Nubank: entenda porque a empresa já era avaliada em milhões mesmo quando não apresentava lucro (Nubank/Divulgação)
Redatora
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 14h26.
Durante anos, a Tesla acumulou prejuízos bilionários. Ainda assim, investidores pagavam caro para ter um pedaço da empresa de Elon Musk. A lógica se repete com o Nubank no Brasil. Mesmo com margens apertadas e ainda sem lucros consistentes, conquistou milhões de clientes e foi avaliado em dezenas de bilhões de dólares.
Casos como esses mostram que, no mundo dos negócios, o valuation de uma empresa pode representar mais do que o faturamento registrado até então.
Segundo Giacomo Diniz, professor da Saint Paul Escola de Negócios, valuation é a estimativa do valor econômico de uma empresa baseada na projeção de seus fluxos de caixa futuros, ajustados ao risco do negócio.
Diferente do faturamento, que mostra quanto a empresa vendeu no passado, o valuation olha para frente, tentando antecipar a geração de valor que ainda virá.
“Ele busca enxergar pela janela da frente embora o vidro, muitas vezes, esteja embaçado. Pode apontar o caminho, mas não garante que o destino será alcançado”, explica.
Durante anos, a montadora de Elon Musk acumulou prejuízos, mas já era avaliada em dezenas de bilhões de dólares.
A explicação, segundo Diniz, estava menos nos números atuais e mais na expectativa: o mercado apostava que a empresa lideraria a revolução dos veículos elétricos.
O Nubank seguiu uma lógica semelhante. Mesmo com margens ainda comprimidas e desafios regulatórios, conquistou milhões de clientes com uma operação enxuta e escalável.
Para investidores, não se tratava apenas do balanço presente, mas da capacidade de o banco digital transformar a experiência financeira de uma população inteira.
Diniz alerta: “nem toda empresa com valuation alto está cara. Nem toda empresa sem lucro é ruim. O importante é entender a narrativa financeira por trás dos números e avaliar se ela se sustenta”.
Boa parte dessa narrativa vem de ativos que não aparecem no balanço: marca, base de usuários, algoritmos e capital humano. Esses ativos, chamados de intangíveis, ajudam a explicar por que Tesla e Nubank atraíram investidores mesmo no vermelho.
Mas, como reforça o professor, “intangíveis só criam valor se forem capazes de se traduzir em geração de caixa futura”. Ou seja, não basta ter milhões de usuários se a empresa não consegue monetizá-los de forma sustentável.
A trajetória de Tesla e Nubank também mostra como valuation e preço de mercado podem se distanciar. Em ambos os casos, investidores pagaram caro antecipando um futuro que ainda não havia se materializado.
Para Diniz, “valuation é uma das ferramentas mais importantes para entender o potencial de uma empresa. Ele ajuda a olhar além dos resultados imediatos e a construir cenários futuros. Mas exige rigor. Modelos bem-feitos devem ser testáveis, ajustáveis e capazes de resistir a choques”.
Pensando nisso, a EXAME e a Saint Paul Escola de Negócios desenvolveram o curso de extensão Valuation de Empresas.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: José Marcos Carrera, administrador de empresas pela USP e doutor pela FGV, e Giacomo Diniz, economista pela USP e especialista em Mercados de Capitais.