Negócios

Startup está criando pílula que pode fazer cachorros viverem mais; entenda

A Loyal, criada por uma neurocientista americana, acredita ser possível reverter processos naturais de envelhecimento com a ajuda de tecnologia

Vida longa aos pets: startup quer criar medicamento "anti-envelhecimento" para cães (Square Dog Photography/Getty Images)

Vida longa aos pets: startup quer criar medicamento "anti-envelhecimento" para cães (Square Dog Photography/Getty Images)

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 21 de fevereiro de 2023 às 09h00.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2023 às 11h50.

A busca por soluções mirabolantes para a juventude eterna tem embalado enredos de filme de ficção científica há mais tempo do que podemos calcular. O que é novo nesta história, porém, é a missão adotada por uma empresa americana para transcender essa jornada para fora das telas de cinema ao criar um produto capaz de prolongar a vida de animais de estimação.

Uma das principais (se não a maior) dor de tutores está no desequilíbrio etário com seus pets. Enquanto uma pessoa com até 30 anos ainda é jovem, cachorros com mais de 10 anos de idade já são considerados "velhos", correspondendo a um animal idoso, em sua fase final da vida. É esta a desproporção que a startup de biotecnologia Loyal pretende solucionar.

A empresa fundada em 2019 pela empreendedora Celine Halioua está desenvolvendo dois diferentes medicamentos que prometem retardar o envelhecimento de cães e prolongar sua vida saudável. Desde que foi criada, a empresa já arrecadou cerca de US$ 58 milhões para colocar suas pílulas da juventude nas ruas.

O primeiro cheque, em 2020, foi de US$5,1 milhões, feito por um investidor entusiasta do mercado de clonagem animal. À época, ele buscava uma solução capaz de clonar cães para tutores enlutados. Halioua o convenceu de que prolongar a vida de um bichinho já vivo seria mais lucrativo.

Outros investimentos vieram na sequência, e logo a Loyal contava com cientistas, veterinários e especialistas na resolução de burocracias ligadas às aprovações regulatórias de medicamentos.

Como funciona a tecnologia

Halioua e sua equipe científica trabalham para alterar compostos químicos associados a processos biológicos, como o declínio cognitivo e problemas renais, em cães.

Atualmente, a empresa tem dois diferentes estudos sobre envelhecimento em andamento e pretende dar início aos estudos clínicos de dois produtos. Um deles é uma pílula que pode retardar o aparecimento de doenças relacionadas à idade, como demência e insuficiência renal, duas razões comuns para os proprietários sacrificarem um animal. Outra, uma droga capaz de reduzir processos celulares associados a algumas raças caninas e que estão relacionados ao surgimento de doenças específicas para cada uma delas.

O mercado do envelhecimento

Ainda que pareçam distante da realidade, os esfoços para prolongar a vida saudável já são comuns no mundo dos animais de laboratório. De acordo com a revista Wired, estudos conduzidos nos Estados Unidos têm comprovado a capacidade de prolongar a expectativa de vida de vermes, moscas e camundongos.

Os estudos clínicos envolvendo cães podem acelerar a criação de uma "pílula de juventude" para os seres humanos, já que são mais baratos e simples de viabilizar. Em outra frente, a vida mais curta de cães também facilita a análise da eficácia do medicamento no longo prazo. "Nesse mundo, a idade dos cães talvez fosse de 10 para 12 ou 14 anos”, disse a fundadora à Wired.

A intenção da Loyal, no longo prazo, é oferecer os medicamentos para todo tipo de espécie animal comercializado em larga escala em farmácias de todo o mundo — incluindo os humanos.

As expectativas são as melhores: com a maior disposição de tutores em gastar com mais para melhorar a qualidade de vida de seus pets, um medicamento capaz de esticar seus anos ao reverter os mecanismos biológicos do envelhecimento teria muito potencial.

Para chegar lá, a empresa ainda depende da aprovação do FDA, departamento americano que controla a fabricação e comercialização de alimentos e medicamentos, para dar andamento aos testes clínicos.

Acompanhe tudo sobre:Animais em extinçãoStartups

Mais de Negócios

Fundadores da Mistral AI entram para ranking de bilionários na França

Inflação da saúde deve gerar maior alta de custos em 15 anos nos EUA

Elon Musk retoma o topo da lista dos mais ricos do mundo em disputa bilionária com Larry Ellison

Mulher de 50 anos transformou passatempo com os filhos em um negócio de US$ 1 bilhão