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O bem mais precioso para os bilionários não cabe em cofres — e custa milhões por minuto

Pesquisa mostra que para muitos bilionários, o tempo vale mais do que objetos ou experiências

Bilionários: entrevistados disseram que o jato foi o item mais caro que já compraram (Nathalie OLOF-ORS/AFP)

Bilionários: entrevistados disseram que o jato foi o item mais caro que já compraram (Nathalie OLOF-ORS/AFP)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de junho de 2025 às 06h25.

Eles já têm tudo. Castelos, diamantes, carros que valem mais que apartamentos e até foguetes para dar uma voltinha no espaço. Mas, diante de tantas extravagâncias, o que realmente não pode faltar na vida de um bilionário?

Pesquisa realizada pela Forbes descobriu qual é o item mais indispensável entre os super-ricos. Não se trata de uma obra de arte rara nem um jantar estrelado em Paris. É algo muito mais direto, prático e barulhento: um jato particular.

Para muitos entrevistados, o tempo vale mais do que objetos ou experiências. 

Entre os 40 bilionários ouvidos na pesquisa, 12 disseram que o jato particular é o bem do qual não conseguem abrir mão. Outros citaram o celular, carros de luxo, casas de veraneio e até ar-condicionado.

Quando tempo vale mais que dinheiro

Viajar de avião comercial, mesmo na primeira classe, não resolve o maior problema dessa turma. Perder horas em conexões, check-in, segurança, atrasos não é uma possibilidade para muitos bilionários. Um jato particular reduz todo esse processo para minutos e ainda dá acesso a pistas menores, que ficam fora do circuito comercial.

Nos Estados Unidos, por exemplo, existem 389 aeroportos públicos e apenas 25 deles operam voos comerciais. O restante só é acessível com aviação executiva, o que garante liberdade de rota e agilidade.

David Hoffmann, bilionário com empreendimentos imobiliários, transporte de luxo e jornais locais, afirma que seria impossível visitar todas as unidades da sua holding sem um avião próprio. Já Samir Mane, primeiro bilionário da Albânia, explica que ir de Tirana a Sarajevo leva 20 minutos no jato, mas levaria quase um dia inteiro de voos comerciais.

Um mercado aquecido

Os preços de jatos executivos explodiram na pandemia e seguem em alta. Um modelo pequeno e usado custa a partir de 1 milhão de dólares. Já um Global 7500, considerado topo de linha, pode ultrapassar 80 milhões de dólares. Quatro entrevistados disseram que o jato foi o item mais caro que já compraram.

Mesmo com depreciação de 5% a 10% ao ano, o ativo é visto como estratégico. O Global 7500, por exemplo, tem cabine com espaços separados para trabalho, refeições, descanso e lazer, além de autonomia para voar longas distâncias sem escalas.

Alguns bilionários extrapolam o padrão. Roman Abramovich, ex-dono do Chelsea, comprou um Boeing 787 Dreamliner — mesmo modelo que caiu na Índia recentemente — por cerca de 350 milhões de dólares. O oligarca russo Alisher Usmanov desembolsou entre 350 e 500 milhões de dólares por um Airbus A340-300 adaptado para uso pessoal. Ambos os aviões estão sob sanções internacionais desde a guerra na Ucrânia.

São casos extremos, mas que ilustram como o jato particular pode ocupar diferentes papéis, do pragmatismo à extravagância. No topo do capitalismo, o que diferencia quem voa alto não é o tamanho do avião — é o tempo que ele economiza.

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