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Unidade militar insurgente anuncia ter tomado o poder em Madagascar

O grupo CAPSAT toma o poder do país após fuga do presidente e protestos populares

Madagascar: CAPSAT toma o poder e suprime constituição do país (Luis Tato/AFP )

Madagascar: CAPSAT toma o poder e suprime constituição do país (Luis Tato/AFP )

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 14 de outubro de 2025 às 14h27.

O Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército de Terra (CAPSAT), uma força militar insurgente de Madagascar, anunciou nesta terça-feira, 14, a supressão da Constituição e a tomada do poder no país insular localizado no sudeste da África.

"Vamos assumir nossas responsabilidades, vamos tomar o poder", declarou à imprensa o líder do CAPSAT, coronel Michael Randrianirina, no Palácio Ambotsirohitra, a sede da presidência na capital, Antananarivo.

"Diante das repetidas violações da Constituição, do desrespeito aos direitos humanos e do saque da nação, um conselho composto pelo Exército, pela Gendarmaria e pela polícia nacional assumirá as funções do chefe de Estado, ao qual poderão se juntar membros civis em alguns dias", explicou Randrianirina.

De acordo com a autoridade, esse conselho terá no máximo dois anos para "reconstruir as bases da nação" e, como parte desse processo de transição, "será realizado um referendo constitucional".

O líder do CAPSAT também anunciou a suspensão das atividades do Senado, do Tribunal Constitucional e do Tribunal Superior de Justiça, mas garantiu que a Assembleia Nacional (câmara baixa do parlamento) continuará a exercer suas funções.

Destituição do presidente

O anúncio foi feito logo depois que a Assembleia Nacional votou pela destituição do presidente malgaxe Andry Rajoelina, que fugiu para um "lugar seguro" após a grave crise política provocada pelos protestos populares que abalaram o país desde 25 de setembro.

Na sessão, da qual participaram 131 dos 163 deputados, 130 votaram a favor da destituição, de acordo com o vice-presidente da câmara, Siteny Randrianasoloniaiko, apesar de o presidente ter emitido um decreto nesta terça-feira para dissolver a instituição.

Rajoelina, que confirmou na segunda-feira que havia fugido para um "lugar seguro" para proteger sua vida - sem especificar seu paradeiro, mas dando a entender que poderia estar fora do país - assinou o decreto em uma tentativa de impedir a votação liderada pela oposição para tirá-lo do poder.

No entanto, Randrianasoloniaiko argumentou que o decreto não tem validade legal, pois não tem o selo oficial ou a assinatura do presidente.

Crise política

No domingo, a presidência malgaxe denunciou uma tentativa de golpe depois que grupos de militares se juntaram a milhares de manifestantes contra o governo no sábado. No mesmo dia, o CAPSAT alegou ter assumido o controle das Forças Armadas.

Pedindo "desobediência" a qualquer ordem para abrir fogo contra a população, unidades do grupo a bordo de veículos blindados se juntaram às manifestações em massa em Antananarivo.

O CAPSAT esteve envolvido em um golpe de Estado em 2009 que derrubou o então presidente, Marc Ravalomanana, e levou Rajoelina ao poder pela primeira vez.

Embora tenham surgido inicialmente para protestar contra os cortes recorrentes de água e eletricidade, as mobilizações, impulsionadas pelos jovens da Geração Z, tornaram-se antigovernamentais e passaram a exigir a renúncia de Rajoelina, cuja proposta de um diálogo nacional foi rejeitada pelos organizadores.

Inspirados por recentes mobilizações de jovens em países como Quênia e Nepal, esses protestos são os mais fortes a atingir Madagascar em anos. 

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