Montagem com os presidentes Vladimir Putin e Donald Trump (AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 15 de agosto de 2025 às 06h02.
Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, farão uma reunião presencial nesta sexta-feira, 15, em Anchorage, no Alasca, para debater o futuro da Guerra da Ucrânia. O encontro não deve gerar um fim imediato do conflito, mas poderá abrir caminho para isso.
Um dos principais pontos questionados é a ausência do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na mesa de negociação. Zelensky também precisaria aceitar um acordo de paz, mas ele depende dos EUA para o envio de armas e recursos.
Assim, Zelensky pode ser forçado por Trump a aceitar um acordo, embora os países europeus estejam dando apoio a ele para tentar garantir o menor número de perdas possível e evitar que o mapa seja redesenhado sem que a Ucrânia e a Europa sejam ouvidas.
Na véspera do encontro, Trump disse que apenas uma reunião com Zelensky poderia definir temas sensíveis, como eventuais cessões de território ucraniano para a Rússia. Assim, este primeiro encontro serviria para abrir caminho para uma segunda reunião.
"A segunda reunião será muito, muito importante, porque será um encontro onde será alcançado um acordo. E não quero usar a palavra ‘repartir’ as coisas. Mas, vocês sabem, até certo ponto, não é um termo ruim" porque serão discutidas "fronteiras e territórios", disse Trump.
Trump, no entanto, disse que "há 25% de chance de que [a conversa] não seja bem-sucedida", em entrevista à Fox News Radio.
Esta é a primeira vez que os dois presidentes se reúnem pessoalmente desde a posse de Trump, em janeiro. Eles tiveram outras conversas por telefone nos últimos meses, e já se encontraram durante o primeiro mandato do republicano.
A reunião está prevista para começar por volta das 16h30 no horário de Brasília, segundo o Kremlin.
Em seguida, os presidentes darão uma coletiva de imprensa conjunta, a primeira desde 2018 em Helsinque durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), quando os dois demonstraram uma boa relação.
A conversa na base aérea de Elmendorf-Richardson, na sexta-feira, será realizada com intérpretes, informou o assessor diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov.
"A agenda se concentrará principalmente na resolução da crise ucraniana", acrescentou Ushakov. Ele mencionou também a "cooperação bilateral".
Nesta quinta, Putin elogiou os "esforços" dos Estados Unidos "para pôr fim às hostilidades, resolver a crise e alcançar acordos que satisfaçam todas as partes envolvidas".
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, disse considerar primordial abordar as "garantias de segurança" para encerrar a guerra iniciada em 2022 com a invasão russa, a mais mortífera na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A Ucrânia teme que um acordo de paz agora possa dar tempo para que a Rússia se rearme e volte a atacar daqui a algum tempo, e busca formas de garantir que isso não aconteça. Além disso, quer recuperar territórios tomados à força pelos russos.
Do outro lado, a Rússia quer garantias de que a Ucrânia não se una à Otan (aliança militar do Ocidente, que inclui EUA e Europa), que não haja tropas de potências ocidentais perto de seu território e quer manter sob seu controle áreas que conquistou durante o conflito.
No campo de guerra, a pressão aumenta sobre as tropas de Kiev, que enfrentaram um rápido avanço do Exército russo na frente de batalha na região leste de Donetsk, onde o Kremlin reivindicou a conquista de duas localidades nesta quinta.
Dezenas de drones disparados pela Ucrânia durante a noite de quarta-feira causaram um incêndio em uma refinaria e deixaram três feridos perto da cidade de Volgogrado, no sul da Rússia, segundo autoridades locais.
As posições oficiais dos dois lados no conflito seguem irreconciliáveis.
A Rússia exige que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e ao projeto de adesão à Otan.
Para Kiev, as exigências são inaceitáveis. Durante três rodadas de negociações, a última delas em Istambul, em julho, russos e ucranianos só conseguiram concordar sobre a troca de prisioneiros de guerra. Nesse contexto, Kiev e Moscou anunciaram nesta quinta-feira a troca de 84 prisioneiros de cada lado.
Com AFP.