Negócios

Depois de ajuste, Zara doa milhões para centro do imigrante

Depois de ter sido investigado por trabalho escravo, o Grupo Inditex, dono da Zara, doou R$6 mi para Centro de Integração da Cidadania do Imigrante


	Zara: depois de ter sido investigado por trabalho escravo, o Grupo Inditex doou R$6 mi para Centro de Integração da Cidadania do Imigrante em São Paulo
 (Reuters)

Zara: depois de ter sido investigado por trabalho escravo, o Grupo Inditex doou R$6 mi para Centro de Integração da Cidadania do Imigrante em São Paulo (Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 15 de dezembro de 2014 às 16h57.

São Paulo - O Grupo Inditex, proprietário da Zara no Brasil, realizou uma doação milionária para a construção do Centro de Integração da Cidadania (CIC) do Imigrante, em São Paulo. A inauguração do centro ocorreu dois anos após a Zara ter sido investigada por condições de trabalho análogas a de escravo em uma oficina na periferia da cidade.

O CIC do Imigrante é uma obra realizada em conjunto pelo governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania, Associação Escola da Cidade e Ministério Público do Trabalho. O espaço foi inaugurado hoje, 15.

O Grupo Inditex, dono da Zara, doou R$6 milhões para a reforma do local e lançamento do centro. Além da doação, a verba também veio a partir de três TACs (Termo  de Ajustamento de Conduta) , uma multa aplicada a empresas investigadas por trabalho escravo. Essas taxas foram pagas pela OAS, Restoque e Albatroz, empresa de segurança.

Segundo Felix Poza, diretor global de responsabilidade social corporativa da Inditex, esse projeto faz parte de uma ação global da empresa de promover a integração dos imigrantes que trabalham em suas confecções.

Em 2011, uma investigação do Ministério do Trabalho encontrou 16 bolivianos que ganhavam 2 reais por peça de roupa produzida para a Zara e trabalhavam em situação considerada insalubre, em duas casas na periferia de São Paulo. Eles não tinham carteira de trabalho, a jornada superava 14 horas diárias, não recebiam salário e dormiam e faziam refeições no local.

Três anos depois, a Zara foi considerada responsável pelos trabalhadores pelo Ministério Público do Trabalho. Para o MPT-SP, ao consentir que as empresas contratadas deleguem a terceiros a produção das peças, a Zara "assume o risco da precarização extrema das relações de trabalho contaminar sua cadeia produtiva", diz o comunicado do órgão, divulgado em abril deste ano.

O Termo de Ajuste de Conduta de R$ 3,4 milhões foi assinado pela Zara em dezembro de 2011, que se responsabilizava em realizar ações sociais. A doação feita ao CIC, segundo a varejista, não tem relação com o processo.

Felix Poza, diretor do Inditex, afirmou que ainda não houve definição do caso, mas que se responsabilizou pelo caso desde o começo pelos trabalhadores.

Ainda assim, desde janeiro de 2012, a empresa realizou mais de 500 auditorias em oficinas terceirizadas e destinou R$ 3,4 milhões para regularizar a situação imigratória de 13 700 estrangeiros no Brasil.

Poza afirmou que “criamos formas de controle de verificar que as condições de trabalho sejam adequadas e fazendo a correção dos problemas”. Segundo Poza, a empresa já investiu R$ 14 milhões em ações de responsabilidade social no país. 

Além disso, a Zara irá identificar os produtos fabricados no Brasil com uma etiqueta eletrônica que trará informações dos fornecedores, como o endereço da oficina e seu número de funcionários.

Centro do Imigrante

O Centro de Integração da Cidadania (CIC) do Imigrante concentrará diversos serviços voltados ao imigrante, como qualificação profissional, divulgação de vagas de trabalho e retirada de segunda via de documentos. 

Para Eloísa de Sousa Arruda, secretária da Justiça, a população migrante está “vulnerável a tráfico de drogas, de pessoas e ao trabalho escravo”. Ela avalia que exista mais de um milhão de imigrantes irregulares, apenas no estado de São Paulo.

Para o governador Geraldo Alckmin, também presente na inauguração, o Brasil se tornou referência no combate ao trabalho escravo com a lei 14.946. Segundo a lei, a empresa considerada culpada não é apenas multada, mas também perde o CNPJ e o direito de atuar no estado.

Acompanhe tudo sobre:ComércioEmpresasEmpresas espanholasFast fashionImigraçãoIndústria de roupasTrabalho escravoZara

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares