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Esta empresa quer ser o maior hospital do país — sem ter um único leito

A ISA Saúde realiza cerca de 1.500 atendimentos diários em 60 cidades, e acaba de receber R$ 160 milhões da International Finance Corporation (IFC)

Fernando e David Pares, fundadores da ISA Saúde: empresa afirma que taxa de reinternação é de 2%, contra 11% da média do setor de home care (Masao Goto Filho / Divulgação)

Fernando e David Pares, fundadores da ISA Saúde: empresa afirma que taxa de reinternação é de 2%, contra 11% da média do setor de home care (Masao Goto Filho / Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 28 de outubro de 2025 às 10h00.

Última atualização em 28 de outubro de 2025 às 10h41.

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A healthtech ISA Saúde acaba de levantar R$ 160 milhões em uma rodada série B liderada pela International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial focado no setor privado.

O novo aporte marca a entrada da instituição global na sociedade da companhia brasileira, e deve acelerar a estratégia da startup para consolidar seu modelo de "hospital em casa".

Criada em 2019 pelos irmãos paulista Fernando e David Pares, a ISA opera uma estrutura de cuidado domiciliar que atende pacientes com alta complexidade clínica, mas fora do ambiente hospitalar.

A empresa já realiza cerca de 1.500 atendimentos diários em mais de 60 cidades, com uma rede de 4 mil profissionais e parceria com 25 operadoras de planos de saúde.

Com a nova rodada, que também teve participação do IDB Lab, Dalus e Endeavor Catalyst, a ISA planeja triplicar o número de praças atendidas, lançar novas linhas de cuidado (como oncologia e ginecologia domiciliar) e realizar aquisições de concorrentes locais.

O foco da empresa permanece no modelo B2B, que representa 80% do faturamento atual, com atendimento via operadoras de saúde.

O que faz a ISA?

A proposta da ISA é tratar em casa o que antes só era feito no hospital. Infusões, antibióticos, reabilitação e pronto-atendimento, por exemplo, já fazem parte da oferta da companhia.

Além de mais conforto, a logística domiciliar reduz custos para as operadoras e melhora os desfechos clínicos, segundo os fundadores.

"Hoje, 50% das internações clínicas poderiam ser feitas em casa. Estamos operando menos de 1% disso", diz Fernando Pares, CEO.

Ao se posicionar como o "maior hospital fora do hospital", a ISA está de olho em um mercado estimado em R$ 15 bilhões no Brasil, ainda dominado por empresas analógicas e pouco integradas.

Nesse modelo tradicional de home care, os dados costumam ser anotados em papel, não há rastreabilidade das ações clínicas e os profissionais atuam por cooperativas informais.

A ISA substitui esse formato com tecnologia própria e protocolo digital: do atendimento à visualização de indicadores em tempo real pelas operadoras.

De dentro pra fora

A jornada da healthtech começou com exames de sangue feitos em casa, ainda sob o nome Isa Lab. Mas foi após a aquisição da startup Saúde C, em 2022, que a empresa passou a oferecer cuidados hospitalares mais robustos, como antibióticos intravenosos e reabilitação.

Segundo os fundadores, a ISA opera atualmente em 69 cidades de estados como São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. A previsão é que a atuação se expanda para mais de 150 cidades até 2027.

A taxa de reinternação da startup é de menos de 2%, contra 11% da média do setor de home care tradicional. A empresa também afirma estar lucrativa desde o início de 2024.

"Nosso objetivo é transformar o lar no melhor hospital do Brasil. Não se trata apenas de comodidade, mas de um modelo mais seguro, mais eficiente e com melhor experiência para todos: pacientes, profissionais e operadoras", afirma David Pares, cofundador e diretor médico da ISA Saúde.

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