O Pix parcelado começa a valer em todas as intituições a partir de setembro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Redatora
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 18h35.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 19h03.
O Pix já é o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros: 76,4% da população o utiliza, à frente do cartão de débito (69,1%) e do dinheiro em espécie (68,9%), segundo dados do Banco Central. O sistema também é o mais usado com frequência por 46% dos entrevistados em uma pesquisa da Febraban.
Esse protagonismo deve se consolidar ainda mais a partir de setembro de 2025, quando o Banco Central passará a oferecer o Pix parcelado.
A nova modalidade permitirá que consumidores façam compras parceladas e os lojistas recebam na hora utilizando o sistema instantâneo de pagamentos.
O Pix parcelado funcionará de maneira semelhante ao parcelamento no cartão de crédito. O consumidor poderá comprar um produto ou serviço hoje e pagar em várias parcelas, mas o lojista receberá o valor total da venda à vista.
O banco ou a fintech será responsável por adiantar o pagamento ao comerciante e depois cobrar as parcelas do cliente, que podem ou não ter juros, a depender da política da instituição financeira.
Hoje, algumas instituições já oferecem o Pix parcelado, mas apenas para clientes com contas atreladas a cartões de crédito. Com a nova modalidade regulamentada pelo BC, a opção estará disponível para todos em setembro.
A principal novidade é a possibilidade de fazer compras parceladas sem depender exclusivamente do cartão de crédito.
Para muitos brasileiros, que têm dificuldade em conseguir um limite de cartão ou já estão com o limite comprometido, essa pode ser uma alternativa.
Para entender os impactos da nova modalidade, a EXAME ouviu o economista Marcelo Lancerotti. “Você pode fugir do cartão de crédito e, dependendo da taxa de juro, você foge dos juros abusivos do cartão”, afirma.
O professor alerta que a facilidade de parcelar sem cartão pode aumentar a vulnerabilidade financeira do país. “O lado ruim é que, como a educação financeira do brasileiro é muito ruim, ele pode se endividar bastante.”
“Agora, além do cartão de crédito, a pessoa pode se endividar no Pix, porque vai ser debitado da conta-corrente, tendo saldo ou não. Então ela pode entrar no negativo”, explica Lancerotti.
Para os comerciantes, o Pix parcelado traz vantagens competitivas. Eles poderão oferecer mais uma forma de pagamento aos clientes, aumentando as chances de fechar uma venda.
Além disso, diferentemente do cartão de crédito, em que o recebimento integral pode demorar semanas, no Pix parcelado o lojista receberá o valor à vista do banco.
Para Marcelo Lancerotti, essa mudança poderá afetar as maquininhas de cartão de crédito: “Ah, é o fim das maquininhas? Não, provavelmente não. Esse mercado vai se rearranjar, mas é possível que algumas empresas menos competitivas deixem de existir”.
Lancerotti acredita que não. Para ele, os dois meios tendem a coexistir: enquanto o Pix parcelado se mostra uma alternativa mais acessível para compras do dia a dia, o cartão de crédito ainda terá espaço, especialmente em situações que envolvem benefícios adicionais, como programas de milhas ou seguros.
“Não acredito que vai substituir 100% o cartão de crédito. Tem gente mais tradicional que demora para aderir à tecnologia, então as pessoas vão usar cartão de crédito para viajar com os programas de milhagem”, explica.
O lançamento do Pix parcelado não impacta apenas o bolso das famílias e dos comerciantes. Ele também pode transformar o ecossistema de pagamentos e alterar a relação entre consumidores, empresas, bancos e fintechs.
Para executivos, gestores e profissionais de todas as áreas, compreender essas mudanças é essencial para tomar decisões estratégicas. Por isso, a Saint Paul Escola de Negócios oferece o curso de educação executiva Finanças para Profissionais Não Financeiros.
O curso é ministrado por professores reconhecidos e experientes no mercado: Lucas Dreves Gimenes, doutor em finanças pela FGV, Renato Monteiro da Silva, mestre em controladoria empresarial pelo Mackenzie e Mauricio Godoi, mestre em ciências contábeis pela PUC.
A equipe ainda conta com Marcelo Lancerotti como coordenador.