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Rappi pode ser a vitória ou derrota dos supermercados

O crescimento das vendas online de mercados está bem mais lento que o setor, que corre o risco de ficar para trás

EQUIPE DO RAPPI: a empresa colombiana recebeu um investimento de 130 milhões de reais para acelerar seu crescimento (foto/Divulgação)

EQUIPE DO RAPPI: a empresa colombiana recebeu um investimento de 130 milhões de reais para acelerar seu crescimento (foto/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 06h00.

Última atualização em 4 de setembro de 2018 às 11h53.

São Paulo – Está cada vez mais fácil fazer as compras do mês pela internet. As principais redes de supermercados do país lançaram suas vendas pela internet e opções diferentes de delivery. Além disso, nos últimos anos surgiram diversas startups de compras e entregas de produtos de mercado.

Mesmo assim, as vendas online de mercados ainda são muito incipientes e o crescimento está bem mais lento que o setor.

De acordo com um estudo do banco UBS, a parceria das grandes redes com as novas startups é uma saída para as grandes redes darem um salto em suas vendas pela internet. Um exemplo é a Rappi, startup que nasceu na Colômbia e se destaca por vender de tudo em sua plataforma e ter parceria com grandes redes varejistas.

“Rappi, que tem parceria com o Pão de Açúcar, está ganhando participação entre os super apps e é o único que já se arrisca no mercado de mercearia. Pão de Açúcar está à frente do Carrefour Brasil na implementação de modelos de entrega online para off-line”, diz o relatório.

Para o UBS, "por parcerias com os novos 'super apps' (como Rappi, Uber e iFood), as grandes empresas podem acelerar suas vendas online, ao mesmo tempo em que melhoram sua alocação de investimentos em projetos online".

O banco acredita que o surgimento desses novos players pode gerar uma onda positiva para todas as companhias do setor.

Com mais companhias no segmento, a ideia de fazer compras em um supermercado online deixa de soar estranha. Uma boa experiência em uma companhia inspira o usuário a usar outros aplicativos e os consumidores deixam de ser os early adopters, ou aquelas pessoas que gostam de testar novos serviços. Aos poucos, o hábito passa a se tornar mais comum e as empresas crescem.

Claro, esse movimento tem um limite, que é a consolidação de um grande vencedor no segmento. No entanto, o relatório afirma que isso deve ainda demorar a acontecer, já que o mercado ainda é pequeno.

Fatia ainda pequena

Os supermercados online ainda estão na idade da pedra. Em uma pesquisa feita pelo banco UBS, apenas 1,3% dos consumidores afirmou ter comprado itens de supermercado pela internet nos últimos 12 meses.

Muitos são relutantes em usar a internet para fazer as compras do mês ou da semana. Cerca de 50% dos entrevistados afirmou que gosta de ver pessoalmente o que está comprando. Eles também citam preocupações com a segurança digital e que as compras pela internet não são tão convenientes quanto ir presencialmente ao supermercado.

Alimentos são a principal categoria do varejo brasileiro: representam 35% das vendas totais, ou 325 bilhões de reais, afirma a pesquisa. Mesmo assim, a venda online de alimentos está no extremo oposto. É a segunda menor categoria no comércio eletrônico, com apenas 0,4% de participação nas vendas totais.

Os líderes de vendas online, no país, são os produtos de mídia, eletrônicos e eletrodomésticos, brinquedos e jogos tradicionais. A participação do digital nas vendas de alimentos bem menor que a média no Brasil, de 6,3%.

Além de terem uma participação baixa, as compras de alimentos pela internet no Brasil irão ficar para trás com o avanço do comércio eletrônico, calcula o UBS. Enquanto as vendas online devem crescer 15% nos próximos cinco anos, os supermercados devem ver as vendas digitais subirem apenas 10% no mesmo período.

Iniciativas

Entre os supermercados, as vendas online estão no centro das atenções, com novidades em delivery e expansão do marketplace, ou vendas de terceiros nas plataformas. Mesmo assim, sua participação ainda é pequena em relação às vendas totais.

O Pão de Açúcar foi o primeiro varejista de produtos alimentícios a iniciar operações online, em 1993. Apesar disso, menos de 1% de suas vendas são feitas pela internet.

Já a operação on-line do Carrefour Brasil começou em julho de 2016. Com marketplace e venda de alimentos frescos, o comércio eletrônico cresce rapidamente, com 380 mil itens diferentes na plataforma e participação de 6,8% nas vendas totais da empresa.

O Walmart começou suas operações online há dez anos. Em dezembro do ano passado, mudou o foco para ampliar o marketplace. Assim, não há produtos frescos à venda em sua plataforma.

Além do varejo tradicional, surgem competidores digitais. Os aplicativos de alimentos mais conhecidos são os que entregam pratos de restaurantes, como iFood, UberEats, Pedidos Já e Delivery Much, que já existem há alguns anos.

Supermercados puramente online também estão surgindo, como o Superlist e Home Refil. Alguns têm opção para agendar entregas de listas sugeridas, como o Supermercado Now.

No meio do caminho, está o Rappi, um dos únicos aplicativos de entrega de alimentos com parceria com supermercados. Lançado no meio de 2017, já é o app relacionado a alimentos mais baixado e o quinto mais bem classificado, superando o Uber Eats.

O sucesso atrai diversos varejistas parceiros, como o hipermercado Extra, a loja de cosméticos The Body Shop e as drogarias Panvel e Pague Menos. O Pão de Açúcar, parceiro relevante para a plataforma, já criou um caixa dedicado para pedidos Rappi dentro da loja.

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