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Gigante chinesa de eletrônicos quer faturar R$ 3 bilhões no Brasil. 'Queremos ser líder de mercado'

Para a Hisense, empresa com faturamento global acima de US$ 30 bilhões, momento econômico é ideal para aproximar Brasil e China

Michael Luo, presidente da Hisense no Brasil: “Podemos fornecer tecnologia de ponta e preços competitivos, fortalecendo a relação Brasil-China” (Leandro Fonseca/Exame)

Michael Luo, presidente da Hisense no Brasil: “Podemos fornecer tecnologia de ponta e preços competitivos, fortalecendo a relação Brasil-China” (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de setembro de 2025 às 15h36.

Última atualização em 10 de setembro de 2025 às 17h55.

Uma gigante chinesa desembarcou de forma discreta no Brasil. Com faturamento global acima de US$ 30 bilhões, a Hisense quer dominar o mercado de eletrônicos e eletrodomésticos brasileiro em poucos anos. Para Michael Luo, presidente da companhia no Brasil, o momento econômico atual é uma oportunidade única para fortalecer a relação entre Brasil e China.

“A relação entre países depende de benefícios mútuos. Sempre dizemos que essa é uma filosofia chinesa. A Hisense pode fornecer tecnologia de ponta e preços competitivos, fortalecendo a relação Brasil-China”, diz Michael Luo, presidente da Hisense no Brasil.

Para o primeiro ano de operação direta no Brasil, a Hisense projeta faturamento de R$ 1 bilhão e pretende triplicar a receita até 2027, mirando a liderança do mercado brasileiro de eletrônicos. “Nossa ambição é avançar rapidamente e nos tornar líder de mercado”, diz Luo.

Apesar de ter sido um dos últimos mercados da América Latina, o Brasil é considerado um país desafiador, mas fundamental. "O mercado brasileiro é muito competitivo, com altos impostos e exigências específicas dos consumidores. Por isso, chegamos por último, mas sempre consideramos o Brasil como um dos principais mercados do mundo”, explica Luo.

Para se adaptar, a empresa iniciou a produção de alguns modelos de TVs e de ar-condicionados por aqui. A criação de fábricas locais é vista como essencial para lidar com a complexidade fiscal, aumentar a eficiência e desenvolver produtos alinhados às preferências do consumidor brasileiro.

"Queremos trazer quase 100% da nossa produção para parceiros no Brasil. Este é o destino final", diz Luo.

Presença global consolidada

Fundada em 1969 na China, a Hisense se consolidou como uma das maiores fabricantes globais de eletrônicos e eletrodomésticos. A empresa possui 36 parques industriais e 30 centros de pesquisa e desenvolvimento espalhados por diversos países, emprega mais de 16 mil engenheiros e detém cerca de 60 mil patentes em diferentes categorias de produtos. Com escritórios em 64 países e presença em mais de 160 mercados, a companhia é líder em várias regiões e categorias de produtos.

Entre seus principais mercados estão China, Japão, África do Sul, Europa, México e Estados Unidos. Na China, a Hisense é a marca número um em TVs há 17 anos consecutivos. No Japão, considerada um mercado extremamente competitivo, a empresa também lidera, detendo cerca de 40% da participação de mercado de TVs, em conjunto com a marca Toshiba, divisão adquirida pelo grupo em 2017.

Globalmente, a Hisense ocupa a segunda posição no mercado de TVs, mas alcança a liderança em segmentos específicos. É a marca número um em telas gigantes de 100 polegadas ou mais, e domina produtos de ponta como Mini LCD. Na Europa, a companhia é líder em geladeiras com duas (ou mais) portas, com participação próxima de 30% a 40% no segmento, além de figurar entre os três maiores exportadores de lava e seca.

Embora a Hisense seja a segunda maior em TVs globalmente, sua força está na liderança em segmentos estratégicos e mercados-chave. No Brasil, a companhia tem a ambição de conquistar a liderança do mercado em poucos anos com base na experiência global e na capacidade de produção local.

A chegada estratégica ao Brasil

Apesar do alcance global, o Brasil não foi o primeiro mercado na América Latina a receber operações diretas da companhia. “O mercado brasileiro é muito difícil, há riscos com impostos, forte competição e exigências elevadas dos consumidores”, diz o executivo.

A primeira aposta local foi em ar-condicionado, em 2022, seguida pelo lançamento das TVs em 2023. Hoje, a marca está presente em mais de 3.000 pontos de venda físicos, além de marketplaces como Mercado Livre, Amazon e Casas Bahia. Neste mês, a companhia lançou a uma televisão com 116 polegadas por R$ 150 mil.

A companhia produz com fábricas parceiras alguns modelos de TVs e ar-condicionados. A expectativa é ampliar a fabricação local também para a linha branca, essencial para reduzir custos e ganhar escala.

Em poucos meses, a companhia ampliou o portfólio brasileiro. De 13 modelos de TV em 2024, passou para 30 modelos, distribuídos em oito séries. Além das TVs, oferece geladeiras duplex e french door, lava e seca, frigobares, freezers horizontais e adegas.

A marca premium Gorenje, pertencente ao grupo, também está presente no Brasil com cooktops, fornos e lava-louças, reforçando a estratégia de atingir diferentes faixas de consumidores com tecnologia de ponta a preços competitivos.

O desempenho inicial da Hisense no Brasil animou a matriz chinesa. A expectativa é fechar 2025 com mais de 1 milhão de produtos vendidos. Nos próximos dois a três anos, a meta é consolidar a operação brasileira como uma das mais relevantes da região.

O crescimento será apoiado por investimentos em marketing e presença de marca. Patrocinadora oficial da Copa do Mundo da FIFA, a Hisense prepara campanhas específicas para o público brasileiro, aproveitando a tradição de trocar a TV antes do torneio.

Apesar do crescimento acelerado, a liderança não é garantida. O mercado brasileiro é dominado por multinacionais consolidadas, como Samsung e LG. Ainda assim, Luo mantém o discurso otimista: “Todos sabem que a Hisense é uma das marcas do futuro. Temos certeza de que nos tornaremos líderes de mercado”.

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