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Ozempic ou Mounjaro? Caneta da EMS chega às farmácias com dose a partir de R$ 307

Com medicamento à base de liraglutida, EMS estreia no mercado bilionário dos análogos de GLP-1 (e derruba preço da caneta)

EMS entra na 'economia do Ozempic' com medicamentos para diabetes e obesidade mais acessível (Leandro Fonseca/Exame)

EMS entra na 'economia do Ozempic' com medicamentos para diabetes e obesidade mais acessível (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 05h55.

Pela primeira vez, o bilionário mercado de medicamentos injetáveis para obesidade e diabetes tipo 2 ganha uma caneta brasileira. Produzidos pela EMS, os medicamentos à base de liraglutida — Olire, para o tratamento de obesidade, e Lirux, indicado para diabetes tipo 2, — chegam às farmácias nesta segunda-feira, 4, com preços a partir de R$ 307,26.

A entrada da EMS ocorre em um momento de franca expansão do setor. No Brasil, o mercado de análogos de GLP-1 já movimenta mais de R$ 6 bilhões por ano. No mundo, as projeções apontam para uma indústria de mais de US$ 150 bilhões até 2030, transformando as chamadas “canetas emagrecedoras” em um dos pilares de crescimento da nova era farmacêutica.

Na largada, a EMS coloca no mercado 150 mil canetas. Desse total, são 100 mil unidades de Olire, com versões de uma ou três canetas por embalagem, e 50 mil unidades de Lirux, em embalagens com uma ou duas canetas. As vendas vão começar nas regiões Sul e Sudeste e a expansão para outras regiões deve acontecer nas próximas semanas. A farmacêutica projeta chegar a 250 mil unidades até o fim de 2025 e atingir meio milhão de canetas até agosto de 2026.

Preços mais acessíveis e estratégia comercial

A liraglutida, utilizada em Olire e Lirux, é considerada uma geração anterior à semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, mas continua sendo eficaz no controle do peso, glicemia e risco cardiovascular. Com a produção local, a EMS aposta em preços mais acessíveis e maior previsibilidade de fornecimento.

Os medicamentos chegam com preços sugeridos a partir de R$ 307,26, variando conforme a indicação e o número de canetas por embalagem.

O Olire será comercializado em embalagens com uma caneta por R$ 307,26 ou três canetas por R$ 760,61. Já o Lirux estará disponível em embalagens com 1 ou 2 canetas, com a versão dupla saindo por R$ 507,07.

Produção nacional com ambição global

Carlos Sanchez, proprietário da EMS: internacionalização pode garantir 2 bilhões de dólares em faturamento no exterior (Leandro Fonseca/Exame)

Com esse lançamento, a EMS se torna a primeira farmacêutica brasileira a disputar espaço no mercado de análogos de GLP-1. Até agora, a chamada "economia do Ozmpic" era dominada pelas gigantes Novo Nordisk (Ozempic, Wegovy) e Eli Lilly (Mounjaro, Zepbound).

O desenvolvimento de Olire e Lirux foi viabilizado por um investimento de mais de R$ 1 bilhão na construção da primeira fábrica de peptídeos do Brasil, localizada em Hortolândia, no interior de São Paulo.

Inaugurada no ano passado, a planta tem capacidade inicial para produzir 20 milhões de canetas por ano, com possibilidade de expansão para 40 milhões. A linha de produção utiliza síntese química de peptídeos de acordo com os padrões internacionais da agência americana FDA.

A farmacêutica projeta gerar US$ 2 bilhões em receita no Brasil e outros US$ 2 bilhões no exterior nos próximos oito anos com a plataforma de análogos de GLP-1.

Próximos passos: semaglutida em 2026

O plano da EMS vai além da liraglutida. A farmacêutica já se prepara para lançar sua versão da semaglutida, princípio ativo do Ozempic e Wegovy, no próximo ano, assim que a patente da substância expirar no Brasil. O movimento promete acirrar ainda mais a concorrência num mercado que já começa a mostrar sinais de pressão sobre os líderes globais.

Nos últimos 12 meses, a Novo Nordisk perdeu mais de 60% de seu valor de mercado, pressionada pela concorrência crescente e pela proliferação de versões genéricas manipuladas. No Brasil, o cenário ficou ainda mais acirrado com a chegada do Mounjaro, da Eli Lilly, às farmácias em junho, ampliando a disputa por espaço nas prescrições médicas.

A farmacêutica dinamarquesa, que chegou a ser a empresa mais valiosa da Europa no auge do Ozempic, reduziu suas projeções de receita e trocou o CEO em meio à turbulência. Analistas apontam que os desafios da companhia vão além das cópias ilegais: trata-se de uma disputa global por participação num dos mercados mais promissores da indústria. A EMS, com produção nacional, tecnologia própria e preços mais acessíveis, quer agora seu espaço nessa briga.

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