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Sem investimento inicial, elas criaram agência de marketing de influência e miram R$ 36 mi em 2025

À frente da Side, Larissa Calheiros e Tatiane Medeiros começaram em jornada dupla e hoje comandam um negócio que cresce em ritmo acelerado – gestão estratégica, escuta ativa e atendimento 360° sustentam a expansão

Larissa Calheiros e Tatiane Medeiros, fundadoras da Side, agência de marketing de influência que, em 2025, projeta faturar R$ 36 milhões

Larissa Calheiros e Tatiane Medeiros, fundadoras da Side, agência de marketing de influência que, em 2025, projeta faturar R$ 36 milhões

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 15 de julho de 2025 às 13h00.

Saber reconhecer uma boa oportunidade, mesmo quando não faz parte dos planos, pode ser o primeiro passo para construir uma empresa de sucesso. Foi assim que as paulistanas Larissa Calheiros e Tatiane Medeiros criaram a Side, agência de marketing de influência que, em 2025, projeta faturar R$ 36 milhões, um salto de 120% em relação aos R$ 16,4 milhões registrados no ano anterior.

Formadas em Relações Públicas, elas seguiam carreiras sólidas no mundo corporativo, com metas claras de crescimento. De um lado, a atuação no setor comercial de grandes agências; de outro, a experiência em estratégias de comunicação e marketing em multinacionais. Caminhos distintos, mas complementares – unidos por uma amizade de longa data e uma visão de futuro em comum. Empreender, no entanto, não estava no radar.

Foi em 2017, com um convite inesperado, que tudo mudou. “Estava desenvolvendo uma campanha e o perfil de uma amiga influenciadora se encaixava. Durante uma conversa, compartilhei alguns insights de carreira e surgiu a proposta de assessorá-la”, lembra Larissa, que aceitou o desafio como freelancer. Para dar conta da demanda, convidou Tatiane para embarcar na jornada.

Mais do que uma demanda pontual, era a chance de construir algo próprio num setor em expansão. Segundo o banco Goldman Sachs, o mercado de influência deve movimentar cerca de US$ 500 bilhões até 2027. Atualmente, são aproximadamente 50 milhões de criadores de conteúdo, com a perspectiva de aumentar entre 10% e 20% nos próximos cinco anos. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de influenciadores no Instagram, atrás apenas dos EUA, de acordo com a Nielsen.

Cautela e alinhamento para dar o primeiro passo

Apesar do potencial do segmento, o começo foi pautado pela cautela, com decisões bem planejadas e avanço gradual. Sem investimento inicial, a dupla conciliou por mais de um ano o novo negócio com os empregos corporativos, até que o faturamento alcançasse um patamar que cobrisse os salários. “Nos virávamos entre reuniões, produção, atendimento e planejamento. Tudo era feito sem glamour, nem garantias. Mas com muita vontade de fazer acontecer”, diz Larissa.

Segundo ela, foram muitas horas de trabalho e pouco descanso, mas a sintonia com a sócia fez a diferença. “É fundamental escolher alguém que compartilhe do mesmo propósito. Quando eu não conseguia resolver algo, a Tati assumia”, diz. Outra prioridade foi formalizar a empresa. Por isso, as primeiras comissões foram destinadas ao pagamento de contabilidade e assessoria jurídica.

Apoio profissional para avançar

A dedicação logo surtiu efeitos. Em meados de 2018, o faturamento da Side chegou a quase o triplo do que ganhavam como CLT e, assim, decidiram se dedicar exclusivamente ao negócio. Em 2019, logo após a inauguração do escritório físico, contrataram um business coach para apoiar na profissionalização da gestão. “Nossa especialidade não é administração, e dúvidas como ‘quanto tirar de salário’, ‘o que deixar no caixa’ e ‘como contratar’ começaram a surgir”, explica Tatiane.

Nos três primeiros anos, eram apenas três clientes fixos e uma equipe enxuta. A virada veio em 2020, durante a pandemia, com a conquista de um grande projeto para uma marca nacional de limpeza. A campanha envolveu mais de 20 influenciadores e marcou um ponto de inflexão.
Desde então, a empresa só cresce. O time saltou de quatro para 18 colaboradores, e novas contratações estão em andamento. Hoje, são 27 influenciadores atendidos, como Mirella Qualha, Giovanna Ferrarezi e Julia Rodrigues.

Gestão de pessoas, atendimento 360° e tecnologia

Para as empreendedoras, o sucesso do negócio se baseia em pilares como a divisão clara de responsabilidades e uma gestão centrada nas pessoas. Larissa cuida das áreas comercial, administrativa e financeira, enquanto Tatiane lidera os times de atendimento, planejamento e criação. Atualmente, a agência opera em home office e mantém uma rotina de escuta ativa, com reuniões por área, encontros presenciais e alinhamentos constantes entre as sócias.

Entre as práticas implementadas estão o day off compensatório para quem trabalha em eventos aos fins de semana e férias coletivas de até 15 dias no fim do ano, além dos 30 dias regulamentares. “Esse mercado pode ser exaustivo e estamos sempre atentas ao bem-estar do time. Nosso foco está na produtividade, não nas horas trabalhadas”, diz Larissa.

No campo estratégico, a aposta é o modelo de atendimento 360° – do planejamento de imagem à entrega de campanhas. A proposta é ser parceira de longo prazo, da curadoria à execução.

Para a otimização do trabalho, em 2024, triplicou o investimento em tecnologia. Adotou o HubSpot, que centraliza informações dos clientes e otimiza o funil de vendas; o Sprout, plataforma com IA que reduz em mais de 50% o tempo de curadoria de influenciadores; e o Power BI, que ampliou a capacidade analítica da equipe. As ferramentas vieram acompanhadas de treinamentos e imersões. O resultado foi uma melhora em torno de 70% na performance comercial, maior assertividade nas escolhas e redução de prazos.

Capacitação e resiliência

Para quem deseja empreender, elas reforçam a importância de buscar conhecimento, tanto sobre o setor escolhido quanto sobre gestão e administração. Essa preparação é fundamental para tomar decisões mais seguras e estratégicas. Do ponto de vista comportamental, destacam competências como resiliência, empatia, paciência e coragem, já que os desafios fazem parte da jornada. “Começamos sem investimento, mas com um objetivo em comum. O que nos trouxe até aqui foi trabalho duro, escuta ativa e a vontade de fazer diferente”, conclui Larissa.

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