Negócios

A edtech que está reinventando o jeito de ensinar inovação nas escolas

Fundada por Ana Paula Murakawa, a Decola Startup School já alcançou mais de 10 mil alunos e 500 professores; agora se prepara para dobrar o alcance em 2026 e chegar à América Latina

Ana Paula Murakaw, fundadora da Decola Startup School: “Nossa estrutura ainda é típica de uma startup que está só começando, mas com grandes planos pela frente”

Ana Paula Murakaw, fundadora da Decola Startup School: “Nossa estrutura ainda é típica de uma startup que está só começando, mas com grandes planos pela frente”

Caroline Marino
Caroline Marino

Jornalista especializada em carreira, RH e negócios

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 14h00.

Aos 44 anos, Ana Paula Murakawa transformou a paixão por ensinar em uma missão que vem mudando a vida de milhares de jovens e professores. Fundadora da Decola Startup School, ela representa uma nova geração de empreendedoras que enxergam a educação como ferramenta de impacto social. Em apenas três anos, a edtech transformou-se em uma das principais referências em inovação educacional do país: já atingiu mais de 10 mil alunos e 500 professores, criou mil projetos e superou o ponto de equilíbrio financeiro no primeiro ano de operação. Agora, a meta é ainda mais ambiciosa – dobrar o número de atendimentos em 2026. “Cada projeto representa uma vida modificada, um sonho aceso”, diz.

A história de Ana Paula, que venceu a etapa estadual do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2025, na categoria Ciência e Tecnologia, é marcada pela busca por significado e pela crença de que o aprendizado pode redefinir destinos. Nascida em São Bernardo do Campo (SP), mudou-se ainda jovem para Londrina (PR) quando o pai decidiu empreender em uma das primeiras indústrias sopradoras de garrafas PET do Brasil – uma experiência que ajudou a moldar sua visão sobre gestão e abordagens disruptivas. “Cresci vendo o quanto o trabalho duro e o empreendedorismo podem mudar a realidade de uma família.”

Antes de fundar a empresa, atuou por mais de duas décadas em grandes corporações dos setores de agronegócio e construção civil, liderando projetos de TI e inovação em ambientes predominantemente masculinos. “Sempre gostei de resolver problemas e liderar times, mas faltava propósito. Foi quando percebi que precisava unir minha bagagem profissional com o poder da educação.”

Primeiros passos e a fusão que impulsionou o crescimento

O ponto de virada veio quando começou a lecionar em cursos de pós-graduação, aos 26 anos. A experiência em sala de aula revelou um novo sentido para sua trajetória. “Ver a transformação dos jovens foi decisivo. Uma das minhas alunas trabalhava como garota de programa e, anos depois, abriu o próprio restaurante inspirada pelas aulas. Outra me contou que retomou o brilho na escola depois de participar de um dos nossos projetos. São histórias como essas que me movem”, afirma.

Assim, em 2022, nasceu a Decola. Criada inicialmente por Ana e o então sócio Dirceu Zacar Perre, a edith passou recentemente por uma reconfiguração após a fusão com a LDP, referência no desenvolvimento de jogos de negócios para o ensino superior. A transição, que deve ser concluída até dezembro de 2025, foi pensada para fortalecer as soluções digitais e dar maior escala à operação. “Foi uma estratégia para fortalecer nossa base e ampliar o alcance da metodologia.”

Com o movimento, passa a ter cinco sócios e dois colaboradores, que estão diretamente envolvidos no dia a dia da edtech. O novo formato permitirá expandir a atuação da educação básica para o ensino superior – e vice-versa – com uma plataforma gamificada. “Nossa estrutura ainda é típica de uma startup que está só começando, mas com grandes planos pela frente.”

Frentes de atuação e planos

De maneira prática, a empresa leva a cultura de inovação para dentro das escolas, conectando tecnologia e cultura empreendedora por meio de trilhas de aprendizagem que estimulam habilidades como criatividade, colaboração e pensamento crítico. Os alunos participam de desafios reais e experiências imersivas, como hackathons, aprendendo a resolver problemas que os cercam.

A partir de um modelo que combina gamificação, análise de dados e ambientes digitais interativos, com jornadas personalizadas de aprendizagem, a proposta é tornar a sala de aula um laboratório de experimentação, preparando educadores e jovens para o mercado de trabalho.

A operação está organizada em três frentes: Junior Startup School, voltada à formação empreendedora de alunos do ensino fundamental ao médio; Hackathon Startup School, que realiza desafios gamificados e imersões; e Teachers Startup School, programa que forma professores em metodologias ativas e educação 5.0, preparando-os para criar e gerir projetos próprios.

O próximo passo é a expansão internacional, com foco inicial na América Latina. “Acreditamos que a nossa metodologia pode ser aplicada em diferentes contextos porque estimula habilidades universais como criatividade, colaboração e empatia”, afirma.

Propósito e o papel da mulher no ecossistema tecnológico

Além dos resultados pedagógicos, a Decola tem se destacado pelo modelo de impacto, que equilibra sustentabilidade financeira e transformação social, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 4 e 8) da ONU – Educação de Qualidade e Trabalho Decente e Crescimento Econômico. “O lucro é consequência de fazer o bem de forma estruturada.”

Para ela, o verdadeiro sucesso está em ver o trabalho se multiplicar. Empreender no setor de tecnologia sendo mulher, no entanto, ainda impõe desafios. “Menos de 5% das mulheres chegam à liderança no setor. Esse dado, em vez de me desmotivar, me move a abrir caminho para outras”, diz Ana, que se tornou a primeira presidente da Governança APL TIC de Londrina, um polo regional de tecnologia e inovação. Também lidera a comunidade Redfoot, de startups locais.

“A presença feminina na tecnologia e no ensino não é opcional; é essencial para construir um futuro mais justo e potente. Nosso lugar é onde quisermos – e, juntas, podemos ir ainda mais longe”, finaliza.

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