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Magazine Luiza aprova captação de R$ 800 milhões e pode reduzir jornada

Varejista vai usar ferramentas da Medida Provisória publicada pelo governo federal em 1 de abril que flexibiliza os contratos de trabalho

Loja do Magazine Luiza: grupo está construindo plano para enfrentar uma crise econômica inédita (Germano Lüders/Exame)

Loja do Magazine Luiza: grupo está construindo plano para enfrentar uma crise econômica inédita (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 7 de abril de 2020 às 19h31.

Última atualização em 7 de abril de 2020 às 20h36.

O Magazine Luiza, maior grupo varejista do Brasil, avaliado em 62 bilhões de reais na bolsa de valores, anunciou hoje um plano para atravessar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus que inclui a possibilidade de captação de recursos no mercado financeiro e a redução de jornada e salário dos funcionários prevista na Medida Provisória 936/2020, publicada pelo governo federal em 1 de abril.

A decisão foi tomada "em função, sobretudo, da situação sem precedentes gerada pela pandemia da [infecção respiratória] covid-19 – uma crise de feições ainda não totalmente conhecidas e que não poupa indivíduos, organizações ou economias", segundo comunicado enviado pela empresa ao mercado financeiro na noite desta terça-feira, 7.

A primeira medida foi a aprovação, pelo conselho de administração do Magalu, da emissão de 800 milhões de reais em debêntures. O comunicado não esclarece se já há um cronograma para essa operação. Diz apenas que o grupo terminou o ano de 2019 com uma 7 bilhões de reais no caixa e em recebíveis, mas mesmo assim prefere se preparar para enfrentar a esperada queda na demanda pelos produtos para casa que vende e para a posterior retomada econômica.

O período de austeridade deve ser "compartilhado por todos", disse o varejista. No início de abril, a administração do grupo reduziu em 80%, por um período de três meses, os salários do seu presidente, Frederico Trajano, e do vice-presidente de operações, Fabrício Bittar Garcia. A remuneração de 12 diretores executivos e dos sete membros do conselho de administração foi cortada em 50%, e as dos demais diretores, em 25%.

Para não fazer demissões por conta da crise do novo coronavírus, compromisso assumido pelo Magalu com a assinatura do manifesto #nãodemita no final da semana passada, o varejista vai lançar mão da MP editada no início do mês, que permite a suspensão de contratos de trabalho por até 60 dias, com pagamento parcial dos salários via seguro-desemprego, e a redução proporcional por três meses de até 70% de jornadas e salários, com complementação dos vencimentos pelo governo federal. O Magalu ainda não decidiu quais ferramentas vai efetivamente usar.

Em março, após o fechamento de todas as suas lojas físicas, que somam mais de mil, cerca  de 20.000 funcionários tiveram suas férias antecipadas e pagas. Passou a pagar em dobro o auxílio-creche a aumentou a remuneração das equipes de logística e distribuição. O varejista está monitorando pelo seu departamento de análise de dados o momento de reabrir as lojas em cada localidade, mas diz que não vai fazê-lo enquanto não houver segurança.

Faz parte do pacote de medidas anunciado hoje, também, a renegociação de contratos com fornecedores para diminuir custos e estender prazos. O varejista adiou as suas assembleias gerais ordinária e extraordinária de acionistas que ocorreriam em abril para o final do mês de julho a fim de ganhar tempo e clareza para definir a política de distribuição de dividendos aos investidores. A divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2020 será postergada de 7 de maio para o final do mês que vem, porque as medidas de restrição à circulação impostas pela pandemia podem prejudicar a entrega de documentos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que supervisiona o mercado financeiro brasileiro, autorizou no dia 25 de março esse tipo de adiamento por causa da covid-19.

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