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Tema da redação do Enem 2025: conheça empresas que apostam na economia prateada

Franquias do grupo SMZTO crescem com foco em idosos mais ativos e redefinem o conceito de envelhecimento no Brasil

Joyce Duarte Caseiro e Pedro Moraes, fundadores da Terça da Serra: “A ideia é que seja um lugar tão ou mais bonito que a casa em que ele morava" (Terça da Serra/Divulgação)

Joyce Duarte Caseiro e Pedro Moraes, fundadores da Terça da Serra: “A ideia é que seja um lugar tão ou mais bonito que a casa em que ele morava" (Terça da Serra/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 9 de novembro de 2025 às 16h40.

O Ministério da Educação (MEC) divulgou neste domingo, 9, o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. O assunto, que levou milhões de estudantes a refletirem sobre os desafios e oportunidades de uma população que envelhece, também está no centro de uma transformação silenciosa na economia e no franchising.

A chamada economia prateada, nome dado ao conjunto de negócios voltados para pessoas com mais de 60 anos, vive um momento de forte expansão. No Brasil, esse público já representa 15% da população e deve alcançar 24% até 2030, segundo o IBGE. Globalmente, o setor movimenta cerca de US$ 7,1 trilhões por ano, impulsionado por uma geração de idosos mais ativa, conectada e com poder de consumo.

No radar de investidores, o segmento se tornou uma das novas frentes estratégicas da SMZTO, holding de franquias liderada por José Carlos Semenzato. O grupo vem construindo um ecossistema de longevidade com duas apostas complementares: o Terça da Serra, rede de residenciais sênior, e a recém-franqueada Fiuza – Convivência para Idosos.

Terça da Serra: o residencial que virou modelo de negócio

A médica Joyce Duarte Caseiro e o economista Pedro Moraes, casal do interior de São Paulo, estão à frente da Terça da Serra, franquia criada em 2014 e que já fatura R$ 150 milhões. A rede soma mais de 160 unidades e 2.500 leitos espalhados pelo país, com a meta de dobrar de tamanho até 2029.

O diferencial do modelo é romper com a imagem tradicional das casas de repouso. “Não é um lugar que cheira xixi e é escuro, onde o idoso vai para ficar abandonado”, diz Moraes. “A ideia é que seja um lugar tão ou mais bonito que a casa em que ele morava — e que ele esteja mais acompanhado do que em casa.”

As unidades contam com piscina, cinema, sala de jogos e visitas liberadas a qualquer hora. O objetivo é que o ambiente seja, de fato, uma casa — com estrutura médica e social integradas.

A história começou quando Joyce buscava um local humanizado para seu avô, diagnosticado com Alzheimer. Sem encontrar uma alternativa adequada, decidiu abrir sua própria residência em Jaguariúna (SP), num espaço com 12 quartos. O que nasceu como um projeto familiar se tornou uma das maiores redes de cuidados de longa permanência da América Latina.

“Eu queria que ele tivesse qualidade de vida, assistência de qualidade e se sentisse em casa. Queria muito mais do que um lugar onde o idoso dorme, come e toma banho”, conta Joyce.

A expansão por franquias começou em 2017, e, três anos depois, a SMZTO entrou na sociedade, com a missão de acelerar o crescimento e estruturar a governança da marca. “Pensávamos que teríamos 20 casas, mas demos um salto gigante”, diz Moraes.

Fiuza, a escola para idosos

Com a consolidação da Terça da Serra, a SMZTO decidiu ampliar o portfólio de longevidade e investir também em um público ainda mais ativo. A nova aposta é a Fiuza – Convivência para Idosos, uma rede de centros de atendimento diurno para idosos independentes, com foco em cognição, mobilidade e socialização.

Criada em 2014 pela fisioterapeuta Raquel Zotti Rocha Servidão, a Fiuza começou como um grupo de fisioterapia com um café ao lado, em Ribeirão Preto (SP). “Eu percebia que muitos idosos não precisavam só de tratamento físico, mas de um espaço onde pudessem se sentir pertencentes e ativos”, diz a fundadora.

Com o tempo, o modelo evoluiu para um centro de convivência estruturado — ou, como define a própria Raquel, uma “escola para idosos”. A rotina segue um formato similar ao escolar: entrada pela manhã, atividades durante o dia e retorno para casa no fim da tarde.

As famílias escolhem entre planos de um a cinco dias por semana, com diária a partir de R$ 210. As atividades incluem oficinas de memória, rodas de conversa, coral, dança adaptada, leitura guiada e alongamentos.

“Era nítido que as dores do corpo vinham acompanhadas de uma solidão profunda. Faltava um lugar para esse idoso existir com propósito, e não apenas sobreviver”, afirma Raquel.

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