Negócios

Em Goiânia, um dia para celebrar a pujança dos negócios do centro do Brasil

Evento da EXAME celebrou o empreendedorismo de uma das regiões que mais crescem no país com 300 lideranças empresariais locais

João Adibe, da Cimed, em evento NEEX Road Show da EXAME em Goiânia: “A pergunta que o empresário tem que fazer é: em qual Brasil você quer jogar? O de 10 milhões ou o de 190 milhões?” (Eduardo Frazão/Exame)

João Adibe, da Cimed, em evento NEEX Road Show da EXAME em Goiânia: “A pergunta que o empresário tem que fazer é: em qual Brasil você quer jogar? O de 10 milhões ou o de 190 milhões?” (Eduardo Frazão/Exame)

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 07h59.

Mais de 300 empreendedores e lideranças empresariais do Centro-Oeste se reuniram nesta quarta-feira, 8, no World Trade Center Goiânia, para discutir o futuro dos negócios na região — e, principalmente, celebrar o momento de expansão vivido por empresas locais.

Em comum, uma palavra definiu o espírito do evento: pujança.

A edição goiana do NEEX Road Show, iniciativa da EXAME, reuniu empresários em ascensão, investidores e executivos para debater inovação, expansão, acesso a capital e estratégias de crescimento.

A programação incluiu nomes como João Adibe Marques, CEO da Cimed, e Lohran Soares, fundador da Milky Moo, além de líderes locais como Anita Bufaiçal, do AgroPaty’s, e representantes do setor público.

O encontro aconteceu em meio a uma fase de forte crescimento para o ecossistema de negócios do estado.

Goiás concentra hoje 1,06 milhão de empreendedores, com 95% das empresas classificadas como de pequeno porte.

No último ranking Negócios em Expansão, o maior anuário de empreendedorismo do país realizado pela EXAME em parceria com o BTG Pactual Empresas (do mesmo grupo de controle da EXAME), 15 empresas goianas apareceram entre as que mais crescem no Brasil.

“O segredo do empreendedorismo brasileiro é ter um olhar nacional, mas respeitando a regionalidade. Foi isso que nos fez crescer”, disse João Adibe, da Cimed, no evento.

Com forte presença de empreendedores locais e histórias de empresas que saíram de Goiás para conquistar o Brasil, o evento reforçou o protagonismo da região — mas também os desafios.

Em um mercado cada vez mais competitivo, escalar negócios fora dos grandes centros exige mais que criatividade: exige velocidade, capital e estratégia.

Essa edição conta com o patrocínio do BTG Pactual Empresas e Localiza Empresas.

Essa edição também tem o apoio do World Trade Center Goiânia, curadoria de palestras da PSA e das associações empresariais Lide Goiás, Amcham, Faje Goiás, Conaje, Hub Goiás e Hub Cerrado.

Goiânia atrai negócios, novos moradores — e empresas nacionais

No painel de abertura, Goiás aberto aos negócios, o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, fez questão de destacar a força do consumo local.

“Aqui tudo que abre vai bem. A cidade tem um volume de dinheiro importante”, afirmou. “Tem apartamentos de mil metros quadrados sendo lançados e vendidos rapidamente.”

Cledistonio Salvador, CEO do LIDE Goiás, reforçou o dinamismo da região. “Somos o terceiro estado que mais cresce no país. Temos empresários levando negócios para o Brasil inteiro. E recebemos 78 mil pessoas nos últimos dois anos.”

Apesar do otimismo, ele deixou um alerta: “O cenário econômico ainda traz incertezas. O empresário precisa estudar, acertar o timing. Não pode demorar para decidir.”

João Adibe e a mentalidade de vendas da Cimed

No painel mais esperado da tarde, João Adibe, CEO da farmacêutica Cimed, usou sua trajetória para provocar a plateia sobre mentalidade de crescimento.

“A pergunta que o empresário tem que fazer é: em qual Brasil você quer jogar? O de 10 milhões ou o de 190 milhões?”

Adibe detalhou a estratégia de transformar a empresa em uma máquina de vendas — cultura que começa de dentro para fora.

O primeiro cliente do nosso produto são os nossos funcionários. Se eles não comprarem a ideia, ninguém compra. Por isso temos uma comunicação intensa com o time — com lives três vezes por semana.”

Ele também falou sobre o papel da juventude na transformação da empresa. “Somos uma indústria farmacêutica old school, mas entendemos que, pra falar com o jovem, temos que ser rápidos. Eu aprendo com a molecada.”

