Negócios

Tanure aumenta participação para ganhar poder na Oi

Renúncia de conselheiro ligado à Pharol abriu caminho para Nelson Tanure no Conselho da Oi, dizem fontes

Nelson Tanure: empresário já teria comprado cerca de 20% do capital da Pharol (Germano Lüders/EXAME)

Nelson Tanure: empresário já teria comprado cerca de 20% do capital da Pharol (Germano Lüders/EXAME)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de março de 2017 às 11h51.

São Paulo - O empresário Nelson Tanure, um dos maiores acionistas da Oi, por meio de fundo Société Mondiale e outros veículos de investimento, estaria se movimentando para ganhar mais poder na operadora, segundo fontes a par do assunto.

Na terça-feira, 7, a renúncia de Rafael Mora, o principal interlocutor da Pharol - grupo que reúne os acionistas da antiga Portugal Telecom e é maior sócio individual da tele - abriu o caminho para o empresário brasileiro na companhia, segundo pessoas a par do assunto. A tele está em recuperação judicial desde junho do ano passado.

Mora ocupava o cargo de conselheiro da Oi e participava do comitê executivo da companhia. Ele era um dos acionistas mais atuantes no conselho da operadora e virou desafeto do empresário brasileiro - eles chegaram a brigar no ano passado durante uma reunião do colegiadoda Oi.

Nos últimos meses, Tanure tem aumentado sua fatia na tele e também no capital social da Pharol. Segundo fontes próximas aos acionistas portugueses, ele já teria comprado cerca de 20% do capital grupo português e poderá pleitear mais assentos no conselho da Oi.

Hoje, Tanure é representado por Demian Fiocca e Hélio Costa, nomes aprovados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Na Oi, Tanure tem cerca de 7% por meio do Société Mondiale. Se levados em conta os veículos de investimentos associados a ele, segundo fontes a par do assunto, sua participação já estaria entre 22% e 25%, incluindo os fundos como Discovery e PointState Capital, entre outros. A assessoria de Tanure disse que o empresário só investe na Oi por meio da Société Mondiale e nega maior interferência do empresário na operadora.

Já a Pharol possui capital social de 22,24% da Oi, por meio da subsidiária Bratel BV, e o total chega a quase 27,4%, se consideradas as ações em tesouraria.

O avanço de Tanure, ainda segundo fontes, é interpretado como uma forma de o empresário tentar interferir nas negociações com os credores, que já estão em curso.

Plano de reestruturação

A Oi deve apresentar até o fim do mês um novo plano dentro do processo de recuperação judicial, buscando equacionar sua dívida junto aos credores.

Com um débito total de R$ 65 bilhões, a operadora prevê em sua nova proposta um desconto de 70% sobre o montante de R$ 32 bilhões devido a credores externos, resultando em um pagamento de cerca de R$ 10 bilhões, em troca de pelo menos 25% das ações da tele.

Esse porcentual, no entanto, poderia ser um pouco mais elevado, segundo uma fonte. A Oi não comenta o assunto. O plano apresentado pela Oi em setembro foi criticado, sobretudo pelos credores, que se sentiram prejudicados.

Outro ponto será a suspensão temporária da distribuição de dividendos aos acionistas. A dívida da tele com os bancos, de quase R$ 15 bilhões, será parcelada em mais de dez anos.

Paralelo ao plano de reestruturação oficial da Oi, a companhia tem sido alvo de outros investidores, como o egípcio Naguib Sawiris, que está alinhado ao banco Moelis, que representa uma parte dos credores, e dos fundos Elliott e Cerberus.

Fontes afirmam que a Oi busca aprovar seu próprio plano de reestruturação sem a interferência de outros potenciais investidores. Essa nova proposta, contudo, tem de ser aprovada pelos acionistas, que serão convocados para uma reunião 30 dias após a apresentação desse novo plano.

Em paralelo a essa agenda, uma assembleia com os acionistas será convocada até o fim de abril para aprovação do balanço de resultados da tele.

O temor, segundo fontes, é de que nessa reunião, Tanure e outros investidores que tenham aumentado a fatia na tele nos últimos meses possam mudar a configuração do conselho da companhia, em função de aquisições de ações nos últimos meses, segundo fontes.

"As chances de interferência de Tanure são altas, mas o risco de a Anatel fazer uma intervenção na companhia também aumenta. O risco da briga ir longe só aumenta", disse um potencial investidor da companhia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Oi

Mais de Negócios

Um dos cientistas de IA mais brilhantes do mundo escolheu abandonar os EUA para viver na China

Investimentos globais em IA devem atingir 1,5 trilhão de dólares em 2025, projeta Gartner

IA pode elevar comércio global de bens e serviços em até 40% até 2040, projeta OMC

Disparada das ações da Oracle coloca dois ex-executivos na lista de bilionários