(Delta/Divulgação)
Repórter
Publicado em 15 de julho de 2025 às 20h53.
Nas viagens, é muito comum os passageiros encherem os bolsos com roupas íntimas para evitar despachar mala e driblar custos elevados. Por outro lado, a Delta Air Lines passou a adotar uma tática semelhante para contornar as tarifas de exportação das aeronaves.
A companhia aérea anunciou recentemente que, ao invés de enviar os aviões Airbus A321neo completos para os Estados Unidos, está removendo os motores Pratt & Whitney de suas aeronaves na Europa e enviando-os para o país, onde serão instalados em aviões em solo. Por outro lado, a medida também visa lidar com a escassez de peças de aeronaves.
Alguns modelos mais antigos da família A320neo foram paralisados devido a falhas nas turbinas originais, e esses aviões podem ser equipados com os motores retirados das novas aeronaves, segundo informações da Bloomberg.
A Delta enfrentou dificuldades em operar esses novos aviões, pois os assentos ainda não têm a certificação dos reguladores competentes. No entanto, esses aviões podem ser enviados aos EUA sem custos adicionais assim que as disputas comerciais entre os EUA e a União Europeia forem resolvidas.
Em entrevista à Bloomberg, o CEO da Delta, Ed Bastian, confirmou que a companhia começou a enviar um número "muito pequeno" de motores novos para os EUA. O executivo reiterou que a Delta não tem a intenção de arcar com as tarifas sobre as entregas de aeronaves. Ele ainda destacou que essas tarifas foram parcialmente responsáveis pela escassez de aeronaves no país.
Atualmente, aeronaves fabricadas na Europa enfrentam tarifas de 10%, resultado das tensões comerciais durante o governo de Donald Trump. A Delta já demonstrou sua intenção de evitar esse custo, adotando soluções como a de voar com novos jatos de longo alcance da Airbus para o Japão antes de transportá-los para os EUA, o que permite esquivar-se das tarifas de importação. Prática semelhante foi adotada em 2020, com aviões sendo redirecionados para locais como Amsterdã, Tóquio e El Salvador para driblar as taxas.
Essa prática de reclassificar produtos ou alterar sua composição para driblar tarifas alfandegárias não é algo novo, mas, com o agravamento da guerra comercial, tem se tornado mais comum. Empresas têm transferido a produção de produtos destinados aos EUA da China para países com tarifas menores, como o Vietnã, mantendo-se, no entanto, dependentes de componentes e expertise chineses.
Porém, em alguns casos, essas manobras podem infringir a lei. O Departamento de Justiça dos EUA já sinalizou que intensificará a fiscalização sobre práticas como a classificação incorreta de produtos ou a subnotificação de seus valores. Um exemplo disso ocorreu no ano passado, quando a Ford foi multada em US$ 365 milhões por instalar assentos temporários em vans de carga com o objetivo de importá-las como carros de passeio. Tudo isso para aproveitar tarifas mais baixas.