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A nova aposta de Rony Meisler pós-Reserva: uma academia de R$ 12 milhões viral no TikTok

Fundador da Reserva estreia sua nova empresa de investimentos com academia carioca que une treino, banhos de gelo, design instagramável e uma comunidade de 2.500 alunos

Fernando Sigal, José Alberto Silva, Rony Meisler e JaymeNigri Moszkowicz, sócios da Rebel Ventures: primeira investida é na academia carioca The Simple Gym

Fernando Sigal, José Alberto Silva, Rony Meisler e JaymeNigri Moszkowicz, sócios da Rebel Ventures: primeira investida é na academia carioca The Simple Gym

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 16 de maio de 2025 às 06h40.

Última atualização em 16 de maio de 2025 às 13h51.

Parece que Rony Meisler já não está mais “sem nada para fazer”.

Depois de deixar o grupo Azzas 2154, em agosto do ano passado — holding que abriga a Reserva e outras marcas vendidas para a Arezzo&Co —, todo mundo queria saber o que o fundador da grife masculina mais carioca do país faria da vida. Numa mistura de provocação e autodeboche, ele criou uma conta no Instagram chamada Doing Nothing Club. O clube do nada. Virou piada interna com 16.000 seguidores.

Mas o ócio criativo durou pouco.

Nas últimas semanas, Meisler anunciou a criação da Rebels Ventures, uma plataforma de investimento e construção de marcas voltada ao setor de saúde e bem-estar. E agora acaba de revelar a primeira aposta do projeto: a academia The Simple Gym, um “clube de wellness” nascido no Rio que já conquistou 2.500 clientes em apenas oito meses e virou queridinha da Geração Z — com vídeos virais no TikTok e presença constante nos stories de influenciadores.

A Simple, como é chamada, nasceu com uma proposta bem diferente da musculação tradicional.

Tem pilates coletivo intenso, bioimpedância 3D, treinos de alta intensidade, banhos de gelo e uma estética pensada para o feed. A influenciadora Manu Cit — ícone fitness da Gen Z com mais de 1,6 milhão de seguidores — se encantou tanto com o projeto que se tornou sócia, antes mesmo da unidade, que fica no Botafogo, abrir.

O negócio chamou atenção justamente pela interseção entre performance e linguagem visual. “A sensação que tive foi que tinham invadido o Instagram do meu filho”, brinca Meisler, falando sobre as referências e gostos dos jovens. “A jornada do cliente é completamente diferente”.

A conexão entre o investidor e os fundadores da academia começou por DM nas redes sociais e evoluiu rápido. Hoje, o time trabalha junto não só na expansão, mas também no modelo de gestão e na estrutura da marca.

Com o aporte da Rebels (o valor não foi revelado), a Simple projeta um faturamento de 12 milhões de reais em 2024 e mais de 50 milhões de reais até o fim de 2026. A ideia é abrir três novas unidades até dezembro — todas no Rio — antes de partir para outros estados.

“A gente quer consolidar bem o modelo antes de transbordar”, diz Gabriel Rodrigues, um dos irmãos fundadores.

Qual é a história da The Simple Gym

Gustavo e Gabriel Rodrigues, da The Simple Gym: empresa criada há oito meses terá venture capital de Rony Meisler como sócia (Matheus Ramos/Divulgação)

A The Simple Gym foi criada pelos irmãos Gabriel e Gustavo Rodrigues com uma missão: transformar o treino físico em uma experiência completa de bem-estar.

A ideia surgiu da frustração com o modelo tradicional de academias e da observação de tendências fora do Brasil.

“Lá fora, o wellness já é tratado de forma mais holística, com foco em saúde mental, social e física. Aqui ainda está muito preso ao corpo bonito”, afirma Gabriel.

Inspirados por academias híbridas nos Estados Unidos e na Europa, eles criaram um espaço que une cardio, musculação, pilates, treinos funcionais e recuperação muscular — tudo com arquitetura e trilha sonora pensadas para o público jovem urbano.

O resultado foi uma comunidade engajada, com fila de espera e muita organicidade nas redes. “A marca foi pensada para comunicar bem, mas acabou ganhando vida própria”, diz Gustavo. “As pessoas querem fazer parte.”

Por que a Rebels apostou

Para Rony Meisler, o investimento na The Simple Gym nasceu de um alinhamento entre propósito, potencial e perfil dos fundadores. “A gente é empreendedor. E empreendedor reconhece outro de longe”, diz. “Eles têm um amor quase doentio pelo que fazem. São tipo professores Pardal: passam o dia caçando o que há de mais novo no mundo fitness.”

A aposta da Rebels, no entanto, não se resume à admiração pessoal.

A academia encaixa-se perfeitamente nos critérios definidos pela venture capital para aporte: negócios com faturamento entre 1 milhão e 20 milhões de reais, que tenham fundadores alinhados em valores, cultura e ambição. O modelo de crescimento também agradou: “A Simple tem caixa, tem lucro, tem fit com o mercado. Não é hype. É construção”, diz Meisler.

Mais do que aportar capital, a Rebels quer ser sócia de verdade — ajudando no dia a dia com estratégia, estrutura e posicionamento de marca. “Somos copilotos. Não estamos aqui para mandar, mas para construir junto.”

Quais foram as estratégias de crescimento

Boa parte do sucesso precoce da The Simple Gym veio da maneira como ela se comunica.

Tudo — do nome dos treinos aos letreiros na parede — é feito para viralizar. Os cinco pilares de serviço ganharam nomes em inglês: Strength (musculação e cardio), Power (bioimpedância 3D), Energy (HIIT com metodologia própria), Balance (pilates fitness coletivo) e Recovery (banho de gelo). O design do espaço também colabora com o marketing: é comum ver alunos postando vídeos e fotos, mesmo sem nenhum incentivo.

A presença de Manu Cit como sócia ajudou a impulsionar a visibilidade da marca.

“Ela entendeu o projeto desde o início. E trouxe leveza, rotina, alimentação, saúde emocional — tudo o que a gente quer comunicar”, diz Gustavo.

Segundo ele, a academia trabalha com uma estratégia digital baseada em conteúdo, engajamento e experiência. “As pessoas postam porque gostam de estar ali. A comunidade se formou de forma orgânica.”

Quais são os próximos passos

O plano da Simple é fechar o ano com quatro unidades em operação, todas no Rio de Janeiro.

As próximas inaugurações já estão em andamento, e o modelo será replicado internamente — sem franquias, pelo menos neste primeiro momento. “Queremos garantir que a entrega seja fiel ao que a gente construiu em Botafogo. É um processo de amadurecimento”, diz Gabriel.

A expansão para São Paulo está no radar.

“A marca nasceu com essa veia urbana, e a capital paulista tem tudo a ver com a proposta”, afirma. Ainda não há data definida para a chegada.

Apesar da sensação de saturação, o mercado de academias e wellness no Brasil ainda tem muito espaço para crescer.

De acordo com a IHRSA, uma associação que representa a indústria fitness, o Brasil é o segundo maior mercado de academias do mundo em número de unidades — mas ainda há uma grande fatia da população sem acesso à prática regular de atividade física. “Existe um buraco entre as academias populares e os clubes premium. E é nesse meio que a Simple se posiciona”, diz Rony.

O setor global de saúde e bem-estar já movimenta mais de US$ 6 trilhões e deve chegar a US$ 9 trilhões até 2029, segundo estimativas da McKinsey. A aposta da Rebels é que marcas com proposta clara, fundadores engajados e comunidade forte podem capturar parte relevante desse crescimento — com margem, propósito e escala.

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