Caravana Sebrae Delas: edição em Maceió aconteceu dentro do Alagoas Summit, maior evento do estado com foco no ecossistema de inovação (Felipe Sóstenes)
Repórter de Projetos Especiais
Publicado em 10 de junho de 2025 às 12h30.
Última atualização em 10 de junho de 2025 às 13h09.
A Caravana Sebrae Delas desembarcou em mais uma capital brasileira. Desta vez, Maceió foi palco do encontro que estimula a imersão no empreendedorismo feminino e reúne mulheres que buscam transformar seus negócios por meio da capacitação e do networking. Na capital alagoana, a caravana fez parte da segunda edição do Alagoas Summit, maior evento do estado com foco no ecossistema de inovação, realizado pelo Sebrae local em parceria com o governo de Alagoas.
“Unir a caravana a eventos maiores do Sebrae só engrandece a todos. Vemos o espaço cheio de mulheres interessadas em capacitação, autoconhecimento e em dicas de como vender melhor seus produtos. Temos várias empreendedoras expondo seus trabalhos e criando conexões. A caravana fortalece ainda mais esse evento que já é tradicional, afinal, juntos sempre vamos mais longe”, destaca Georgia Ferreira Martins Nunes, gerente da unidade de empreendedorismo feminino, diversidade e inclusão do Sebrae Nacional.
Ao todo, o Alagoas Summit atraiu mais de 12 mil inscritos durante dois dias de evento. Entre os destaques, o Sebrae Delas, braço do Sebrae dedicado a apoiar o empreendedorismo feminino, montou um espaço para 20 empreendedoras alagoanas apresentarem diferentes produtos que refletem a diversidade dos negócios liderados por mulheres do estado.
Empreendedorismo feminino alagoano: 20 expositoras do estado apresentaram os seus produtos e serviços durante o Alagoas Summit 2025 (Felipe Sóstenes)
O empreendedorismo feminino em Alagoas tem crescido a cada ano. Segundo dados da Junta Comercial do Estado de Alagoas (Juceal), no primeiro semestre de 2025 o estado totalizou 96.787 empresas comandadas por mulheres. O número representa um crescimento de quase 16% em relação ao mesmo período do ano anterior — e reforça um aumento na formalização dos negócios de mulheres.
Apesar do avanço, o cenário ainda traz desafios. A taxa de empreendedorismo feminino em Alagoas é de 8,1%, número abaixo da média nacional que, de acordo com dados do Sebrae, é de aproximadamente 15,8%.
“Fazer com que as mulheres enxerguem o trabalho que fazem em casa como um negócio ainda é um desafio. Muitas já vendem artesanatos, doces e outros produtos, mas não formalizam a atividade ou não a consideram um negócio”, destaca Keylle Lima, diretor técnico do Sebrae Alagoas. “Além disso, os desafios mudam para os negócios de mulheres que empreendem em diferentes áreas, seja no meio rural, seja na periferia, seja nos grandes centros”, conclui.
Keylle Lima, diretor técnico do Sebrae Alagoas (Felipe Sóstenes)
Para mudar esse cenário, o Sebrae tem atuado no desenvolvimento de redes de apoio que geram conexões e visibilidade para empreendedoras de todo o Brasil. Eventos como a Caravana Sebrae Delas permitem que essas mulheres se identifiquem com outras que atuam com trabalhos semelhantes. Ao verem e ouvirem histórias de outras empreendedoras, elas também se percebem como tal.
“O trabalho do Sebrae é mostrar para essas mulheres que a atividade que ela exerce é um negócio, e que ela precisa investir profissionalmente nesse negócio. Ela precisa formalizar a sua empresa, inclusive para acessar os produtos e as soluções que a gente oferece e que vão ajudá-la a potencializar o seu pequeno negócio”, explica Georgia.
Georgia Ferreira Martins Nunes, gerente da unidade de empreendedorismo feminino, diversidade e inclusão do Sebrae Nacional (Felipe Sóstenes)
Entre as soluções oferecidas pelo Sebrae aos negócios liderados por mulheres está o Fampe. Criado para fortalecer e potencializar os pequenos negócios de mulheres empreendedoras, especialmente aquelas que estão se formalizando, o Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas oferece acesso ao crédito para os empreendimentos que não possuem garantias suficientes, como imóveis ou veículos.
A cobertura-padrão é de 80%, mas, desde março, mulheres que sejam sócias majoritárias ou administradoras de um negócio podem contar com 100% de cobertura. O benefício é operado por Sicoob, Sicredi, Banco do Nordeste, BDMG, Cresol e Banco Original.
Fampe: solução do Sebrae oferece acesso ao crédito para negócios liderados por mulheres que não possuem garantias suficientes, como imóveis ou veículos (Felipe Sóstenes)
"Culturalmente, muitas mulheres têm receio de lidar com empréstimos por medo da dívida. Mas, o que precisamos é transformar esse receio em conhecimento. Por isso, além de oferecer o acesso ao crédito, o Sebrae tem uma estratégia de formação, orientação e acompanhamento do negócio", analisa Raquel Ribeiro, coordenadora-geral de inclusão socioprodutiva e empreendedorismo feminino do Ministério do Empreendedorismo, da Micro Empresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP).
O Sebrae atua como prestador da garantia ao banco financiador, ou seja, a instituição funciona como avalista do pequeno negócio na parte do valor da operação de crédito garantida pelo Fampe.
"Primeiro, é preciso entender se o negócio dessa mulher precisa do recurso financeiro e como o crédito vai ajudar a impulsionar esse negócio. Depois, é feito um acompanhamento especializado para que essa empreendedora possa conduzir e aplicar esse recurso para melhorar o seu negócio", conclui Raquel.
Raquel Ribeiro, coordenadora-geral de inclusão socioprodutiva e empreendedorismo feminino do Ministério do Empreendedorismo, da Micro Empresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP) (Felipe Sóstenes)
Com capacidade para 1.251 pessoas, o Teatro Gustavo Leite, localizado no Centro de Convenções de Maceió, ficou sem lugares vagos durante os principais painéis do dia. Madrinha das caravanas, a atriz e empresária Giovanna Antonelli encantou o público com um apresentação bem-humorada e cheia de interações.
"Ouviremos muitos 'nãos' pelo caminho. Isso é uma certeza. E sabemos que não podemos desistir. Mas, muitas vezes, o obstáculo está em nós mesmos: a timidez de aparecer em uma rede social, de divulgar o seu produto, de pedir uma ajuda para criar estratégias... Esses também são obstáculos a serem superados".
Giovanna Antonelli: "Enfrentar a sua timidez ou qualquer outro obstáculo pessoal já é uma grande conquista" (Felipe Sóstenes)
Helena Bertho, diretora global de diversidade e inclusão do Nubank, destacou quanto celebrar as próprias conquistas nem sempre é uma ação natural para as mulheres — e que isso precisa mudar. "Associamos nossas conquistas à sorte. Mas não é isso: é esforço, dedicação, talento, aprendizado. O seu negócio dar certo não é sorte, é uma conquista que você deve celebrar".
Já a modelo, apresentadora e empresária Anna Hickmann reforçou o papel da coragem para tomar decisões e abraçar novos projetos ou caminhos. "Acredito profundamente que se você experimentar algo, e isso fizer sentido para você, seja criar um negócio, mudar de profissão ou investir em um novo projeto, você deve investir nisso. Experimente e faça. Com coragem e verdade podemos ir muito longe".