Negócios

Startup mineira une "vaquinha" com venture capital. E captou R$ 15 milhões com sua própria vaquinha

Empresa permite que qualquer pessoa invista em projetos reais como imóveis e startups; agora, quer levar os brasileiros a aplicar também nos EUA

Daniel Miari, da Inco Investimentos: “Tem gente de 18 até 80 anos aplicando com a gente. E muita gente que nunca tinha investido antes” (Inco/Divulgação)

Daniel Miari, da Inco Investimentos: “Tem gente de 18 até 80 anos aplicando com a gente. E muita gente que nunca tinha investido antes” (Inco/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 22 de abril de 2025 às 14h33.

Sabe aquela vaquinha online para ajudar alguém ou financiar um projeto? Uma fintech mineira pegou esse modelo e transformou numa opção de investimento para pessoas comuns. Em vez de doar, o usuário aplica — e espera retorno no bolso.

A Inco, plataforma criada em 2018, funciona como um crowdfunding com rentabilidade. Pequenos investidores aplicam a partir de 500 reais em projetos de empresas reais, como construtoras, startups ou produtores rurais. E ganham de volta com juros ou participação nos lucros.

Agora, a própria empresa entrou na roda. Ela captou 15 milhões de reais em 48 horas usando esse mesmo modelo — com mais de 8.500 investidores virando sócios da Inco.

“A gente sempre falou que o crescimento da nossa empresa precisa ser compartilhado com os nossos investidores. Essa rodada foi a materialização disso”, diz Daniel Miari, um dos fundadores da startup.

O dinheiro será usado para turbinar a operação. Entre os planos estão o desenvolvimento de novos produtos, o avanço na tecnologia da plataforma e a possibilidade de oferecer investimentos internacionais ainda em 2025.

Como funciona o modelo da Inco

O funcionamento é simples: o investidor escolhe entre projetos disponíveis na plataforma — como um empreendimento imobiliário, uma operação de crédito ou uma startup em fase de crescimento — e aplica valores a partir de 500 reais. Dependendo do projeto, ele pode receber de volta com juros (como em um empréstimo) ou participar dos lucros (como sócio).

Até o ano passado, todas as operações da Inco eram de dívida: o investidor recebia uma taxa fixa combinada, muitas vezes acima do CDI. A novidade de 2025 foi a entrada no mercado de equity, com possibilidade de se tornar sócio do negócio.

“A gente atua com dois modelos regulatórios: como plataforma de investimento participativo pela CVM e como sociedade de empréstimo pessoal autorizada pelo Banco Central. Isso nos permite oferecer tanto dívidas quanto participação”, afirma Miari.

Na prática, o investidor vê no app todos os dados do projeto: quem está captando, qual a finalidade, retorno esperado, prazo e riscos.

“A transparência é total. Nosso investidor tem autonomia para decidir no que vai colocar o dinheiro, mas com todas as informações na mão”, diz.

Quem são os investidores da Inco

A base da plataforma é diversa — e crescente. Hoje, são mais de 300.000 investidores cadastrados. Em 2024, esse número era metade disso.

“Tem gente de 18 até 80 anos aplicando com a gente. E muita gente que nunca tinha investido antes”, afirma Miari.

Segundo ele, o engajamento é alto. Captações menores, de até 3 milhões de reais, costumam se esgotar em segundos. “Tem operação que acaba em cinco segundos. O investidor já entra no aplicativo preparado, esperando a abertura. É quase um ‘f5’ que as pessoas ficam apertando para comprar ingresso de show internacional”, diz.

Esse comportamento permite que a Inco seja seletiva nos projetos.

“A gente prefere lançar menos operações, mas com mais qualidade", diz. "Não é qualquer empresa que entra. Isso garante retorno e confiança”.

Rodada de R$ 15 milhões com a casa cheia

A oferta recente — que vendeu participação na própria Inco — foi um marco para o setor. Foi a maior captação de equity coletivo no país até hoje. E bateu o limite regulatório da CVM (15 milhões de reais) em apenas 48 horas, sem campanha publicitária.

Foram 8.545 pessoas de 1.334 cidades e todos os estados brasileiros. A média de investimento foi de 1.750 reais, mas houve aportes de até 200.000 reais.

“A gente ficou surpreso com a velocidade, mas mais ainda com a confiança que isso demonstra. São os próprios clientes apostando no crescimento da empresa”, afirma Miari.

O foco agora é crescer com responsabilidade. Os 15 milhões de reais serão investidos em três frentes:

  • tecnologia
  • originação de novos produtos
  • expansão internacional

A plataforma deve ganhar novas funcionalidades e mais usabilidade. “A gente quer que qualquer pessoa, de qualquer idade, consiga entender e investir com facilidade", diz Miari.

Na frente de produtos, a ideia é ampliar a oferta para setores como agronegócio, energia, precatórios e até eventos.

“Temos uma demanda muito alta. Precisamos aumentar o número de boas empresas captando na plataforma para atender isso com qualidade”, afirma.

Investimentos fora do Brasil: o próximo passo

A Inco também pretende permitir que investidores brasileiros possam aplicar em projetos nos Estados Unidos, com retorno em dólar.

“Imagina um imóvel em Miami, acessível com 500 reais? É isso que queremos oferecer. Ativos globais, sem burocracia, com tíquete baixo”, diz Miari.

Essa expansão internacional será o grande foco de médio prazo. A empresa já iniciou as tratativas para lançar as primeiras operações ainda em 2025. Além disso, estuda se transformar em uma DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários) para ter mais autonomia regulatória e aumentar o portfólio.

Com 150 milhões de reais de valuation e um modelo de crescimento sustentado, a Inco quer seguir crescendo junto com seus próprios usuários.

Acompanhe tudo sobre:Venture capitalStartupsFintechsMinas Gerais

Mais de Negócios

Candy Crush tem o plano de ficar ainda mais doce para os jogadores. E vai fazer isso com IA

Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025 abre inscrições para empreendedoras de todo o Brasil

Conheça a estrela do TikTok que saiu de endividada para CEO de negócio que lucra US$ 2,2 milhões

Eles começaram como manobristas de carros — agora vão faturar US$ 1 bilhão