Mariana Rios, idealizadora do Basta Sentir Maternidade: “Quando damos voz a uma causa, rompemos o isolamento e criamos pontes”
Jornalista especializada em carreira, RH e negócios
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 14h30.
“Você jamais será o que não é”. A frase, que Mariana Rios costuma dizer, vai além de um conselho motivacional, é um princípio que sempre guiou sua trajetória. Aos 18 anos, deixou Araxá (MG), sua cidade natal, e mudou-se para o Rio de Janeiro – sem contatos, nem convite de trabalho – movida apenas pelo desejo de viver da arte. Não havia plano B, tampouco uma rede de apoio financeira ou profissional. Ou daria certo, ou teria uma vida que não gostaria. “Aprendi com meus pais a enfrentar os desafios com os pés no chão, mas mantendo a esperança e sem desviar o olhar do que acredito.”
Foi com essa determinação e mantendo-se fiel a si mesma que construiu uma carreira versátil, transitando entre atuação, música, apresentação e literatura. Na televisão, participou de novelas como Araguaia e Salve Jorge, e apresentou o The Voice Brasil. Também publicou os livros Basta Sentir (Academia) e Sabedoria de Bolso (Minotauro) e, atualmente, estuda psicanálise.
Em janeiro deste ano, deu um novo passo com a criação do Basta Sentir Maternidade, plataforma gratuita voltada a mulheres que estão tentando engravidar. Por meio de podcasts, lives com especialistas, rede de apoio, conteúdos diários e espaço para relatos pessoais, oferece benefícios exclusivos, apoio emocional e um ambiente de conversa sobre autocuidado, aceitação, saúde psicológica. Já são mais de 50 mil participantes, com uma média de 800 novas inscrições por dia.
O ponto de partida foi pessoal. Após enfrentar um aborto espontâneo em 2020, Mariana percebeu a falta de diálogo sobre a vivência das mulheres que tentam engravidar, muitas vezes marcada por silêncio e desafios emocionais. Até então, existiam grupos voltados para mães e gestantes, mas nenhum para as chamadas “tentantes”. Em 2024, organizou um workshop para ampliar a conversa sobre o tema. Ali, ouviu relatos e entendeu que precisava estruturar algo maior. “Reuni minha equipe e disse: preciso falar sobre isso, senão vou adoecer. Quero criar um espaço para dividir a minha jornada e dar voz a outras mulheres.”
Na sequência, montou um time – hoje com 15 pessoas – para desenvolver a plataforma, organizar a operação, planejar conteúdos e garantir a qualidade da curadoria. O projeto foi financiado com recursos próprios, sem investidores ou patrocínios. A ideia era consolidar uma comunidade autêntica para, depois, abrir frentes de monetização estruturada. “Alguns disseram que era loucura financiar sozinha e ainda expor minha vida pessoal – algo que sempre fiz questão de preservar”, afirma. Mas, a cada passo, a iniciativa fazia mais sentido.
O Basta Sentir Maternidade é um desdobramento do Basta Sentir e se baseia nos mesmos fundamentos: desenvolvimento pessoal, inteligência emocional, espiritualidade e busca pelo sonho maior. “Para realizar qualquer objetivo, é preciso primeiro olhar para dentro, compreender desejos e aceitar que há forças maiores regendo o caminho”, afirma.
Em pouco tempo, despertou o interesse de empresas, mas cada proposta é analisada com cautela. Para fechar uma parceria, é essencial que a marca esteja alinhada aos valores e propósito da comunidade. Hoje conta com o apoio da Mãe Vitaminas, Fertilidela, Beep Saúde e Clearblue, além da
Clínica Originare, especializada em medicina reprodutiva. Por lá, há a possibilidade de participar do programa de doação de óvulos para fertilização in vitro (FIV), processo regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.
O próximo passo é a expansão offline. A partir deste mês, serão realizados encontros no Espaço Basta Sentir, em São Paulo, com até 40 participantes. A programação inclui cafés da manhã, almoços, rodas de conversa e palestras com especialistas – uma forma de transformar a conexão digital em encontros presenciais de acolhimento.
O intuito da empresária e artista com a iniciativa e os conteúdos que costuma compartilhar em suas redes sociais é fortalecer o protagonismo feminino. “Quero que mais mulheres percebam que é possível transformar desafios e perdas em oportunidades de crescimento pessoal.”
No Basta Sentir Maternidade o propósito foi transformar a dor em um movimento de acolhimento, informação e apoio. “Quando damos voz a uma causa, rompemos o isolamento e criamos pontes”, finaliza.
Não basta seguir tendências ou apostar em setores promissores se não houver conexão com sua essência e seus conhecimentos. “Quando a escolha não é genuína, a vida vai se tornando engessada e fica difícil algo dar certo.”
Pergunte-se: conheço esse mercado? Isso tem a ver comigo? Tenho prazer em atuar nessa área? Uma jornada só se sustenta quando há esse alinhamento.
As pistas sobre talentos costumam aparecer na infância. “Eu subia na mesa da casa da minha avó para me apresentar e dizia que seria artista. Já meu primo, adorava consertar objetos, por exemplo.”
Não existe atalho: ou você investe no autoconhecimento, ou passa a vida “quebrando a cabeça”.
Empreender sozinho é difícil. Busque pessoas que complementem suas habilidades, mas compartilhem seu jeito de pensar e agir.
Mais do que números, é preciso clareza sobre os princípios da sua empresa. Até onde você iria para defendê-los? Quem deseja ter por perto?”