Lucas André, da Fast Tennis: “Eu não sou tenista. Gosto mais de negócios do que de tênis. E sou melhor com o notebook na mão do que com a raquete” (Divulgação/Divulgação)
Publicado em 25 de outubro de 2025 às 06h02.
“Podia dar errado, mas se desse, não seria por falta de esforço.” Foi com esse pensamento que o mineiro Lucas André trocou o cargo de diretor executivo, o salário confortável e a estabilidade por um sonho que misturava propósito, esporte e experiência do cliente. Assim nasceu a Fast Tennis, rede de academias de tênis que soma hoje 28 unidades em operação e deve fechar 2025 com R$ 25 milhões em faturamento.
A empresa, fundada em Belo Horizonte (MG), aposta em um modelo diferente. A ideia é transformar o tênis, um esporte historicamente visto como elitista e competitivo, em uma atividade acessível, inclusiva e divertida.
“Eu não sou tenista. Gosto mais de negócios do que de tênis. E sou melhor com o notebook na mão do que com a raquete”, brinca Lucas. Ele criou a marca em 2018, quando percebeu que havia pouca oferta para quem queria jogar sem pressão por performance, apenas por prazer e saúde.
Natural de Oliveira (MG), Lucas é o filho mais novo de três irmãos. Aos sete anos, já ajudava na fábrica de materiais de construção da família. Com a morte do pai, a família passou por dificuldades, e ele se mudou para Belo Horizonte aos 17 anos para estudar administração.
Morando em uma república com quatro amigos e com ajuda financeira da mãe e da avó, Lucas foi atrás do primeiro emprego. Foi reprovado no processo seletivo de um call center, mas insistiu e conseguiu uma chance no setor de televendas. Por ser gago, as ligações eram um desafio diário. “Os clientes debochavam, os colegas debochavam. Era uma vergonha”, conta.
Foi quando ele lembrou que sua avó dizia que, na cidade natal deles, havia um cantor gago que não gaguejava quando cantava. E não é que a técnica deu certo? Em pouco tempo, ele estava entre os melhores vendedores de uma equipe com mais de 500 pessoas.
Foram anos de trabalho até se tornar sócio-diretor de uma empresa de televendas, liderando mais de 300 colaboradores. O sucesso era evidente, mas a rotina de executivo começou a pesar. O esporte entrou como uma válvula de escape, e foi ali que o tênis o fisgou.
“Quando joguei pela primeira vez, vi o quanto era gostoso. Viciei na hora”, diz. Quando começou a fazer contas de aluguel, de aluno e custo, pensou que se fizesse uma empresa com marca forte e posicionamento focado na experiência do aluno, poderia transformar esse segmento.
A ideia foi criando forma e após fazer o modelo e plano de negócios, chamou o ex-colega de trabalho Felipe Souza, que trabalhou com ele durante muitos anos na empresa de televendas, que topou o desafio. Felipe é hoje um dos sócios da Fast Tennis.
A primeira quadra foi alugada em abril de 2018, com investimento inicial de R$ 6 mil. A população local jogava de graça, estratégia que logo rendeu os primeiros alunos. Dez meses depois, veio a segunda unidade.
Um domingo de manhã, tomando café na varanda, Lucas teve o que chama de “luz”. “Pensei: esse é o melhor produto do mundo, é um produto que pode ter um milhão de clientes. Tenho que investir nisso.” E foi o que ele fez. Vendeu sua participação na empresa onde era diretor e decidiu apostar tudo no novo negócio.
A esposa, mais cautelosa, achou que ele estava louco. “Ela é meu equilíbrio. Quando eu fico empolgado demais, ela me ajuda a amadurecer as ideias”, comenta.
A Fast Tennis oferece aulas das 6h às 22h, em um modelo de assinatura mensal a partir de R$ 199. O aluno não precisa levar raquete nem pagar matrícula. Tudo é feito pelo app (agendamento, pagamento e escolha de horário).
O sistema FunFlex une experiência (fun) e flexibilidade (flex). “O cliente escolhe o horário e joga com pessoas do mesmo nível. Criamos um ambiente acolhedor, sem julgamentos”, explica Lucas.
O resultado é um público diverso. Segundo o empreendedor, quase metade dos alunos são mulheres, e há turmas para todas as idades, a partir dos três anos. Os professores passam por treinamentos de comunicação positiva, aprendendo a valorizar o progresso individual e o prazer em jogar.
A rede prepara agora o programa 20 por 1, que oferecerá, a partir de 2026, bolsas integrais a cada 20 alunos pagantes. “Queremos que cada franquia escolha sua própria causa, de forma genuína.”
A primeira franquia da Fast Tennis foi aberta há apenas dois anos, e hoje a empresa vende em média uma franquia a cada dois dias. O investimento inicial parte de R$ 250 mil, e o lucro líquido médio gira em torno de R$ 26 mil mensais após três meses de operação.
Os franqueados costumam ser executivos e profissionais apaixonados por tênis e que buscam um negócio saudável, rentável e com propósito.
A rede está expandindo pelas capitais e já de olho no interior, onde Lucas vê grande potencial, especialmente nas cidades entre 50 e 100 mil habitantes. “A força do interior do Brasil está crescendo muito”, reforça.
A Fast Tennis também aposta em inteligência artificial para melhorar a jornada do cliente e a gestão das franquias.
Com o sucesso no Brasil, a expansão internacional já começou. A meta é chegar à América Latina e à Europa até o final do próximo ano.
Em 2023, a Fast Tennis conquistou seu primeiro prêmio no ranking EXAME Negócios em Expansão, justamente no dia em que seu filho mais novo nasceria.
Estar presente nesse momento era algo inegociável para o empreendedor, mas sua esposa, que também sabia da importância daquele marco para a empresa, ligou para o médico e conseguiu antecipar o parto em um dia. Felizmente, Lucas conseguiu estar presente nos dois momentos.Desde então, a Fast Tennis apareceu outras duas vezes no ranking da EXAME.
No prêmio deste ano, a empresa ficou na 34ª colocação na categoria de empresas entre R$ 5 e R$ 30 milhões, com um faturamento de R$ 3,9 milhões em 2024, crescimento de 64% em relação a 2023. (Os números consideram apenas o faturamento da franqueadora, e não os das unidades franqueadas.)
Agora, o objetivo vai além. “A gente tem que estar entre os três primeiros”, diz.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2025, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2024. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
São 470 empresas que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros. Conheça o hub do projeto, com os resultados completos do ranking e, também, a cobertura total do evento de lançamento da edição 2025.