Redatora
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 07h09.
O governo dos Estados Unidos repassa US$ 86 bilhões por ano às seguradoras que administram os planos Medicare Advantage, para pessoas com mais de 65 anos. Os recursos financiam benefícios extras como cobertura odontológica, oftalmológica e programas de ginástica, mas dados divulgados pelo site MarketWatch indicam que a maioria dos beneficiários não utiliza esses serviços.
Segundo um relatório da Comissão Consultiva de Pagamentos do Medicare (MedPAC), o gasto com benefícios suplementares aumentou quatro vezes desde 2018, quando somava US$ 21 bilhões.
O total desembolsado pelo governo para cobrir todos os serviços do Medicare Advantage varia entre US$ 500 bilhões e US$ 600 bilhões anuais, segundo os Centros de Serviços Medicare e Medicaid (CMS).
Entre os serviços oferecidos, o SilverSneakers — programa de exercícios gratuitos em academias e centros de convivência — é um dos mais populares nas campanhas de marketing dos planos. No entanto, apenas 19% dos beneficiários participam de atividades físicas vinculadas ao programa, conforme pesquisa do Commonwealth Fund. Outros benefícios, como cobertura odontológica e oftalmológica, têm adesão um pouco maior: 42% e 41%, respectivamente.
Os planos Medicare Advantage atraem beneficiários com mensalidades reduzidas ou gratuitas e a promessa de vantagens adicionais. No entanto, especialistas alertam que os baixos índices de utilização indicam ineficiência no uso dos recursos públicos.
Enquanto seguradoras e empresas privadas lucram com repasses federais, os contribuintes arcam com os custos de programas pouco aproveitados.
Especialistas apontam que a baixa adesão também está relacionada a barreiras práticas. Muitos beneficiários vivem em áreas sem academias ou clínicas conveniadas. Em alguns casos, é preciso pagar coparticipações para usar serviços odontológicos, oftalmológicos ou auditivos, segundo o MarketWatch. Além disso, as redes de atendimento são limitadas, especialmente em pequenas cidades.
Segundo Gretchen Jacobson, vice-presidente do Medicare no Commonwealth Fund, alguns idosos não utilizam os serviços simplesmente porque não os consideram necessários em determinado momento. “Pode ser que a pessoa não precise de tratamento dentário ou novos óculos naquele ano, mas isso levanta a questão sobre se o governo deveria financiar outros tipos de serviços mais úteis", avaliou.
O governo Biden chegou a propor, em 2024, um sistema de notificação aos beneficiários do Medicare Advantage sobre os benefícios não utilizados, mas o CMS adiou a implementação para 2025. Enquanto isso, analistas questionam se os repasses federais geram retorno social compatível com o investimento.
Com o crescimento dos planos privados, o Medicare Advantage já responde por 54% de todo o mercado do Medicare nos Estados Unidos.