A verticalização da operação e o ritmo intenso de trabalho também fazem parte da fórmula. “Das 5 às 7 da manhã eu organizo o dia e depois vou para o campo. Nosso time tem metas agressivas: crescer o dobro do mercado.”

Adibe também contou os bastidores da recente entrada do fundo soberano de Singapura, o GIC, na sociedade da empresa.

“A gente entendeu que precisava dar um passo: ou vendia um pedaço, ou fazia IPO, ou buscava um sócio. Testamos o mercado e mostramos o que é a Cimed: uma empresa que conhece o Brasil profundo.”

Simplicidade e inovação: os cases que nasceram em Goiás

No painel De Goiás para o mundo, histórias de empresas locais mostraram como empreendedores regionais estão escalando negócios em todo o país.

Lohran Soares, fundador da rede de milk shakes Milky Moo, destacou a simplicidade como pilar da operação. “A gente vive de inventar moda, mas com o cliente no centro. Criamos sabores como milkshake de Ruffles. E simplificamos tudo: comunicação, processo, produto.”

A rede nasceu em Goiânia e hoje tem mais de 700 unidades no Brasil.

Para Pedro Miranda, CEO do IPM Educação, empresa vencedora do ranking Negócios em Expansão, o diferencial competitivo está nos custos de base mais baixos. “Ser goiano ajuda. Conseguimos crescer com os custos de Goiânia e disputar mercado com empresas maiores.”

Já Anita Bufaiçal, cofundadora da Agropaty’s, relembrou o desafio de escalar um negócio familiar comandado por mulheres. “Há 30 anos nosso grupo é liderado por mulheres. Mas percebi que isso não era comum no agro. Por isso criamos o movimento Agropaty’s: somos quatro amigas que nasceram e vivem do campo, mas também somos cosmopolitas.”

Ela ressaltou a importância da qualidade de vida no campo para atrair e reter talentos. “Se você quer valorizar as pessoas, precisa promover bem-estar. A família inteira precisa estar feliz.”

Fast Escova: da dor de agendar horário ao negócio de 200 milhões de reais

No painel Da dor ao negócio, Michelle Wadhy e Márcia Queirós, sócias-fundadoras da Fast Escova, contaram como transformaram um incômodo pessoal — a dificuldade de marcar escova no salão — em uma franquia com quase 400 unidades vendidas e faturamento superior a 200 milhões de reais.

“Criamos um modelo com preço justo, fixo e sem depender de agendamento. Era uma dor nossa — e dos clientes”, afirma Márcia.

O crescimento, segundo elas, se deu com base em dados e decisões rápidas.

“A gente se adaptou, usou dados para tomar decisões. Aquilo que demoraria semanas, a gente resolve em horas”, diz Michelle. Hoje, o grupo soma 5.200 funcionários e já diversifica com o Fast Spa, focado em wellness, com 20 franquias vendidas no primeiro ano.

Requalificação e geração de emprego: o papel do estado

No painel Goiás, o estado da retomada econômica, o secretário César Moura apresentou dados sobre o programa Mais Emprego, iniciativa que conecta vagas disponíveis com profissionais em formação.

“Investimos 100 milhões de reais em qualificação. Hoje, fazemos cursos baseados nas vagas reais. Se a empresa precisa de gente qualificada, o estado entra — desde que contrate moradores de Goiás.”

De seguidores a clientes: por que todo empreendedor será produtor de conteúdo

No painel sobre marketing e influência, Léo Cirino, CMO da EXAME, foi direto: “Conteúdo é a nova habilidade universal. O mundo vai se dividir entre quem já produz e quem vai precisar produzir.”

Segundo ele, o algoritmo já não mostra o que você segue, mas o que prende sua atenção. “É preciso ser real, criar identidade. O conteúdo tem que vir da sua verdade — daquilo que te dói.”

Resiliência, alta performance e as lições de um campeão olímpico

Encerrando o dia, o bicampeão olímpico Giovane Gávio fez uma palestra sobre performance e propósito — com paralelos entre esporte e negócios.

“Os amadores treinam para um dia tentar vencer. Nós treinamos para vencer”, afirmou.

Ao falar sobre liderança e adaptação, ele desafiou o público: “Quais são os toques e manchetes da profissão de vocês? O que é básico — e precisa ser bem feito todos os dias?”

A metáfora final ficou no ar: “Em algum momento vocês vão estar enfrentando os russos por aí. Por isso vocês treinam.”

Em Goiânia, os treinos já estão dando ótimos resultados.

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