A Vizinha Perfeita: entenda o debate levantado pelo novo documentário da Netflix (Divulgação/Netflix)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 11 de novembro de 2025 às 14h43.
Com mais de 20 milhões de visualizações somente na última semana, 'A Vizinha Perfeita', novo documentário true crime da Netflix, usa imagens e áudios de câmeras policias para remontar o assassinato de Ajike “AJ” Owens, uma mulher negra e mãe de quatro filhos.
Em um bairro calmo na cidade de Ocala, na Flórida (EUA), as crianças, incluindo os filhos de AJ, tinham o costume de brincar nas ruas, com os vizinhos formando uma comunidade muito unida. Menos Susan Lorincz, uma mulher idosa e branca que sempre chamava a polícia para reclamar quando as crianças brincavam em um terreno ao lado da sua casa.
Em uma noite, a senhora brigou com um dos filhos de AJ, que foi até a casa de Susan conversar. AJ foi recebida por um tiro de dentro da casa. A porta nem sequer foi aberta.
“Esse crime chocante deixou minha família e eu mergulhados em dor e confusão”, afirmou a diretora Geeta Gandbhir, em uma entrevista publicada pelo site da Netflix. “A comunidade de Ajike [ficou estranha essa parte] era muito próxima, baseada em apoio mútuo e confiança. Foi devastador ver como um ambiente tão unido pôde se desintegrar de forma tão catastrófica.”
O documentário é composto por imagens das câmeras policiais e por áudios de ligações da emergência. Antes do crime, a produção mostra um ambiente tranquilo, sendo Susan a única personagem destoante.
Apesar de ter confessado, Susan não foi presa instantaneamente. Isso porque as autoridades investigavam se o caso poderia se enquadrar na chamada lei Stand Your Ground, ou legítima defesa ampliada, que vigora em vários estados dos EUA, inclusive na Flórida.
Essa legislação permite que uma pessoa use força letal ao acreditar que sua vida corre risco, mesmo que haja a possibilidade de se abrigar em segurança ou que o confronto ocorra fora de sua própria propriedade.
A produção levanta o debate sobre os limites dessa lei a medida que destaca as conversas entre os agentes e moradores durante a investigação, evidenciando a brutalidade do crime.
Após quatro dias de investigação, a polícia prendeu Lorincz. No julgamento em 2024, ela foi considerada culpada de homicídio culposo e sentenciada a 25 anos de prisão.