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Ele fatura R$ 35 milhões com uma peça de carro na qual ninguém repara

De carros a máquinas agrícolas, a catarinense Autoimpact oferece palhetas de limpador de para-brisa e aposta no nicho para crescer

Leonardo Salomé, fundador da Autoimpact: empresa atende até máquinas agrícolas

Leonardo Salomé, fundador da Autoimpact: empresa atende até máquinas agrícolas

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 15 de junho de 2025 às 07h09.

Última atualização em 15 de junho de 2025 às 16h15.

O mercado brasileiro de acessórios automotivos movimenta bilhões anualmente, com o setor de palhetas de limpador de para-brisa representando uma fatia significativa desse montante. No entanto, é um componente muitas vezes negligenciado, apesar de sua importância crucial para a segurança no trânsito, especialmente em dias de chuva forte.

Fundada em 2008 em Palhoça, Santa Catarina, a Autoimpact apostou nesse nicho ao focar em um produto essencial, mas carente de opções diversificadas e especializadas. Hoje, a empresa é uma das três maiores fornecedoras de palhetas automotivas do Brasil, ficando atrás apenas de gigantes como Trico e Bosch. A empresa atende desde carros de passeio até máquinas agrícolas e veículos pesados, com um portfólio que conta com mais de 150 modelos diferentes.

Em 2024, a empresa atingiu aproximadamente R$ 35 milhões em faturamento. No ano anterior, ela foi uma das empresas selecionadas para o ranking EXAME Negócios em Expansão devido ao seu crescimento de R$ 19 milhões em 2022 para R$ 24 milhões em 2023.

A visão do fundador

Antes de fundar a Autoimpact, Leonardo Salomé estava à frente de um negócio de importação de faróis xénon, um produto que fez sucesso no Brasil entre 2005 e 2007. Ele utiliza um gás nobre (xenônio) para gerar luz, em vez de um filamento aquecido como nas lâmpadas tradicionais. Isso levou a proibição do produto nos carros, e a empresa de Salomé enfrentou uma crise e quase fechou suas portas.

Naquele momento, o empreendedor viu uma nova oportunidade no mercado de palhetas automotivas, que até então era dominado por poucas opções e uma oferta limitada de modelos.

Inicialmente, a empresa focou no desenvolvimento de palhetas para carros de passeio. Contudo, ao perceber que a demanda estava crescendo para outros tipos de veículos, a empresa se expandiu rapidamente para o mercado de veículos pesados, como caminhões, ônibus e máquinas agrícolas, incluindo tratores e colheitadeiras.

“Nosso grande diferencial foi entender que, embora a palheta parecesse um produto simples, ela era essencial para uma grande diversidade de veículos. A partir daí, fomos criando uma linha que atendesse a todos os tipos de engate, com qualidade e inovação”, afirma o fundador.

Inovação constante

A Autoimpact não apenas seguiu as tendências do mercado, mas se antecipou a elas. À medida que as montadoras passaram a adotar novos tipos de encaixes para as palhetas, a empresa inovou com modelos híbridos, flex e específicos para diferentes veículos. Além disso, investiu em palhetas com diferentes tipos de borrachas e tecnologias, como a silicone flex e a teflonizada.

Enquanto muitos concorrentes enfrentavam dificuldades logísticas e estoque reduzido em 2020, a Autoimpact garantiu o fornecimento contínuo de palhetas. Esse movimento resultou em um crescimento considerável nos anos seguintes. “Conseguimos crescer ainda mais quando tudo voltou, superando os concorrentes que ficaram sem produto para oferecer”, diz o empreendedor.

"A cada ano, nosso objetivo é continuar crescendo de forma consistente. Queremos ser a marca que oferece uma solução completa para o mercado automotivo, atendendo desde carros elétricos até veículos pesados", diz Salomé. A empresa planeja entrar para o segmento da aeronáutica em breve.

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