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Repórter
Publicado em 14 de setembro de 2025 às 12h54.
A Retro Biosciences vai iniciar, até o fim de 2025, seu primeiro teste clínico em humanos com a pílula experimental RTR242, voltada para reverter os efeitos do alzheimer.
A empresa, fundada em 2021 com aporte inicial de US$ 180 milhões de Sam Altman, dono do ChatGPT, prevê dosar seu primeiro paciente na Austrália.
O fármaco busca restaurar a autofagia, processo celular de reciclagem que falha com a idade e está ligado ao acúmulo de proteínas defeituosas. A expectativa é que o tratamento limpe o “lixo celular” associado a doenças como Alzheimer e Parkinson.
Joe Betts-LaCroix, CEO da companhia, afirmou ao Business Insider que a meta é ir além de desacelerar o envelhecimento. “Queremos resetar a biologia para uma idade mais jovem”, afirmou.
A Retro também desenvolve outros dois programas: o RTR890, que cria novas células-tronco sanguíneas para tratar leucemia, e o RTR888, terapia derivada de células-tronco para doenças do sistema nervoso central.
O mercado de longevidade já atrai investimentos bilionários. Enquanto a Retro pretende levantar US$ 1 bilhão em sua Série A, a rival Altos Labs, apoiada por Jeff Bezos, arrecadou mais de US$ 3 bilhões.
Em 2024, a OpenAI, também liderada por Altman, anunciou em parceria com a Retro o desenvolvimento da GPT-4b micro, uma IA projetada para biotecnologia. A ferramenta conseguiu aumentar em 50 vezes a expressão de marcadores de reprogramação celular, etapa fundamental para reverter o envelhecimento das células.
Betts-LaCroix destaca que adicionar 10 anos de vida saudável teria impacto histórico. “Curar o câncer traria três anos extras de expectativa, e as doenças cardíacas, quatro. Dez anos seriam uma das maiores conquistas da saúde”, disse.
A empreitada de Altman não é inédita no Vale do Silício.
Nas últimas duas décadas, bilionários gastaram mais de R$ 27 bilhões (cerca de US$ 5 bilhões na cotação atual) para viver até os 150 anos (ou mais). Segundo uma análise do Wall Street Journal, nomes como Peter Thiel, Altman e Marc Andreessen se destacam pelos grandes gastos e investimentos em startups que buscam esticar a longevidade humana.
Segundo pesquisa da Longevity.Technology, apenas em 2024, tecnologias de biomarcadores arrecadaram US$ 2,65 bilhões, sendo os EUA responsáveis por 84% dos negócios da área. E o setor atrai bilionários não apenas pelo retorno financeiro, mas por motivações pessoais. Vinod Khosla, cofundador da Sun Microsystems e fundador da Khosla Ventures, por exemplo, já declarou que deseja que pessoas de 70 anos tenham a vitalidade de um indivíduo de 40.