Negócios

Cade reprova compra da Liquigás pela Ultragaz por 5 votos a 2

Com a rejeição, a Ultragaz terá que pagar uma multa de R$ 280 milhões à Liquigás, prevista em contrato para o caso de o conselho barrar a operação

Liquigás: o julgamento durou mais de cinco horas e foi marcado pela divisão no conselho (Thinkstock/Thinkstock)

Liquigás: o julgamento durou mais de cinco horas e foi marcado pela divisão no conselho (Thinkstock/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 21h05.

Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovou nesta quarta-feira, 28, a compra da Liquigás, detida pela Petrobras, pela Ultragaz.

O negócio foi reprovado por cinco votos contra e dois a favor. Com a rejeição, a Ultragaz terá que pagar uma multa de R$ 280 milhões à Liquigás, prevista em contrato para o caso de o conselho barrar a operação.

O Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, antecipou mais cedo a reprovação do negócio pelo Cade.

O julgamento durou mais de cinco horas e foi marcado pela divisão no conselho. A relatora do caso, Cristiane Alkmin, votou pela reprovação do negócio e foi seguida por mais quatro conselheiros - Paula Azevedo, João Paulo Resende, Paulo Burnier e pelo presidente Alexandre Barreto. Já a conselheira Polyanna Vilanova apresentou um voto pela aprovação e foi seguida pelo conselheiro Maurício Maia.

A operação foi considerada complexa desde o início, com a líder de mercado comprando a segunda colocada e elevando a participação de mercado a mais de 60% em alguns Estados. Desde o ano passado, a Ultra apresentou propostas de acordo para tentar aprovar o negócio, mas não conseguiu convencer o conselho.

A última oferta do grupo foi apresentada na sexta-feira passada e previa a venda de ativos equivalentes a 45% da Liquigás. Segundo o Broadcast apurou, esses ativos incluíam marcas secundárias, como a Tropigás, e botijões grafados com essas marcas, além de bases de abastecimento.

A relatora entendeu que, mesmo vendendo quase metade da Liquigás, a proposta não era suficiente, uma vez que, ainda assim, a concentração de mercado da Ultra ultrapassaria 40% em alguns Estados.

Para Cristiane, a concorrência nesse mercado só estaria garantida se a fatia de mercado da empresa fosse limitado a 30% por unidade da federação, mas, para isso, a Ultra teria que vender 65% da Liquigás, o que não foi interessante para a empresa.

"É muita coisa, de fato. Mas não cabe ao Cade viabilizar o negócio a qualquer preço", afirmou. "Não tenho pena da Petrobras e sim da sociedade. Não posso fazer valer programa de desinvestimento da Petrobras a qualquer custo".

Em seu voto, Cristiane sugeriu ainda que uma nova venda da Liquigás seja feita para uma empresa com menos de 10% de participação de mercado.

Já Polyanna teve opinião contrária e entendeu que o conjunto de ativos que serão alienados pela proposta garantem a entrada de uma empresa com condições de concorrer no mercado com a Ultragaz. "Os compromissos, a meu ver, são suficientes para eliminar as preocupações concorrenciais com a operação", afirmou.

Ela ressaltou que a empresa compradora receberia um pacote completo com bases de abastecimento, botijões, contratos com clientes e de suprimento de GLP, e que poderá começar a atuar - e concorrer - com as demais imediatamente. A proposta prevê ainda a venda de todo o negócio da Liquigás no mercado de gás propelente (utilizado em aerossóis) em que seria criado um monopólio.

Polyanna rebateu as críticas feitas por concorrentes das empresas de que o Cade estaria sendo pressionado a aprovar o acordo por conta da alta multa contratual que a Ultra terá que pagar à Liquigás. "O meu voto não é uma tentativa de acordo construída nos últimos dias, mas minha convicção construída nos mais de três meses que o meu gabinete vem estudando o caso", completou.

A proposta incluía ainda a garantia de fornecimento de gás pela Petrobras a concorrentes e a venda completa dos ativos da Liquigás no mercado de gás propelente, utilizado em aerossóis.

Acompanhe tudo sobre:Fusões e AquisiçõesCadeLiquigásUltragaz

Mais de Negócios

20 franquias baratas a partir de R$ 4.990 para abrir até o Natal

Os planos desta empresa para colocar um hotel de R$ 70 milhões do Hilton em Caraguatatuba

Conheça os líderes brasileiros homenageados em noite de gala nos EUA

'Não se faz inovação sem povo', diz CEO de evento tech para 90 mil no Recife