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Keep Cooler: qual é a história da bebida sensação dos anos 1990 — e o que aconteceu com a marca

Pioneira entre as bebidas prontas no Brasil, Keep Cooler está no mercado há mais de 30 anos e hoje aposta em marketing nostálgico, mas querendo se comunicar, também, com novos públicos

Keep Cooler: fenômeno dos anos 1990 da Vinícola Aurora segue em produção (Reprodução)

Keep Cooler: fenômeno dos anos 1990 da Vinícola Aurora segue em produção (Reprodução)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de outubro de 2025 às 08h21.

Nos anos 1990, era comum ver uma garrafinha verde com rótulo colorido em festas, praias e encontros de jovens. Com sabor doce, teor alcoólico leve e comunicação pop, o Keep Cooler se tornou a bebida do momento — e praticamente sinônimo de cooler no Brasil.

Mais de 30 anos depois, ele ainda existe, mesmo que não da maneira como era consumida nos anos 1990. E segue líder de vendas no setor "cooler".

O produto foi lançado em 1987 pela cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves, como o primeiro cooler produzido no Brasil.

Misturando vinho, suco de uva, aromas naturais de frutas e uma leve gaseificação, o Keep Cooler apostava em um apelo jovem e refrescante.

Foi o início da categoria ready to drink, bebidas alcoólicas prontas para consumo, que hoje movimenta bilhões no mundo todo.

A marca voltou ao radar com um reposicionamento recente, embalagens atualizadas e novos sabores. Em 2024, a Aurora lançou até versões sem álcool, em tentativa de reconquistar espaço nas gôndolas e conversar com uma geração que talvez não conhecesse o produto original. A campanha “Keeparada é essa?” marcou o retorno da comunicação voltada ao público jovem.

Como o Keep Cooler virou febre nos anos 1990

Na época de seu lançamento, o Keep Cooler ocupou um espaço inédito nas prateleiras.

Até então, o mercado de bebidas alcoólicas era dominado por cervejas, vinhos de mesa e destilados.

A proposta de uma bebida pronta, leve e com identidade jovem encontrou rapidamente seu público — especialmente entre universitários.

Com cerca de 5% de teor alcoólico, sabores adocicados e campanhas coloridas, a bebida virou presença certa em festas e eventos. A versão Piña Colada, com coco e abacaxi, foi uma das mais populares do país nos anos 1990. O visual da garrafa, com vidro verde e rótulo chamativo, ajudou a reforçar o apelo cultural do produto.

No auge, o Keep Cooler liderava o segmento de bebidas prontas no Brasil. A marca foi pioneira em um nicho que ainda nem tinha nome por aqui — hoje conhecido como RTD, sigla para ready to drink, bebidas alcoólicas vendidas já prontas para o consumo.

A partir dos anos 2000, o cenário começou a mudar. Novos concorrentes surgiram, como Smirnoff Ice e outras bebidas alcoólicas com estética parecida. O mercado de coolers, que o Keep Cooler ajudou a criar, se expandiu. Além disso, o comportamento de consumo mudou.

Nos anos 2010, o produto ainda era vendido, mas com baixa visibilidade. A distribuição se concentrou no Sul do país, onde a Vinícola Aurora tem presença forte, e o cooler virou quase um item de nicho — encontrado em supermercados regionais e lojas online.

Reposicionamento e nova fase da marca

Com o crescimento global da categoria de ready to drink — que deve movimentar até 85 bilhões de dólares até 2030, segundo projeções de mercado — a Aurora decidiu reposicionar o Keep Cooler.

Nos últimos anos, lançou novos desenhos, nova campanha voltada ao público jovem e reformulou parte do portfólio.

Atualmente, o Keep Cooler conta com nove produtos. Entre os sabores alcoólicos estão uva, morango, pêssego, Piña Colada, citrus, açaí com hibisco e tangerina. A linha também inclui duas versões sem álcool: uva branca e uva tinta, batizadas de “Keep Zero”. O preço médio das garrafinhas de 275ml gira entre 8 e 9 reais.

A comunicação da marca agora tenta equilibrar nostalgia com modernização. A estética das novas embalagens mantém referências aos anos 1990, mas com rótulos mais limpos.

A presença nas redes sociais foi retomada, com foco em conteúdo visual e memes ligados ao “retorno” do produto.

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