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OGX ganha colher de chá dos analistas, ao rebaixar metas

Analistas preferem apostar no início da produção comercial da empresa de Eike, e atenuam o salto do prejuízo neste trimestre


	Petroleira de Eike Batista registra perdas milionárias, mas não chega a decepcionar analistas
 (Wikimedia Commons)

Petroleira de Eike Batista registra perdas milionárias, mas não chega a decepcionar analistas (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2012 às 12h57.

São Paulo – Até agora, os resultados negativos apresentados pela OGX, a petroleira de Eike Batista, costumam ser respondidos com uma só justificativa - a de que a companhia é pré-operacional. As empresas que gozam do status geram pouca ou nenhuma receita enquanto investem milhões para colocar seu negócio de pé. Ainda que o discurso permaneça o mesmo, a estratégia da companhia registrou uma mudança das grandes: a adoção de metas menos vistosas para a produção de petróleo.

Só no último trimestre, a OGX perdeu 398,6 milhões de reais, prejuízo 255% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Mas o rombo não parece ter surpreendido muita gente. “Os resultados vieram negativos como esperado, já que a empresa recém iniciou sua produção de óleo, mas ainda não tem volume e escala suficientes para gerar lucros e resultados operacionais positivos”, resumiu a equipe da Planner em relatório.

A companhia culpou a escalada do dólar pelo rombo. E apesar dos papéis da empresa terem caído 3,8% na bolsa após a divulgação dos números, muitos analistas não deixaram de mostrar sua dose de otimismo com as operações.

“Acreditamos que a empresa está trilhando um caminho mais consistente com a produção em Tubarão Azul e o início da produção em Tubarão Martelo e com a entrega do gás da Bacia do Parnaíba”, assinaram Nataniel Cezimbra, Andréa Aznar e Carolina Flesch, do BB Investimentos. “As nossas expectativas para os próximos trimestres são melhores dado que a empresa deixou de ser pré-operacional e passará a registrar receitas”, completaram.

Na prática, o petróleo que a OGX vende à Shell ainda não circula pelo balanço como receita e sim como conta de amortização, compensando uma parte dos (vultosos) investimentos realizados na busca e extração da commodity. Isso porque a Agência Nacional de Petróleo não se pronunciou em relação ao Plano de Desenvolvimento da companhia no campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos. A produção na área começou em janeiro. Por ora, permanece sendo a única fonte de petróleo comercial para a empresa. 


Recebida a benção da ANP, a OGX deverá trilhar os primeiros passos rumo ao carimbo de empresa operacional. Para se ter uma ideia, os 800.000 barris retirados de Tubarão Azul e entregues à Shell entre abril e junho fizeram a empresa embolsar 174 milhões de reais. O valor supera as perdas de 145,5 milhões de reais computadas com a baixa de poços secos e subcomerciais, responsáveis por mais de um terço do prejuízo da companhia no segundo trimestre.

“No momento em que a OGX começar a gerar caixa com essas áreas produtoras, você vai continuar tendo poços secos, porque o sucesso das companhias de petróleo nunca é de 100%”, explicou Lucas Brendler, da Geração Futuro. “Só que esse valor será diluído por conta de um faturamento.”

Números positivos?

O aparente otimismo contrasta com a reação visceral do mercado à redução de metas da OGX, anunciada há bem pouco tempo, quando a companhia divulgou que Tubarão Azul teria capacidade de vazão ideal de 5.000 barris de óleo por dia – patamar bastante inferior aos 15.000 barris estipulados anteriormente.

O anúncio provocou um mergulho vertiginoso dos papéis, jogando para baixo a cotação das outras empresas X e a própria fortuna pessoal de Eike nos rankings dos bilionários mundiais. O The Wall Street Journal chegou a afirmar que o homem mais rico do Brasil estaria sendo vítima das enormes expectativas criadas com suas agressivas projeções de crescimento. 

A revisão aconteceu nos últimos dias de junho, justamente no fim do segundo trimestre. No balanço deste período, a empresa informou que a produção média diária em Tubarão Azul ficou em 9.100 barris por dia. O segundo poço, que havia sido desativado em julho por conta de problemas técnicos, voltou à operação na última semana - juntos, os dois produziram entre 10.500 e 11.000 barris por dia.

Para o time do Itaú BBA, a notícia foi "tomada como positiva". A equipe de análise da XP Investimentos também reforçou que a média trimestral apresentada é um "ponto que chama a atenção". Como se vê, uma dose de modéstia nas previsões parece ter vindo a calhar para a OGX. 

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