Mounjaro: Anvisa aprova medicamento para tratamento de obesidade (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 9 de junho de 2025 às 09h50.
A Anvisa aprovou, nesta segunda-feira, 9, o uso do Mounjaro, medicamento da farmacêutica Eli Lilly, para o tratamento de sobrepeso com comorbidades e obesidade. Desde maio, o remédio já estava disponível nas farmácias com foco no controle do diabetes tipo 2.
Com a aprovação para obesidade, a farmacêutica vê o medicamento como um ponto-chave para o seu crescimento no Brasil. A caneta injetora da farmacêutica deve aumentar ainda mais a competição com o Ozempic, medicamento também utilizado para perda de peso e controle de diabetes.
A nova indicação do Mounjaro é voltada para adultos com índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 30 (obesidade) ou maior ou igual a 27 (sobrepeso), associados a pelo menos uma comorbidade, como hipertensão, colesterol alto ou pré-diabetes.
A aprovação foi baseada em resultados do programa SURMOUNT, que reúne sete estudos clínicos com mais de 20 mil pacientes.
“Somos mais eficazes, e os médicos estão prontos para prescrever e ajudar esses pacientes que precisam dessa medicação”, afirmou Karla Alcázar, presidente da Eli Lilly na América Latina, em entrevista à EXAME em abril. “Vamos nos tornar líderes de mercado”, completou.
Com essa nova aprovação, a Lilly projeta uma aceleração nas vendas do Mounjaro no Brasil e reforça seu plano de aumentar em cinco vezes sua presença no país até 2030. O medicamento é um dos pilares dessa expansão, ao lado de tratamentos oncológicos e para Alzheimer.
O mercado de medicamentos para obesidade tem grande potencial. Segundo estudo do Barclays, o setor pode movimentar até US$ 199 bilhões por ano nos próximos anos. Já os medicamentos para diabetes tipo 2, segmento em que o Mounjaro também atua, geraram mais de US$ 6 bilhões globalmente até agosto de 2023.
Comercializado no Brasil desde maio, o Mounjaro está disponível nas doses de 2,5 mg e 5 mg, em canetas injetoras para uso semanal. O preço varia entre 1.406 e 2.384 reais por mês, dependendo do canal de venda e da participação no programa de acesso da Lilly. Cada embalagem contém quatro canetas, o que corresponde a um mês de tratamento.
O medicamento tem patente válida até pelo menos 2035. “É importante que os pacientes saibam que não existem cópias legais. Só a Lilly fornece a tirzepatida com garantia de qualidade”, alerta Alcázar.
O Mounjaro é um medicamento injetável de uso semanal indicado para adultos com diabetes tipo 2. Sua substância ativa, a tirzepatida, atua sobre dois hormônios naturais — o GLP-1 e o GIP — responsáveis por regular a insulina, o apetite e o gasto energético. Essa ação dupla ajuda a reduzir a glicose no sangue e promove uma perda de peso significativa.
A principal diferença entre os dois medicamentos está no mecanismo de ação. A tirzepatida, presente no Mounjaro, atua em dois hormônios naturais — o GLP-1 e o GIP — enquanto a semaglutida, princípio ativo do Ozempic, age apenas sobre o GLP-1.
A eficácia da tirzepatida é considerada superior à da semaglutida, de acordo com estudos clínicos globais da Eli Lilly. Em um dos ensaios, 51% dos pacientes que usaram tirzepatida na dose de 15 mg atingiram níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) abaixo de 5,7% — um valor típico de pessoas sem diabetes. Entre os pacientes que usaram semaglutida, esse índice foi de apenas 20%.
Além disso, 92% dos pacientes tratados com tirzepatida ficaram abaixo de 7%, valor recomendado pelas diretrizes médicas. Nos estudos voltados para obesidade, a tirzepatida também apresentou maior eficácia na perda de peso: a média foi de 24,3 kg, contra 17 kg com a semaglutida.
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