na trama original, Odete Roitman foi assassinada a tiros no capítulo exibido na noite de Natal de 1988, mas sua morte misteriosa só foi desvendada no final da novela, em 6 de janeiro de 1989.
Para evitar vazamentos e manter o suspense, os roteiristas enviaram múltiplos finais ao elenco, e somente a direção sabia qual seria o final verdadeiro. A revelação surpreendeu o público: Leila (interpretada por Cássia Kis), que atirou na vilã por engano, acreditando atingir outro personagem.