Bianca Oliveira, fundadora da Cicatriclin: “Nosso foco é ampliar o acesso e garantir que cada unidade mantenha a mesma excelência clínica que originou o projeto” (Divulgação/Divulgação)
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Publicado em 21 de novembro de 2025 às 09h59.
O setor de saúde vive um movimento de expansão fora dos grandes centros, impulsionado por clínicas que transformam especialidades de nicho em negócios de escala nacional.
Um dos casos mais emblemáticos vem da Bahia: o Grupo Cicatriclin, especializado em tratamento de feridas, que registrou faturamento de 31 milhões de reais em 2024 e projeta chegar a 38 milhões de reais em 2025.
Fundada pela médica Bianca Oliveira, a rede surgiu em 2008 em Vitória da Conquista (BA) e hoje está presente em 13 estados brasileiros, além de manter uma unidade na Argentina. São 33 clínicas em operação e a meta de ultrapassar 40 unidades até o final de 2025.
A história ganha relevância agora porque a empresa se consolidou como a maior rede especializada em feridas do país, com um modelo de franquias voltado para sustentabilidade e padronização clínica — um desafio em um segmento historicamente pulverizado.
“Eu me apeguei muito a ela e à família. Foi ali que percebi a força do tratamento e entendi que queria seguir esse caminho”, relembra Bianca, ao contar o episódio que mudou sua trajetória em 2003, quando trabalhava em uma UTI em Niterói (RJ) e acompanhou a recuperação improvável de uma paciente em uma câmara hiperbárica.
Hoje, a médica lidera uma operação que soma mais de 3,5 milhões de curativos realizados e 15 mil atendimentos mensais em 2025. A expansão, afirma, só foi possível com investimento em tecnologia e formação de equipes multidisciplinares.
Bianca começou o empreendimento com 20 mil reais e um pequeno consultório. A aposta era ousada: transformar o tratamento de feridas, tema pouco explorado no país, em uma rede com protocolos clínicos exclusivos.
"Aprendi muito no trabalho de terapia intensiva, sobre câmara hiperbárica e entendi que o cuidado para ferimentos na pele precisa ser interdisciplinar, vai muito além do curativo", conta.
Além de contar com o apoio de outros especialistas, Bianca adquiriu curativos de alta qualidade no exterior e buscou referências no assunto, tanto no Brasil como fora.
"Fui atrás de especialistas do Einstein e da USP para entender qual o atendimento mais adequado aos pacientes, quando tratamos de forma mais efetiva as lesões, reduzimos o tempo de internação hospitalar e o risco de infecção, o que representa um benefício ao paciente e redução de custo para os hospitais", diz.
O modelo chamou atenção de profissionais de saúde e franqueados em busca de negócios com base científica e impacto social.
A Cicatriclin estruturou uma operação que combina suporte técnico e acompanhamento médico aos parceiros.
O diferencial, diz Bianca, está no protocolo clínico desenvolvido internamente e na presença de uma equipe formada por médicos, enfermeiros e fisioterapeutas especializados.
O grupo também mantém um braço educacional, a Cicatriclin Educação, e uma clínica voltada para medicina hiperbárica, a Hipermed, com foco em pesquisas e formação.
O principal desafio agora é manter o padrão de qualidade em meio à expansão. A empresa aposta em um sistema de treinamento contínuo e no uso de tecnologia para monitorar indicadores clínicos das unidades.
O crescimento fora dos grandes centros também exige adaptar o modelo a diferentes realidades de infraestrutura e perfis de pacientes.
Com a meta de chegar a 40 unidades até 2025, Bianca busca consolidar o grupo como referência latino-americana em tratamento avançado de feridas. “Nosso foco é ampliar o acesso e garantir que cada unidade mantenha a mesma excelência clínica que originou o projeto”, afirma.